Bruna Linzmeyer fala sobre relacionamento aberto: "A vida vai juntando"
No sétimo episódio do "Escuta, Maria Clara", o podcast da Marie Claire, a diretora de redação Laura Ancona recebe a atriz Bruna Linzmeyer, a psicóloga Geni Núñez e a diretora de arte Karen Ka para debater um dos dilemas do amor contemporâneo - relacioname
Um dos dilemas do amor contemporâneo, relacionamentos abertamente não monogâmicos partem da suposição de que ambos ou ambas são serem desejantes e que podem se relacionar com outras pessoas enquanto mantém namoro ou casamento em pratos limpos. Mas na prática, os sentimentos contraditórios nascem. É possível não ter ciúme? Vale tudo em uma relação assim? Como definir os limites desse acordo?
A ariz Bruna Linzmeyer contou sua experiência em participação no sétimo episódio do Escuta, Maria Clara, o podcast da Marie Claire. "Eu já caí em diversas armadilhas da normatividade. Comecei em relações monogâmicas, heterossexuais, e depois fui entendendo que o mundo não é só o que costumam mostrar pra gente", conta ela. "Eu já tive relações não monogâmicas de diversos tipos e já atravessei muitos medos, angústias e muitos conflitos, e também muitas coisas brilhosas pelo caminho, que fizeram e fazem muito sentido pra mim", continua ela.
Atualmente se relacionando com a DJ e artista visual Marta Supernova, Bruna conta que na adolescência, quando nem tinha dado seu primeiro beijo, já afirmava que nunca iria se casar. "Veio daí um pouco da minha recusa à heteronormatividade compulsória, quase que obrigatória, e também o questionamento de uma monogamia", avalia.
O papo conduzido pela diretora de redação Laura Ancona Lopez contou ainda com a participação de Geni Núñez, psicóloga, doutoranda em estudos de gênero e raça, feminista e ativista indígena, e da diretora de arte de Marie Claire, Karen Ka.
Geni ressalta que muitas relações monogâmicas não dão certo por alguma incompatibilidade de personalidade, por exemplo, mas que as pessoas não comentam que deu errado por ser uma relação a dois. Já em relacionamentos abertos, existe no imaginário social que a solução para os problemas é fechar a relação. "Uma das principais promessas da monogamia, por exemplo, é a exclusividade afetivo-sexual, só que é uma promessa que nunca foi garantida", explica. "Uma pesquisa da USP, de 2015, aponta que no Brasil mais de 70% das pessoas monogâmicas já traíram. É muito importante fazer a separação daquilo que é prometido e o que é de fato concretizado", continua a criadora do perfil @genipapos.
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Existem regras?
Para Bruna, é importante cada casal definir seus códigos, ou seja, aquilo que os deixa confortáveis na relação aberta. "No caminho decobri que, às vezes, os códigos eram só inseguranças minhas que precisei pra começar e depois fui por outro caminho. Mas nada é muito fixo, uma relação se constrói vivendo ela", opina. "Já tive uma relação que começou aberta e a gente fechou em algum momento e depois abriu de novo. Não existe uma regra e acho que isso é uma coisa muito interessante. Tudo é possível", afirma.
A diretora de arte, que já passou pela experiência de relacionamentos não monogâmicos, concorda. "Acredito que toda forma de relação é super viável a partir do momento que as pessoas conseguem conversar e expressar o que elas sentem", diz Karen.
Bruna diz que gostaria de ter com as pessoas com quem faz sexo e se relaciona amorosamente a mesma relação que tem com amigos. "A vida vai juntando mais gente nesse grupo", avalia. Ela leva em consideração, no entanto, a espiritualidade, para decidir se mantém uma relação aberta ou com menos interferências em determindado momento. "Acredito que quando a gente se relaciona sexualmente com alguém, a gente troca um nível de energia muito fundo. Isso chega até mim de alguma maneira", explica.
A atriz diz que foi descobrindo ao longo de sua trajetória as regras que funcionam para ela. "Não pode ficar com alguém do nosso círculo comum de amizades, por exemplo. Tem regras que a gente vai construindo e eu entendo e respeito que são importantes pra gente. Depois de ter feito uma lista gigante entendi que algumas não faziam sentido e eram uma super insegurança, e eram até regras que eu não gostaria de cumprir", admite.
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