SÃO LUÍS - O Ministério da Saúde anunciou, no mês passado, que a incidência da tuberculose caiu 20,2% no Brasil, em uma década, e lançou a campanha "testar, tratar e vencer". As peças publicitárias são protagonizadas pelo jogador de futebol Thiago Silva, diagnosticado com a doença e tratado pelo SUS. O radiologista Sylvio Batista esclarece informações sobre a patologia e o diagnóstico por imagem.
Segundo o médico radiologista, a tuberculose (TB) é uma doença infecciosa e transmissível que afeta prioritariamente os pulmões. “Apesar de ter cura, mais de 1 milhão de pessoas morrem em todo o mundo, em decorrência da patologia, mas cerca de 6 milhões de pessoas são diagnosticadas. A Aids e o surgimento de bactérias resistentes aos medicamentos pioraram o panorama da TB no planeta”, explica Sylvio Batista.
De acordo com o médico da i.Medical, a tosse é o principal sintoma da tuberculose. “A pessoa pode tossir durante meses, antes de obter o diagnóstico de TB. Além disso, suor noturno associado a febre baixa, secreção esverdeada e falta de apetite também podem indicar sinais da doença”, cita Sylvio, ratificando: “Tosse por mais de três semanas deve ser investigada”.
Diagnóstico por imagem
O radiologista Sylvio Batista explica que a radiografia de tórax é o exame de imagem mais solicitado pelos médicos para investigar a presença da doença nos pulmões, pelo seu baixo custo e pela facilidade de realização. Mas, principalmente, em função das inúmeras informações que proporciona quando criteriosamente avaliada. “A tomografia computadorizada também tem papel de destaque. Vários estudos têm demonstrado a superioridade da tomografia sobre a radiografia na detecção de alterações torácicas”, ressalta o médico.
Em crianças, por exemplo, a radiografia de tórax pode ser essencial, quando ocorre suspeita de tuberculose pulmonar. “Frequentemente, ocorre a possibilidade de tuberculose na infância com pneumonias de evolução lenta, que não se resolvem com antibióticos no prazo esperado.
A persistência ou piora da imagem radiológica, enquanto clinicamente a criança pode se encontrar bem, caracteriza a dissociação clinico-radiológica”, disse o radiologista, continuando: “Esse quadro merece atenção, pois o paciente pode melhorar dos sintomas infecciosos, mas a imagem radiológica se manter inalterada ou aumentar, mesmo com o tratamento com antibióticos. Muitos casos de tuberculose são suspeitados assim”.
Ainda sobre o diagnóstico da doença, o radiologista da i.Medical destaca a eficácia da tomografia de alta resolução (TC), por permitir demonstrar mudanças no tecido pulmonar, antes apenas acessíveis por biopsia. “O exame de TC é empregado de forma mais limitada do que a radiografia, em função do custo elevado e também devido à exposição maior a radiação ionizante, principalmente, para as crianças”, comenta.
Apesar disso, a tomografia pode ser útil em casos especiais, por ser mais sensível do que o raio-x de tórax na definição de pequenos nódulos no tecido pulmonar e na avaliação do mediastino (espaço existente entre os dois pulmões, no centro do tórax). “As consequências tardias da tuberculose dependerão da precocidade do diagnóstico e do início do tratamento. As sequelas da doença são múltiplas, podendo, em alguns casos, necessitar de cirurgia”, informa o radiologista Sylvio Batista.
Além dos exames de imagem, ele observa, porém, que o diagnóstico da tuberculose é primeiramente feito pela histórico do quadro do paciente e também pelo exame clínico. Em seguida, deve ser confirmado por exames específicos, como no caso da baciloscopia e a cultura do escarro (em adultos). A prevenção, por sua vez, é feita através da vacina BCG, recomendada para aplicação no primeiro mês de vida da criança. A vacina diminui as chances de desenvolver formas graves da doença, como a meningite tuberculosa, mas não é eficaz contra a tuberculose pulmonar. Objetivamente, a forma mais eficaz é a descoberta das pessoas doentes e o início rápido do tratamento.
Tratamento
Após a confirmação do diagnóstico da doença, o tratamento consiste basicamente na combinação de três medicamentos em um único comprimido: rifampicina, isoniazida e pirazinamida. A terapêutica dura em torno de seis meses. Se o paciente tomar as medicações corretamente, as chances de cura chegam a 95%. É fundamental não interromper o tratamento, que pode ser feito nas unidades de saúde, mesmo que os sintomas desapareçam. Apenas alguns casos mais complexos e graves exigirão internação hospitalar.
Brasil
Segundo dados do Ministério da Saúde, no Brasil, a tuberculose é um sério problema da saúde pública, com profundas raízes sociais. A cada ano, são notificados aproximadamente 70 mil casos novos e ocorrem 4,6 mil mortes em decorrência da doença. O país ocupa o 17º lugar entre os 22 países responsáveis por 80% do total de casos de tuberculose no mundo.
História
A tuberculose acompanha o homem, provavelmente, desde o início da civilização. Alguns relatos descreveram que múmias egípcias de 3000 anos antes de Cristo apresentavam claras evidências de lesões ósseas de origem tuberculosa. A tuberculose era conhecida pelos gregos que a chamavam “tísica”.
O termo tuberculose foi empregado, primeiramente, por Scöenlein, na primeira metade do século XIX e deriva do latim tubercula, diminutivo de tuber, que significa pequeno nó ou excrecência. Em 1882, Robert Koch descobriu o agente etiológico da doença, os bacilos Mycobacterium tuberculosis ou bacilo de Koch.
Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais X, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.