Alcione completou 78 anos nesta sexta-feira (21) e, como não poderia deixar de ser, a data chegou cercada de celebração, afeto e muita música. Ícone absoluto do samba e dona de uma das vozes mais reconhecíveis do país, a maranhense abriu o coração em entrevista ao gshow, afirmando que a palavra “aposentadoria” simplesmente não faz parte de seu vocabulário e nem de sua alma artística.
“Você acha que quem canta se aposenta?”, brincou a diva, lembrando Cauby Peixoto e João Nogueira para explicar que seu futuro será sempre guiado pelo palco. “Cantei, cantei, cantei, vou cantar e cantar e cantar… é isso que eu quero da minha vida”.
Mais de sete décadas de história se acumulam em prêmios, discos e palcos lotados, mas Alcione segue encarando o tempo com elegância, humor e disposição de quem ainda tem muito a entregar.
A Marrom da internet: diva, meme e fenômeno pop
Se Alcione não cogita parar, o público, especialmente o mais jovem, também não está pronto para deixá-la descansar. Muito pelo contrário: nos últimos anos, Alcione emergiu como um dos nomes mais amados da cultura digital, virando meme, referência de estilo e personagem favorita do humor nas redes.
Quem nunca se deparou com o clássico “eu lá sou mulher de francesinha?” nas redes? Ou com vídeos da cantora respondendo com aquela combinação perfeita de sinceridade e ironia?
Alcione no entanto, garante que nada disso mexe com seu ego e menos ainda com sua opinião:
“Tem que aturar, não é? Você, quando manda uma coisa, tem o dever e obrigação de esperar resposta. E eu não fico intimidada com isso, não”.
Mas se o burburinho online não a assusta, a reciprocidade do público mais jovem enche seu peito de orgulho. Para ela, ver adolescentes e jovens adultos cantando suas músicas, indo a seus shows e reverenciando sua obra é uma alegria profunda.
“Fico vaidosa de saber que os jovens gostam do meu trabalho, que querem estar junto. É muito bom”.
Em novembro, mês da Consciência Negra, Alcione reforça algo que sempre carregou consigo: a autoestima como forma de afirmação e liberdade. E essa força, segundo ela, nasce também da beleza que reconhece em si mesma.
“A mulher negra já tem uma contribuição boa, que é a cor, né? A cor já bate com tudo”, afirma. “Se eu boto amarelo fico bem, se eu ponho vermelho fico bem… acho que sou muito bonita”.
Para a Marrom, autoafirmação não é vaidade, é identidade.
Alcione tem estilo marcante
Se tem algo que acompanha Alcione desde sempre é o look. Acessórios grandes, roupas vibrantes, unhas poderosas e maquiagem impecável compõem a estética de uma mulher que sabe exatamente quem é.
“Gosto do balangandã”, conta, rindo. “Puxei isso da minha mãe, que adorava pulseiras. Eu não gosto de um anel só… gosto dos cinco dedos ocupados”.
A cantora revela que nem sempre pôde se expressar livremente. Na juventude, pai e mãe não permitiam batom, maquiagem ou extravagâncias. Mas bastou completar 18 anos para que ela reivindicasse o direito de se enfeitar como queria e nunca mais parou.
Hoje, suas unhas seguem uma cartela de cores que traduz muito da sua herança: vermelho, azul-petróleo, preto, branco. O famoso “nude”, ela brinca, não faz parte da sua paleta.
“Minhas raízes africanas gritam. Nada de clean girl. Aqui é boca de sandália, brinco enorme, muitos anéis”.
Ser loba é sobre caráter e sobre liberdade
Ao falar de estilo, Alcione deixa claro: aparência é só uma parte da loba que ela se tornou. A outra, talvez a mais importante, é caráter.
“A loba tem caráter. Isso é muito importante numa pessoa”.
E assim ela segue imponente, vibrante, cheia de brilho e com a voz que atravessa gerações. Alcione aos 78 anos é, ao mesmo tempo, história e presente. Tradição e meme. Elegância e truque de beleza. Um símbolo brasileiro que, longe de pensar em parar, reafirma todos os dias que viver cantando é viver intensamente.
A loba segue solta. E que bom que segue cantando.
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