SÃO PAULO - A atual seleção da Bélgica pode fazer história nesta Copa do Mundo e igualar a melhor campanha já feita pelo país na competição. Para repetir a ida às semifinais, como ocorreu em 1986, os ‘diabos vermelhos’ precisam neste sábado vencer a Argentina, justamente o seu algoz há 28 anos. O desempenho impressionante do país na Copa do Mundo disputada no México, porém, não reflete o que era falado sobre aquele time. Mesmo que não consiga chegar à próxima fase, a nova geração belga é avaliada de forma bem mais positiva do que a eficiente e antiga equipe.
Se o time atual, comandado pelo ex-jogador Marc Wilmots, chegou à Copa do Mundo como possível candidato à sensação da competição, o futebol apresentado em 1986 não era agradável. Antes mesmo do confronto contra a Argentina, o jornal A Gazeta Esportiva tratava a equipe europeia como “grande zebra”. De acordo com os relatos dos jogos que disputou no México, a Bélgica utilizava um esquema cauteloso e defensivo, se comportando em alguns momentos de forma “excessivamente defensiva”.
O cenário é bem diferente na atualidade. A boa campanha nas Eliminatórias, com oito vitórias e dois empates, fez com que se criassem grandes expectativas com relação ao desempenho da Bélgica nesta Copa do Mundo. Formada por jogadores de destaque no futebol mundial, a delegação europeia chegou ao Brasil com destaque por causa da ofensividade e da velocidade apresentada dentro de campo – o que deixou o time sob desconfiança após as atuações ruins na primeira fase.
O chaveamento enfrentado pela Bélgica, no entanto, volta a aproximar as duas gerações. Para chegar a 1986, os ‘diabos vermelhos’ usufruíram da mudança do regulamento da Copa do Mundo, que a partir de então passava a contar com as oitavas de final. Desta forma, em uma competição com 24 clubes, os belgas se classificaram por figurarem entre os melhores terceiros colocados – após uma derrota para o México, um empate com o Paraguai e uma vitória sobre o Iraque.
Nas oitavas de final, a Bélgica surpreendeu a favorita União Soviética, levou a partida decisiva para a prorrogação, mostrou mais preparo físico do que o adversário e venceu por 4 a 3. Já nas quartas, contra outro adversário europeu, os ‘diabos vermelhos’ não alteraram o seu estilo de jogo. Ao priorizarem a defesa, os belgas seguraram o empate em 1 a 1 com a Espanha e avançaram às semifinais após a disputa de pênaltis.
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O desfecho da partida, como também foi informado por A Gazeta Esportiva, fez com que o técnico espanhol Miguel Munhoz reclamasse do então novo regulamento, alegando que o seu time era melhor e estaria classificado se tudo não fosse decidido em partida única.
A campanha da atual seleção belga também não apresentou nenhum grande desafio para a equipe comandada por Marc Wilmots. Cabeça de chave do Grupo H, os ‘diabos vermelhos’ tiveram que encarar um grupo com Rússia, Argélia e Coreia do Sul. Desta forma, mesmo sem apresentar um futebol convincente, garantiu a classificação na primeira colocação, com 100% de aproveitamento. O adversário das oitavas também não era nenhum favorito. Ainda assim, a Bélgica, após desperdiçar muitos gols no tempo normal, precisou da prorrogação para passar pelos Estados Unidos.
O maior desafio, portanto, será novamente contra a Argentina. Badalada e criticada, a atual geração belga terá a chance de igualar ao feito do país em 1986, e ainda eliminar o algoz daquela Copa do Mundo. A missão dos comandados por Marc Wilmots será não repetir os erros de seus compatriotas, que permitiram com que Diego Maradona desse show em solo mexicano. Agora, a camisa 10 albiceleste é vestida por outro craque: Lionel Messi.
A aposta da atual equipe é na boa fase vivida pelo goleiro Courtois. O jogador do Atlético de Madri, cotado como um dos melhores do mundo na posição, vem mostrando muita segurança embaixo das traves. A inspiração para o bom desempenho na Copa do Mundo talvez seja o seu compatriota em 1986. Em um time eficiente, mas defensivo, o arqueiro Jean-Marie Pfaff era o maior destaque da Bélgica na Copa do Mundo.
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