BRASIL - Pouco disposta a estar no centro dos holofotes fora das telas da televisão, Renata Vasconcellos, de 53 anos, abriu uma rara janela sobre si mesma em entrevista ao jornal O Globo, publicada neste domingo (20). Com quase 30 anos dedicados à TV Globo, a atual âncora do Jornal Nacional compartilhou reflexões sobre a profissão, o envelhecimento, a vida pessoal e o impacto das redes sociais em sua rotina.
Na conversa, a jornalista reconheceu a dificuldade de equilibrar a intensa demanda do trabalho com o ritmo acelerado do mundo digital. Com mais de um milhão de seguidores no Instagram, ela conta que encara a rede como um espaço pessoal, mas com cautela. “Tenho a cabeça a mil. Já são muitos estímulos para dar conta. Tento botar um pouquinho do que sou ali. Meus interesses, minhas cores”, afirmou.
Renata também comentou sobre a transformação do jornalismo na televisão. Segundo ela, houve uma virada importante no modo como se faz e se apresenta notícia. “Saímos do estereótipo da apresentadora. Adicionamos nossas personalidades, mas sem abrir mão do jornalismo. Hoje, não existe mais um tipo de cabelo, roupa ou postura”, explicou.
Dentro de casa, Renata compartilha a rotina com o também jornalista Miguel Athayde. A união, segundo ela, encontra equilíbrio no entendimento mútuo e na leveza. “É um desafio, porque é um trabalho de 24 horas. Mas como temos esse olhar de escape, conseguimos adicionar leveza ao cotidiano.”
Mãe de Antônio, de 25 anos, e Miguel, de 22, de um casamento anterior, ela encara a maternidade como um processo contínuo de escuta e autoconhecimento. “Existem as responsabilidades parentais, mas há uma jornada muito maior, que é a do autoconhecimento. Tem a ver com amar em plenitude, e não meramente o espelho, a projeção que gostaria de ver no outro. Isso é um engano, limitado. É para se atirar e entender: ‘Quem é você? Surpreenda-me’.”
Sem medo de falar sobre o corpo e as mudanças do tempo, Renata defende práticas como meditação e silêncio como formas de cuidar da saúde mental e atravessar processos como a menopausa com mais acolhimento. “É algo que me fortalece até no trabalho. Os grandes ciclos da vida são bonitos. Inclui aceitar. Estou mais amadurecida na voz, na técnica e na resistência.”
Com elegância discreta e firmeza de opinião, a jornalista segue como uma das figuras mais respeitadas da televisão brasileira, mantendo ao vivo, diariamente, o desafio de informar milhões de pessoas sem abrir mão da sensibilidade que carrega fora das câmeras.
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