Pompoarismo e mais um pouco
Confira a coluna desta semana da sexóloga e educadora sexual Mônica Moura.
Conheci Eliana há alguns anos, em um dos meus cursos de pompoarismo. Na época, com 39 anos e casada há oito. O motivo da inscrição: “Quero satisfazer meu marido”. Era uma frase comum entre muitas mulheres que chegam até mim. Mas algo nela (talvez a maneira como se esforçava para compreender cada exercício) me fazia acreditar que ela buscava mais do que apenas agradar o outro.
Meses depois, ela marcou uma consulta comigo, em busca de um “upgrade” nos exercícios do curso. Eliana tinha se dedicado, mas o motivo inicial, aquele desejo de satisfazer o parceiro, parecia ainda ser sua única motivação. Durante a consulta, além das técnicas, eu propus uma reflexão: onde mora o prazer sexual?
Enquanto eu explicava que o prazer verdadeiro não se limita ao corpo, nem à vagina, nem ao ato em si, ela me olhava intrigada. Pois é. O prazer mora na troca. Mora na permissão sincera que nos desnuda, na entrega genuína, na conexão que ultrapassa o físico e alcança a alma.
Ela ouviu com atenção, mas naquele momento, eu não sabia até que ponto minhas palavras tinham tocado sua essência. Nos despedimos com exercícios atualizados e reforcei: não se trata apenas do corpo, Eliana!
Quando nos reencontramos algumas semanas depois, ela sussurrava como se um segredo precioso tivesse sido descoberto. Durante a consulta, contou sobre a noite em que, pela primeira vez em oito anos, se permitiu viver o sexo de uma maneira completamente diferente.
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“Não era sobre ele, era sobre nós”, ela explicou. Naquela noite, abandonou as expectativas de desempenho e a pressão de ser boa o suficiente. Pela primeira vez, deixou de lado a preocupação com sua aparência, com o que Márcio pensaria ou esperaria dela. Decidiu estar presente. Sentiu o toque dele de verdade, respondeu ao ritmo do corpo dele sem pressa ou ansiedade, se permitiu sentir prazer sem culpa ou obrigação. E, para sua surpresa, ele pareceu responder a essa entrega com a mesma intensidade.
“Eu nunca soube que poderia ser assim”, ela disse, e eu acredito nela.
Muitas mulheres pensam que prazer é algo técnico, uma coisa que tem que fazer para o homem ficar feliz. Enquanto ela relatava, eu não pude deixar de sentir orgulho daquela mulher. Não pela descoberta das técnicas, mas por finalmente compreender que o prazer verdadeiro não é algo que entregamos ao outro, mas algo que compartilhamos com o outro. Eliana aprendeu o que é o prazer a dois e encontrou uma nova forma de estar com ela mesma e com seu marido. Sexo também é uma celebração de conexão e intimidade.
Eliana se permitiu. Sentiu prazer. E isso é tudo.
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