dia da consciência negra

5 livros de autores negros que merecem espaço na sua estante

Obras de autores negros ajudam a compreender identidades, desigualdades e a formação cultural do país por meio de narrativas potentes e diversas.

Na Mira

Atualizada em 20/11/2025 às 13h40
5 livros de autores negros que merecem espaço na sua estante.

BRASIL - A literatura produzida por autores negros tem desempenhado papel crucial na compreensão da história, das subjetividades e da identidade brasileira. Com narrativas que atravessam resistência, memória, ancestralidade e crítica social, essas obras oferecem novos olhares sobre o país e sobre a experiência negra no mundo. No Dia da Consciência Negra, o Na Mira selecionou livros fundamentais que ampliam perspectivas, aprofundam debates e valorizam vozes que, por muito tempo, foram invisibilizadas no cenário literário.

1. “Quarto de Despejo”, de Carolina Maria de Jesus

Lançado em 1960, o diário de Carolina Maria de Jesus segue impressionante pela honestidade e força da escrita. A autora registra seu cotidiano na favela do Canindé, em São Paulo, revelando a fome, o trabalho exaustivo, o cuidado com os filhos e as violências impostas pela pobreza urbana. Ao transformar sua vivência em literatura, Carolina expõe as contradições sociais do Brasil e afirma sua voz com contundência. O livro se tornou um marco não apenas por denunciar desigualdades, mas por colocar no centro uma narradora negra, mulher e periférica, cujo olhar atravessa o tempo com impacto renovado.

2. “Torto Arado”, de Itamar Vieira Junior

Premiado com o Jabuti e o Oceanos, “Torto Arado” se tornou um fenômeno literário por sua escrita sensível e profundamente enraizada nas tradições afro-brasileiras. A história acompanha as irmãs Bibiana e Belonísia, marcadas por um acidente na infância que as une de maneira irreversível. A partir delas, o romance revela uma comunidade rural descendente de pessoas escravizadas, onde as relações de trabalho, espiritualidade e pertencimento se entrelaçam. Itamar constrói um retrato poderoso do Brasil profundo, abordando pós-escravidão, luta por direitos e heranças ancestrais que moldam identidades e territórios.

3. “Pequeno Manual Antirracista”, de Djamila Ribeiro

Conciso e direto, o livro se tornou uma das principais portas de entrada para debates sobre racismo no país. Em 11 passos, Djamila Ribeiro apresenta conceitos, provocações e práticas antirracistas que ajudam o leitor a reconhecer desigualdades estruturais e ampliar seu repertório crítico. A autora discute temas como privilégio, branquitude, representatividade e legado histórico, sempre com exemplos do cotidiano e linguagem acessível. A obra é essencial para quem busca compreender o papel individual e coletivo na construção de uma sociedade mais justa.

4. “Um Defeito de Cor”, de Ana Maria Gonçalves

Com mais de 900 páginas, o romance é uma jornada épica que acompanha a vida de Kehinde, sequestrada ainda criança no Daomé e trazida ao Brasil como escravizada. A narrativa atravessa décadas e territórios, passando pela Bahia, Rio de Janeiro e África, enquanto a protagonista reconstrói sua história, seus afetos e sua busca por liberdade. Ana Maria Gonçalves mescla ficção e fatos históricos com precisão, criando um retrato profundo da violência colonial, das redes de solidariedade entre mulheres negras e da resiliência que atravessa gerações. Considerado por muitos uma das grandes obras da literatura contemporânea brasileira.

5. “Ponciá Vicêncio”, de Conceição Evaristo

Com prosa poética e delicada, o romance acompanha Ponciá em sua travessia do campo à cidade, em uma busca por identidade, autonomia e cura das marcas deixadas pela escravidão em sua família. Conceição Evaristo, uma das vozes mais potentes da literatura brasileira, trabalha o conceito de “escrevivência”, transformando memórias, afetos e experiências negras em arte literária. O livro aborda temas como solidão, ancestralidade, desigualdade e reconexão, convidando o leitor a entrar em um universo sensível e profundamente humano.

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