São João

Dança do Coco: uma manifestação em decadência

A dança é típica do período junino, porém tem perdido espaço nos dias atuais.

Alan Milhomem / Imirante Imperatriz

Atualizada em 27/03/2022 às 11h42
A dança passou por transformações ao longo do tempo. (Foto: Divulgação / Grupo Coco Calemba)

IMPERATRIZ – O mês junino é marcado por diversas danças folclóricas, como as quadrilhas juninas, o cacuriá, o bumba meu boi e a dança do coco, que é típica da Região Nordeste. Com músicas e letras simples, há controvérsia com relação ao local de origem da dança do coco, uns dizem que foi no Estado do Pernambuco, outros citam a Paraíba. Há também quem defenda que a dança surgiu em Alagoas.

A dança tem influências indígena e africana, como boa parte das festas folclóricas do Brasil. A maioria dos folcloristas concorda, no entanto, que a dança do coco teve origem no canto das quebradeiras de coco, durante a procura pelo fruto na mata e que, só depois, se transformou em ritmo dançado.

No Maranhão, segundo o produtor cultural Osório Neto, a dança do coco era muito forte na Região dos Cocais, mas depois chegou a São Luís, onde hoje existem dois grupos folclóricos que fazem a dança do coco. Na comunidade do Anjo da Guarda, os grupos Coco Catolé e Coco Pirinã mantém viva a dança que representa o homem do campo, em especial, as quebradeiras de coco. Em Imperatriz, o Grupo Kizomba e a Cia Sotaque apresentam a dança do coco.

A dança passou por transformações ao longo do tempo. (Foto: Divulgação / Grupo Coco Calemba)

“Houve várias alterações na dança do coco ao longo dos anos. Já não é mais como antigamente, até porque é uma dança grande e já temos mais espaços para apresentações assim. Hoje, as apresentações duram em média 30 minutos e são dançadas uma ou duas músicas, no máximo”, afirma o produtor cultural.

A dança do coco é realizada em roda acompanhada de cantoria e executada em pares, fileiras ou círculos. Originalmente há um cantador que puxa as músicas, mas, atualmente, essa figura tem perdido espaço na dança.

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Outra característica do coco de roda, como também é conhecida a dança do coco, é a cadência do som dos pés batendo no chão. A sonoridade é completada com as batidas do coco que os dançarinos carregam nas mãos. Adereços como o machadinho e o cofo também sempre aparecem nas rodas de dança.

A dança passou por transformações ao longo do tempo. (Foto: Divulgação / Blog Ritmos do Nordeste)

“Os instrumentos tradicionais são o triângulo e a zabumba, mas hoje já foram incrementados com outros instrumentos, principalmente, os metais. A roupa é a tradicional de chita, com chapéu de palha. Usa-se também o machadinho e o cofo como adereços”, destaca Osório Neto.

A dança do coco apresenta uma coreografia básica: os participantes formam filas ou rodas onde executam o sapateado característico. Segundo Osório, são passos semelhantes ao xaxado. “É uma espécie de baião cruzado. A dança original é em roda, mas sofreu mudanças e, hoje, dançam de várias formas, e os brincantes até trocam umbigadas entre si. Em parte da dança as mulheres sentam no chão e usam os adereços para simularem a quebra do coco”, completa.

Hoje, a dança está presente em vários Estados brasileiros, porém perdeu muita representatividade, sobretudo, pela desvalorização da cultura do babaçu. A dança apresenta inúmeras variações, tanto nas estruturas coreográficas quanto nas músicas. Vale destacar que o ritmo contagiante do coco influenciou muitos compositores populares nordestinos como Chico Science, Alceu Valença e o cantor paraibano Jackson do Pandeiro, que começou a carreira tocando percussão em um grupo de coco com a mãe.

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