Judô garante a primeira medalha para o Brasil

Atualizada em 27/03/2022 às 15h00

SÃO PAULO - O judô brasileiro manteve a tradição de há 20 anos subir ao pódio olímpico e conquistou nesta segunda-feira a primeira medalha para o país em Atenas-04. Assim como em Sydney-2000, a façanha coube à categoria leve (até 73 kg), com Leandro Guilheiro arrebatando o bronze. E, também como na última Olimpíada, o medalhista brasileiro valeu-se do fato de ser pouco conhecido por seus rivais.

Leandro Guilheiro, 21 anos, imobiliza rival polonês durante luta qualificatória

Há quatro anos, o então desconhecido Tiago Camilo, com 18 anos, surpreendeu o mundo e obteve a prata na Austrália. Na Grécia, o paulista -também o caçula da seleção, com 21 anos completos no começo deste mês- derrotou o moldávio Victor Bivol, por um waza-ari e um koká. O atual campeão mundial júnior (título conquistado em 2002 na Coréia do Sul) manteve a tática de tomar a iniciativa e forçou o adversário a cometer três penalizações por falta de combatividade. "Ainda não caiu a ficha. Não estou acreditando que consegui a medalha", afirmou Guilheiro, logo após a luta, ao UOL.

Além do Mundial júnior, a única competição internacional de peso que Leandro Guilheiro havia disputado haviam sido duas etapas do Circuito Europeu neste ano. Assim, não teve suas características analisadas por seus rivais e teve, no elemento-surpresa, um grande aliado. Era exatamente o que o próprio Guilheiro esperava antes do início da Olimpíada: "A pior coisa, para mim e para todos, é pegar um adversário desconhecido. Como não competi muito na Europa e sou pouco conhecido, posso tirar proveito disso", apostava.

A observação da forma de lutar dos rivais é, hoje, uma das estratégias mais recorrentes para a obtenção de grandes resultados. O Japão, grande potência do judô mundial -em Atenas levou três das seis medalhas de ouro já disputadas-, investe em equipes de observação que viajam por toda a Europa e filmam em detalhes todos os seus possíveis rivais. Como Guilheiro é jovem e ganhou o posto de titular da seleção brasileira neste ano, não era muito conhecido.

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Antes de Guilheiro, os irmãos Camilo haviam dominado a categoria. Tiago Camilo era o nome brasileiro na categoria -foi prata em Sydney-2000. Depois, Tiago mudou de categoria, e seu irmão, Luiz Camilo, venceu seletivas e passou a ser o titular -foi medalha de ouro no Pan-Americano de Santo Domingo e representou o Brasil no Mundial de judô do ano passado. Neste ano, Guilheiro venceu Luiz Camilo na seletiva olímpica com extrema facilidade, garantindo a vaga.

No caminho rumo à medalha, Guilheiro, que é treinado em Santos por Rogério Sampaio, campeão olímpico em Barcelona-1992, e teve aulas com Aurélio Miguel -dono de duas medalhas olímpicas, enfrentou adversários de grande peso. Logo na estréia, passou pelo espanhol Kiyoshi Uematsu, atual vice-campeão europeu. Depois de bater o freguês haitiano Ernerst Laraque, a quem havia venido na etapa de Paris do Circuito Europeu, passou pelo polonês Krzysztof Wilkomirski, bronze no Campeonato Europeu deste ano, e foi às quartas-de-final.

Então, deparou-se com o francês Daniel Fernandes, atual vice-campeão mundial. Assim como havia acontecido no Torneio de Paris, foi derrotado pelo rival. Segundo Guilheiro, pela inexpeiência: "Ele me enrolou bastante e acabei perdendo. Mas continuei motivado, porque percebi que ali começava outra competição. Pensei: 'vou buscar o bronze'", contou Guilheiro.

Com essa conquista, o judô brasileiro atinge 11 pódios (dois ouros, três pratas e seis bronzes), apenas um atrás de atletismo e vela. "Estava ficando preocupado, já eram três dias sem medalha. Mas a equipe é forte, eu sabia que iríamos conseguir", disse o medalhista, com a humildade que lhe é característica.

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