Troca de Ideia

Cantos Sagrados dos Awá Guajá disponíveis nas plataformas de música

Um aspecto interessante dos cantos (janaha) é que eles não são cantados na língua cotidiana dos povos indígenas maranhenses, Awa Guajá, mas sim na língua dos Karawara.

Pedro Sobrinho / Jornalista

Atualizada em 17/07/2025 às 09h47

A produção de um acervo sonoro que documenta cantos rituais e cotidianos dos Awá Guajá representa um marco na valorização e preservação do patrimônio cultural desse povo de recente contato, que habita as Terras Indígenas Alto Turiaçu, Caru e Awá, além de grupos em isolamento voluntário em Araribóia, todas no Maranhão. Donos de um modo de vida muito particular e de forte ligação com a floresta, eles construíram uma obra inédita – Karawa Janaha: O Canto dos Karawara – que registra e descreve a arte vocal Awa Guajá e traduz cantos entoados na língua de caçadores celestes, os Karawara.

Suely Cardoso, assessora técnica do ISPN e coordenadora do subprograma de Fortalecimento Cultural do PBA-CI. Foto: Divulgação

Um aspecto interessante dos cantos (janaha) é que eles não são cantados na língua cotidiana dos Awa Guajá, mas sim na língua dos Karawara. Cada Karawara tem uma identidade própria (Makaro, Arapioxa’a, Makaratõ, Wawarakawỹ…) expressa por seu canto, sua dança e os animais que caça ou o acompanham. São seres celestes, ancestrais e caçadores perfeitos, que se comunicam com os humanos por meio do canto.

O Canto dos Karawara é fruto de um trabalho de campo colaborativo realizado com as comunidades das aldeias Awá, Tiracambu e Juriti, no âmbito do subprograma de Fortalecimento Cultural do Plano Básico Ambiental Componente Indígena (PBA-CI), ligado ao licenciamento da Expansão da Estrada de Ferro Carajás (EFC), da empresa Vale S.A., com acompanhamento da FUNAI e do IBAMA. A implementação foi conduzida pelo Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN).

“Ao registrar e sistematizar esse acervo, os próprios Awa Guajá reafirmam o valor de sua cultura e a necessidade de sua transmissão dentro e fora das aldeias. A obra é dedicada às comunidades, que autorizaram sua circulação como parte de um esforço coletivo de preservação, ensino e diálogo intercultural”, afirma a assessora técnica do ISPN e coordenadora do subprograma de Fortalecimento Cultural do PBA-CI, Suely Cardoso, em entrevista ao jornalista PEDRO SOBRINHO, no quadro TROCA DE IDEIA, no PLUGADO NA MIRANTE FM.

Karawa Janaha é fruto de um trabalho coletivo que envolveu a linguista e o antropólogo, como organizadores; os cantores Awa Guajá das Aldeias Awá, Juriti e Tiracambu; e também tradutores e ilustradores indígenas, respectivamente: Amiria, Pinawã, Mimini’ĩa, Itaxĩa, Tatuxa’a, Inajã, Warixa’a; e Arapioa, Irakaxi’ĩa, Kwarahyxa’a, Xiwikwajỹa. A publicação foi impressa em dois volumes. Ambos reúnem textos de Marina Magalhães, Uirá Garcia e do técnico de som e etno-musicólogo, que fez a gravação e masterização dos cantos, Yasuhiro Morinaga.

Os cantos estão disponíveis nas Plataformas de streaming. É possível encontrar três perfis: Aldeia Awá, Aldeia Juriti e Aldeia Tiracambu, divididos pela origem dos cantores Awa Guajá. Cada perfil faz a sua “interpretação” do Karawa Janaha – O Canto dos Karawara. Basta pesquisar, mas, abaixo, seguem os links para Spotify e YouTube Music.

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