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Oxford escolhe “rage bait” como palavra do ano; entenda o que significa

Termo escolhido pelo Dicionário Oxford expõe como algoritmos aceleram indignação, polarização e exaustão mental no uso cotidiano das redes.

Na Mira

Oxford escolhe “rage bait” como palavra do ano; entenda o que significa (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

MUNDO - Rolar o feed deixou de ser algo automático para se tornar um gatilho emocional. Raiva, indignação, irritação, frustração, a sensação de que qualquer post pode acender uma chama inesperada. Se isso parece familiar, você não está sozinho. Esse comportamento foi descrito tão perfeitamente que acabou eleito a palavra do ano pelo Dicionário Oxford: rage bait.

A escolha não foi aleatória. Segundo o dicionário britânico, o uso do termo triplicou em 2025, impulsionado pela percepção de que somos “arrastados cada vez mais rápido para debates polarizadores, estimulados por algoritmos viciantes e conteúdos feitos para irritar”.

O que é “rage bait”?

Traduzido como “isca de raiva”, o termo descreve conteúdos deliberadamente criados para provocar indignação. São posts provocativos, ofensivos ou absurdos, cuja função é simples: fazer você reagir. Quanto mais comentários, respostas e debates inflamados, maior o alcance, mesmo que ninguém esteja gostando do que vê.

O “rage bait” não é necessariamente político. Às vezes é uma receita bizarra, alguém irritando um pet ou um parceiro, ou situações claramente fabricadas para fazer você pensar: “Não é possível que alguém fez isso.”

Mas o fenômeno ganhou terreno no debate público. Políticos e influenciadores perceberam que a indignação rende visibilidade, e passaram a usá-la como ferramenta estratégica para ativar reações em cadeia e contrarreação.

A lógica algorítmica da raiva

A indignação não só engaja: ela faz parte de um ciclo vicioso. O presidente da Oxford Languages, Casper Grathwohl, explica que “rage bait” e “brain rot”, palavra do ano anterior, formam um ciclo poderoso. A indignação gera engajamento, o algoritmo amplifica e a exposição contínua nos deixa mentalmente exaustos.

É, no fundo, o velho ditado “falem bem ou falem mal, mas falem de mim”. No ambiente digital, não importa se o conteúdo é ofensivo ou fabricado, importa o quanto ele consegue te prender. Tudo é feito pensando em viralizar. 

Em um ano marcado por discussões sobre regulamentação das redes, saúde mental e bem-estar digital, não surpreende que o termo tenha virado também uma crítica ao ritmo frenético e à dependência emocional que essas plataformas criam.

Rage bait não nasceu em 2025

Embora seja hoje símbolo da cultura online, o termo “rage bait” apareceu pela primeira vez em 2002, em um contexto analógico: a reação de um motorista quando outro piscou os faróis pedindo passagem. Ou seja, a provocação sempre existiu, as redes apenas transformaram o impulso em um mecanismo de produção de conteúdo e de engajamento.

Não é a primeira vez que o Dicionário Oxford escolhe uma palavra que traduz o mal-estar digital. Em 2024, o eleito foi “brain rot” (“cérebro podre”), expressão usada para descrever o desgaste mental causado pelo consumo incessante de conteúdo superficial, repetitivo ou trivial.

Se 2024 foi o ano do esgotamento, 2025 é o ano da raiva. E juntos, os dois termos mostram um retrato claro: estamos diante de uma sociedade cada vez mais dominada pela lógica das plataformas, onde humor, opinião, irritação e fadiga se misturam em ciclos constantes de estímulos.

A eleição de rage bait não é apenas curiosidade linguística, é um diagnóstico cultural. A palavra aponta para um comportamento coletivo que cresce à medida que passamos mais tempo online e menos tempo questionando como e por que reagimos ao que vemos.

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