''Snyder Cut'' de ''Liga da Justiça'' tem final melhor que o original, mas se perde ao longo de 4 horas; G1 já viu
Nova versão do filme de heróis de 2017 exige paciência do público com duas horas iniciais lentas e desnecessárias, mas deve agradar fãs com desfecho mais maduro.
Em quatro horas dá para fazer muita coisa. "Liga da Justiça de Zack Snyder", também conhecido como o aguardado "Snyder Cut", é grande prova disso.
Ao mesmo tempo em que apresenta um final muito superior ao do original de 2017, e de certa forma justifica sua própria existência, a nova versão também parece perdida em sua longa e exaustiva – e aparentemente arbitrária – duração.
Para chegar até a parte boa, o público deve enfrentar mais de duas horas com cenas desnecessárias e arrastadas que tornam a primeira metade um verdadeiro exercício de paciência.
Com o dobro do tempo do original, a nova versão da "Liga da Justiça" realizada pelo diretor que deu início à trama, Zack Snyder, tem tudo para agradar às centenas de milhares de fãs que fizeram campanha pelo seu lançamento nos últimos anos.
Mas sua indecisão entre as linguagens de um filme e de um seriado exige muito dos espectadores mais casuais.
"Liga da Justiça de Zack Snyder" estreia nesta quinta-feira (18) em plataformas digitais de locação de vídeos e fica disponível até o dia 7 de abril. Depois disso, volta ao país como parte do catálogo do serviço HBO Max, que deve ser lançado no Brasil em junho.
A origem do 'Snyder Cut'
Depois de dirigir "O Homem de Aço" (2013) e "Batman vs Superman: A origem da justiça" (2016), Snyder deixou a produção estrelada pela super-equipe da DC durante as gravações por causa da morte da filha, meses antes.
Com isso, a versão que fracassou em bilheterias em 2017 foi finalizada por Joss Whedon, cineasta conhecido principalmente por dirigir os dois primeiros filmes dos "Vingadores", da rival Marvel.
Logo após o lançamento, fãs de Snyder começaram uma campanha massiva na internet, com direito a petições online com centenas de milhares de assinaturas, pelo lançamento de uma edição do diretor.
Com adesão de nomes importantes do elenco e do próprio americano, o estúdio viu no projeto uma grande oportunidade de divulgação de sua nova plataforma e confirmou seu lançamento em 2020.
Extras
Na maior parte do tempo, a história do novo "Liga da Justiça" é igual à do antigo.
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Enquanto um alienígena invasor busca artefatos poderosos para dominar o planeta, Batman (Ben Affleck) recruta heróis para tentar proteger a humanidade após a morte do Superman (Henry Cavill).
Apesar do investimento de cerca de US$ 70 milhões de dólares para algumas regravações e efeitos adicionais, a grande maioria do conteúdo novo dessas quatro horas, o dobro da duração original, é de cenas que já haviam sido gravadas.
Isso explica por que grande parte das sequências parecem mais momentos dos extras de um DVD, que invariavelmente apresenta ao público cenas cortadas.
Há, sim, momentos que ajudam a detalhar melhor a história mais direta de 2017, como a apresentação do mestre do vilão, mas quase todas parecem meras enrolações para atingir as quatro horas anunciadas.
Sequências inteiras fariam mais sentido se o projeto seguisse a intenção da época do anúncio e fosse lançado como uma minissérie em quatro partes, com o ritmo mais cadenciado da televisão.
Salvação
Quem superar as modorrentas horas iniciais pelo menos se depara com um desfecho digno da campanha pelo corte do diretor.
O final do filme se distancia em muito daquele escolhido por Whedon, corta gorduras desnecessárias – como a família presa no covil do vilão – e tem tempo para mostrar intenções mais maduras para o futuro, agora perdido, do chamado universo expandido da DC nos cinemas.
O caminhão de dinheiro despejado também resulta em novidades visuais bem-vindas, em especial nos efeitos empregados para o design do antagonista – por mais que a computação gráfica grite em diversos momentos, principalmente em cenas claramente repetidas sem explicação dentro do próprio filme.
Mas como Snyder não consegue evitar ser Snyder, ele também cede a seus impulsos mais primitivos e realiza ainda um epílogo mais que desnecessário, que nada acrescenta à trama.
Considerando o orçamento estimado em cerca de US$ 300 milhões do original, somado ao investimento para a nova versão, é difícil dizer se o corte do diretor se sustenta.
O "Snyder Cut" certamente vai agradar àqueles que já querem celebrá-lo pelos mais diversos motivos, e deve atrair assinantes à plataforma.
Mas com quatro horas de duração que seriam melhor aproveitadas em pouco mais da metade, e tantos tropeços quanto acertos, é difícil estabelecer se seu êxito seria muito maior se tudo tivesse dado certo em 2017.
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