O desastre climático e os impactos na economia
Os efeitos das enchentes de 2024 no Rio Grande do Sul abrangem diferentes setores da cadeia produtiva.
As enchentes de 2024 no Rio Grande do Sul causaram um estrago de enormes proporções no setor produtivo, principalmente no agronegócio do estado, um dos maiores produtores de alimentos do Brasil. Os efeitos são extensos e abrangem diferentes setores da cadeia produtiva, com perdas que impactam diretamente a economia local, regional e nacional. Listo algumas consequências que devem impactar o setor alimentício.
As informações da CONAB indicam que a maioria da produção de grão da região estavam colhidas, aproximadamente 90%. Entretanto, temos alguns fatores que devem ser avaliados, como as perdas na produção, os milhares de hectares de lavouras que foram completamente perdidos, principalmente de soja, arroz, milho e feijão. De acordo com o Datagro, a estimativa que, em torno de 10% da área total cultivada no estado foi afetada, o que representa um prejuízo de R$ 125 milhões a R$ 155 milhões. Além disso, temos a qualidade comprometida, mesmo as lavouras que não foram totalmente submersas sofreram com a alta umidade, o que pode levar à diminuição da qualidade dos grãos e à perda de valor no mercado, informações dadas pela EMATER/RS. A soja, por exemplo, pode ter seu teor de óleo reduzido, afetando seu preço. O arroz foi um dos mais atingidos, com cerca de 23 mil hectares de plantações totalmente perdidas. A produção total do estado deve ser 16% menor do que o previsto inicialmente, com impacto direto no preço do alimento.
A Pecuária também sofreu, as inundações causaram a morte de gado e outros animais, um número ainda não determinado, gerando perdas para os produtores e afetando a produção de leite e carne. As pastagens, essenciais para a alimentação do gado, também foram severamente afetadas pelas inundações. A rebrota das pastagens de inverno, fundamental para o sustento do rebanho durante o ano, foi prejudicada, o que pode levar à escassez de alimento para os animais nos próximos meses. Lembrando que praticamente, a infraestrutura das propriedades rurais, como cercas, máquinas, equipamentos, veículos, galpões e silos foram danificadas, gerando custos adicionais para os produtores com reparos e reconstrução.
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A consequência econômica será inevitável, a menor oferta de produtos agropecuários e de outros produtos diversos devem pressionar os preços para cima, impactando o bolso do consumidor final e contribuindo para a inflação. O governo terá que arcar com altos custos para auxiliar as vítimas do desastre, incluindo a reconstrução da infraestrutura, o fornecimento de abrigo e alimentação para os desabrigados e a ampliação dos programas sociais. A redução da produção agrícola no Rio Grande do Sul impactará o abastecimento do mercado brasileiro, levando à escassez de commodities e produtos alimentícios. Isso pode gerar insegurança alimentar e aumento da pobreza, especialmente para as famílias mais vulneráveis. Com a perda de safras e a redução da produção animal, muitos trabalhadores do setor agropecuário podem ficar sem emprego, agravando a situação social nas áreas rurais do estado.
Em resumo, é fundamental garantir a rápida e eficiente distribuição de ajuda humanitária às vítimas do desastre, incluindo alimentos, água potável, abrigo e atendimento médico. O governo deve investir na reconstrução da infraestrutura danificada, como pontes, estradas, redes de energia e saneamento básico. É necessário ampliar os programas sociais, como o Bolsa Família, para garantir a proteção social das famílias afetadas e ajudá-las a se reerguerem. À longo prazo, é crucial investir em medidas de prevenção para reduzir o risco de novos desastres climáticos. Tudo isso, exige tempo e dinheiro, ou seja, esse cenário proporcionará uma pressão inflacionária. Vale salientar que outros estados brasileiros podem se preparar para suprir a demanda por produtos e serviços do Rio Grande do Sul, implantando e ampliando seus setores produtivos.
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