RIO DE JANEIRO – O tempo nublado na Cidade do Rock parecia, mesmo, anunciar que o dia não seria semelhante aos demais. Dominado pelo sol, os três primeiros dias de "Rock In Rio", no último fim de semana, foi dominado por canções solares pop. Alguns dias depois, quem ganhou vez foi o aspecto sombrio, mas com a mesma pungência solar de dias antes: o "dia do metal" na 13ª edição do "Rock In Rio" foi incendiário. Ao menos, no Palco Sunset.
Indo do metal ao hard rock, a celebração roqueira no palco secundário foi um dos pontos altos destes quatro dias de evento. Se o céu dava o tom negro que se requer para sons mais pesados, a "nuvem negra" na parte terrena nem amenizava: como grandes muralhas, o escuro das camisetas dos fãs apontava que o dia para celebrar o rock havia chegado.
República, Dr. Sin e Roy Z: o trio pauleira
Se substituir a banda Bullet For My Valentine seria uma tarefa difícil, isso nem foi percebido. Tanto pelos fãs, quanto pelos próprios músicos ali no palco. As bandas brasileiras República e Dr. Sin se reuniram com o músico norte-americano Roy Z para uma verdadeira demonstração de "rock nas alturas".
Apesar da boa disposição de todos ali, foi a banda Dr. Sin que reuniu a maioria daqueles ali presentes (com direito a vaias ao República no início e com recepção morna ao Roy Z). Com o lançamento de "Change My Way" e releituras primorosas de Judas Priest (Breaking The Law) e Van Halen (You Really Got Me), o grupo se consagrou no festival. Muito provavelmente, se convidada de novo, deve ganhar melhores horários e, é claro, maior espaço.
Almah e Hibria: dobradinha desigual
Edu Falaschi, vocalista do Almah, bem que tentou, mas ainda não emplacou de vez uma apresentação no "Rock In Rio". Se na edição passada no Brasil, em 2011, ele, então vocalista do Angra, dividiu o palco com Tarja Turunen e pouco deu resultado, desta vez, o músico amargou o fato de ser "deixado de lado": muitos queriam o Hibria.
Não que o poder metaleiro do Almah não tenha funcionado. O poder da banda formada em 2006, em cima do palco, foi eficaz. Mas bastou o Hibria mostrar o poderio dos instrumentos que "Silent Revenge", "Shoot Me Down" e "Tiger Punch" arrebataram, em seguida, muita gente por ali.
Mesmo com uma releitura improvisada e duvidosa da música tema dos "Cavaleiros do Zodíaco", Edu e cia. só conseguiram o público junto aos parceiros de palco: ao mostrarem energia suficiente para fechar essa apresentação com "Rock'n'roll", dos lendários do Led Zeppelin.
Sebastian Bach: momento retrô, festinha rock'n'roll
Arriscando em inglês. Posando com charme. Tirando a camisa. Pulando. Dançando. Sebastian Bach parecia o Jared Leto (vocalista do 30 Seconds To Mars), de dias atrás. Mas o loiro mostrou que sua raiz era, de fato, tão rock, que justificava, de imediato, o porquê de seu show ter sido um dos mais cheios e vibrantes do Palco Sunset até então (perdendo, é claro, para o show punk e agitado do The Offspring no segundo dia de evento).
Se maestria era com Sebastian Bach, o coro foi mais que garantido com os fãs, que souberam cair no remelexo do veterano artista em várias faixas, como nas energizantes "Kicking And Streaming", "Piece Of Me" e "Tunnel Vision".
A calmaria de faixas como "Here I Am" e "Big Guns" mostraram o lado romântico de Bach, mas "Monkey Business", por exemplo, reforçou a malevolência e o sex-appeal do roqueiro. Os fogos de abertura do Palco Mundo ao Sepultura não intimidaram o músico que, mesmo reforçando um coro em homenagem ao quarteto brasileiro minutos antes, bradou ao público com memorável versão de "I Remember You", hit chiclete de décadas passadas.
Rob Zombie: show de horrores, com estilo
O metal alternativo do cantor Rob Zombie fecharia a noite do Palco Sunset nesta quinta-feira (19). Fecharia por que "metal alternativo" foi o que foi menos visto no misto de inspirações musicais do músico norte-americano.
Comemorando sua volta a terras tupiniquins depois de quase vinte anos, o músico foi um dos que mais brincou (e soube brincar) com a plateia. Isso é claro, sem deixar de mostrar o poderio de sua presença de palco e, também, do seu repertório.
Para tanto, não faltou hits. E, mesmo alguns deles não sendo tão conhecidos, empolgaram quase tanto quanto. Foi o caso de "Demonoid" e "Thunder Kiss", além das pancadas de "Living Dead Girl", "More Human" e, é claro, seu hino contemporâneo, retirado do seu mais recente álbum, "Dead City Radio".
Rob Zombie fechou, em grande estilo, a primeira noite do Sunset sem muitos erros e apresentações difíceis de entreter. Segue, portanto, como a melhor noite do palco secundário até então. Resta saber se o pique persistirá por mais tempo.
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