Bruxo da Música

Hermeto Pascoal homenageado em São Luís

A homenagem aconteceu no Festival da Música Universal, realizado em abril de 2024, na Casa Barrica. Em entrevista ao jornalista Pedro Sobrinho, Carol D´Ávila, curadora do evento, destacou a Cultura Popular do Maranhão como influência na música de Hermeto

Pedro Sobrinho / Jornalista

Atualizada em 14/09/2025 às 17h17

A CULTURA POPULAR DO MARANHÃO: INSPIRAÇÃO E INFLUÊNCIA NA OBRA HERMETO PASCOAL ●  Em entrevista no dia 2 de abril 2024, ao Plugado, na Mirante FM, Carol D´Ávila, musicista e curadora do Festival de Música Universal, disse que além da homenagem ao bruxo alagoano, HERMETO PASCOAL, os mestres do Maranhão também foram reverenciados no evento. O Festival aconteceu entre os dias 11 e 14 de abril do ano passado, na CASA BARRICA, na MADRE DEUS. Ouça o podcast com o jornalista Pedro Sobrinho https://soundcloud.com/mirantefm961/plugado-247-festival-homenageia-hermeto-pascoal-em-sao-luis?utm_source=clipboard&utm_medium=text&utm_campaign=social_sharing

Carol D´Ávila, musicista e curadora do Festival da Música Universal, realizado entre os dias 11 e 14 de abril, em São Luís. Foto: Arquivo/Mirante FM

Em conversa com o jornalista PEDRO SOBRINHO, no PLUGADO, na MIRANTE FM, na última quinta-feira (4/4), CAROL D´ÁVILA, idealizadora do Festival, flautista, saxofonista, compositora e educadora, falou da importância do evento, do homenageado, o virtuose multiinstrumentista alagoano HERMETO PASCOAL. Ela também destacou a CULTURA POPULAR DO MARANHÃO como um PATRIMÔNIO UNIVERSAL e INFLUENCIADORA DA OBRA DE HERMETO.

O festival foi uma homenagem direta ao lendário compositor e multiinstrumentista HERMETO PASCOAL e sua inovadora trajetória musical, sendo ele o criador desse novo estilo. Sob a curadoria de CAROL D´ÁVILA, o MUN Festival reunirá projetos artísticos, concertos e atividades educacionais com o objetivo de formar plateias e enriquecer o conhecimento musical.

O projeto vai destacar a música universal como uma poderosa forma de expressão artística, e exaltará a música tradicional do Maranhão como uma das fontes de pesquisa e inspiração para toda essa diversidade musical da qual nasceu a Música Universal. Com concertos de diferentes gerações influenciadas por essa linguagem musical única, a iniciativa promete cativar e inspirar os espectadores.

"Não podemos falar de música universal sem falar de música originária do Brasil. Hermeto Pascoal é um músico que bebeu de muitas fontes. Sem dúvida o Estado do maranhão é um patrimônio da cultura popular no Brasil. Não podia ser diferente trazer esta fusão de homenagear Hermeto Pascoal, este bruxo da música brasileira e outros bruxos que existem pelo Brasil. Então, vamos homenagear Hermeto Pascoal e também reverenciar os mestres e mestras da cultura popular do maranhão, além de muitos, eles elas são a base para criação da música universal", enaltece.

Hermeto, o bruxo que transformou o mundo em música.

"Hermeto Pascoal não morreu: apenas se dissolveu em som. Talvez esteja neste momento soprando com o vento que entra pela janela, improvisando um baião com o motor do ônibus que passa na rua, ou regendo o canto dos pássaros no fio elétrico. Quem o viu em ação sabe que isso não é metáfora. Hermeto arrancava melodias de chaleiras, brinquedos, rádios, cachoeiras, narradores de futebol. Para ele, música era o estado natural do mundo — e viver era estar em permanente ensaio.

Nascido em Lagoa da Canoa, Alagoas, em 1936, albino e quase cego na infância, Hermeto aprendeu a escutar antes de enxergar. O que para outros era ruído, para ele era harmonia. Cada buzina tinha tom preciso, cada piado de galinha se encaixava numa escala. No documentário Janela da Alma (2001), revelou esse olhar invertido sobre a vida: "Eu pedi a Deus para me deixar um tempo cego. Porque olhando é tanta coisa ruim que a gente vê, que atrapalha a visão certa, a visão das coisas que a gente quer fazer na vida".

Chamavam-no de alquimista; ele preferia "música universal": sons para todos, sem fronteiras, sem etiqueta.

Mas talvez o maior legado esteja nas pessoas. O grupo de Hermeto Pascoal foi uma escola que não caberia em nenhum conservatório. Jovino Santos Neto, Carlos Malta, Nenê, Arismar, Itiberê Zwarg, dezenas de músicos saíram marcados pelo rigor, pela disciplina quase marcial dos ensaios intermináveis e pela lição que valia mais que qualquer partitura: ouvir. Não era uma escola — era uma iniciação.

Hermeto Pascoal partiu hoje. Mas como aceitar a morte de quem transformou a vida numa jam session infinita? Sua música continua dissolvida no ar, nas águas, nos motores, nas ruas. O silêncio que fica não é ausência, é ressonância: um eco sem fim do Bruxo que fez do planeta inteiro o seu instrumento", destaca Irineu Machado.

 

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