Lucas Parreão e a delicadeza de renascer em Umbilical
Ep mostra uma nova vertente do artista
Eu sempre achei bonita a expressão “Depois que o sol esfriar”. Ela carrega uma calma que chega no fim do dia, quase como um convite para esperar o momento certo, quando o calor já não aperta e a vida pode ser resolvida sem pressa. Talvez por isso, mas não só por isso, me tocou tanto ouvir essa frase na música de mesmo nome, de Lucas Parreão.
A frase me levou à Bruna criança, ouvindo a avó repetir a expressão em situações diferentes, sempre como uma forma de sabedoria simples e cotidiana.
Lucas, que eu conhecia como um dos vocalistas da banda Filtro de Barro, lançou em fevereiro deste ano o EP Umbilical, disponível nas plataformas digitais. Sei que já passou algum tempo, mas ainda é necessário registrar: música feita com alma é sempre atual. O trabalho reúne quatro faixas: “Umbilical”, “Pode Entrar”, “Depois que o Sol Esfriar” e “Pequena”, e traz um conjunto de composições que atravessam fases distintas da trajetória do artista.
Ele compõe desde os 11 anos, e algumas canções carregam essa história. “Pode Entrar”, por exemplo, foi escrita há quase uma década, mas dialoga com o que ele deseja expressar hoje. Sobre o processo, Lucas contou que, ao decidir gravar seu primeiro álbum solo, buscava algo que soasse diferente, mas que fosse sólido dentro de suas referências. Assim surgiu a ideia do “tecnobregarock”, uma fusão que combina a intensidade do rock com a afetividade do brega. Essa escolha não é somente estética: ela reflete suas vivências pessoais e dialoga com um movimento maior, de artistas maranhenses que vêm fortalecendo a cena autoral ao misturar elementos regionais a sonoridades contemporâneas.
O EP revela uma sonoridade intimista, marcada pela verdade de quem acredita na música autoral. É o início de uma nova fase, uma ruptura suave, mas necessária, como o próprio nascimento, que exige o corte do cordão umbilical. Não por acaso, esse símbolo dá nome ao trabalho. “Cada música soa como um processo de independência, o corte do cordão umbilical. Sempre compus para outras pessoas cantarem, mas agora canto e grito as minhas verdades”, disse Lucas.
Talvez seja exatamente isso: a gente só muda, amadurece e segue em frente quando tem coragem de nascer. Umbilical (ouça aqui) chega à cena musical de forma delicada, sincera e com a força de quem tem muito a dizer.
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