Pesquisa

Para 68% dos nordestinos, efeitos do clima foram mais severos em 2024

Maioria no Nordeste avalia que eventos foram muito piores que o normal.

AgĂȘncia Brasil

Para 45% dos nordestinos entrevistados, a intensidade dos eventos climåticos extremos como secas, inundaçÔes, tempestades e calor ou frio intensos serå muito mais forte nos próximos 5 anos.
Para 45% dos nordestinos entrevistados, a intensidade dos eventos climåticos extremos como secas, inundaçÔes, tempestades e calor ou frio intensos serå muito mais forte nos próximos 5 anos. (Foto: Pillar Olivares)

BRASIL - De cada dez nordestinos, seis acreditam que os eventos climĂĄticos severos que afetaram a RegiĂŁo Nordeste, em 2024, bem como suas consequĂȘncias, foram comparativamente piores que o habitual. A constatação Ă© da pesquisa A VisĂŁo do Nordeste Sobre Mudanças ClimĂĄticas, do instituto Nexus de Pesquisa e InteligĂȘncia, divulgada nesta terça-feira (15).

Para 57% dos entrevistados, os eventos climĂĄticos registrados ao longo do ano passado foram “piores que o normal” e, entre esses, 11% classificaram como “muito piores que o normal”. 

Outros 25% consideraram os eventos climĂĄticos idĂȘnticos ao que vivenciaram em anos anteriores, e 12% disseram ter sentido uma melhora e 3% que a situação foi muito melhor. Cerca de 3% dos entrevistados nĂŁo souberam ou nĂŁo responderam Ă s perguntas.

Entre as mudanças percebidas, 96% dos entrevistados citaram aumento de temperatura; 90%, a ocorrĂȘncia de menos chuva e 83%, secas mais graves – sendo que, entre os habitantes de cidades do interior com renda familiar de atĂ© um salĂĄrio mĂ­nimo, a percepção da estiagem sobe para 86%.

Quase metade (49%) dos entrevistados nĂŁo consideram que a deterioração das condiçÔes climĂĄticas seja uma crise, embora admitam se tratar de um “grave problema”. Outros 27% consideram, sim, tratar-se de uma crise. Para 10% das pessoas consultadas, a questĂŁo climĂĄtica Ă© um “problema menor”, enquanto 9% nĂŁo vĂȘem nenhum problema e 5% nĂŁo souberam ou nĂŁo responderam Ă s perguntas.

Entre os moradores dos nove estados do Nordeste - Alagoas, Bahia, Cearå, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe - entrevistados, a avaliação de que o mundo vivencia uma crise climåtica é mais recorrente entre mulheres (31%); jovens de 16 anos a 24 anos de idade (35%); pessoas com ensino superior (39%) e quem tem renda superior a cinco salårios mínimos (38%).

Futuro

Para 45% dos nordestinos entrevistados, a intensidade dos eventos climĂĄticos extremos como secas, inundaçÔes, tempestades e calor ou frio intensos serĂĄ muito mais forte nos prĂłximos 5 anos, enquanto 8% acreditam que ela serĂĄ “extremamente mais forte”.

Juntos, esses dois grupos totalizam 53% dos que responderam às perguntas, um percentual maior do que os que classificam a situação do clima como um “grave problema”, e englobam, principalmente, quem tem ensino superior (16%) e renda familiar acima de cinco salários mínimos (22%).

Na contramão da maioria, 20% dos entrevistados entendem que, até 2030, os eventos climåticos extremos serão moderados; 10%, que eles serão menos fortes e 4%, muito menos fortes, e 12% não souberam ou não responderam.

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“A pesquisa mostra que os nordestinos estĂŁo preocupados com as mudanças climĂĄticas e tĂȘm sentido os eventos extremos, como as altas temperaturas e as secas, com destaque para a população mais pobre e do interior. Os dados tambĂ©m revelam uma percepção mais crĂ­tica entre os brasileiros com maior escolaridade”, explica o executivo-chefe do Nexus, Marcelo Tokarski.

Percepção

A meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) Morgana Almeida avalia que os resultados da pesquisa sugerem que, a cada dia, mais e mais pessoas tĂȘm se dado conta do alcance das mudanças climĂĄticas e se inteirado de suas consequĂȘncias.

“A pesquisa retrata que a população estĂĄ mais atenta Ă s questĂ”es do clima. E isso Ă© muito importante, pois a condição de clima e tempo Ă© fundamental para a vida de todos”, disse Morgana Ă  AgĂȘncia Brasil. 

Segundo a meteorologista, que vive no Recife, apesar das peculiaridades locais, é possível afirmar que, em linhas gerais, a percepção dos entrevistados coincide com o balanço de especialistas sobre as condiçÔes regionais.

“O Nordeste Ă© muito grande, muito diverso. Em 2022, por exemplo, a regiĂŁo metropolitana do Recife enfrentou uma das piores catĂĄstrofes em termos de chuvas extremas, que vitimou mais de 140 pessoas. EntĂŁo, neste aspecto, para o morador do Recife, 2024 nĂŁo foi pior. Mas quando se trata de temperaturas, o ano passado foi um dos mais quentes jĂĄ registrados [inclusive na regiĂŁo]”, comentou Morgana, lembrando que, em 2024, a mĂ©dia brasileira das temperaturas atingiu 25,02ÂșC, ou seja, 0,79% acima da mĂ©dia histĂłrica de 24,23ÂșC, o que tornou o ano passado o mais quente registrado no paĂ­s desde 1961.

“As mudanças climĂĄticas tĂȘm se evidenciado em todas as partes do globo e, a cada ano que passa, as temperaturas estĂŁo mais altas. Consequentemente, os eventos extremos, seja de mais chuvas ou de estiagem, tĂȘm se tornado mais frequentes, conforme os especialistas hĂĄ mais de dez anos previram que aconteceria”, destacou Morgana.

Norte

Para tentar entender a avaliação dos nordestinos sobre as mudanças climåticas e seus efeitos, os pesquisadores do Nexus entrevistaram a 1.216 pessoas, entre 12 e 17 de dezembro de 2024. A margem de erro da amostra em cada região é de 3,5 p.p, com intervalo de confiança de 95%.

Em março, o instituto divulgou os resultados da mesma pesquisa aplicada a 1.195 moradores dos sete estados da Região Norte - Acre, Amapå, Amazonas, Parå, RondÎnia, Roraima e Tocantins.

A exemplo dos nordestinos, 72% dos entrevistados nortistas consideram que, em 2024, os eventos climĂĄticos extremos foram piores que em anos passados. Para nove em cada dez (91%) entrevistados, o ano passado foi mais quente que de costume; 76% por cento dos entrevistados consideram que choveu menos (o que nĂŁo significa que chuvas concentradas nĂŁo tenham causado estragos e transtornos) e 78% que os episĂłdios de secas foram mais graves. Para 65% dos entrevistados, os eventos climĂĄticos adversos se tornarĂŁo mais intensos nos prĂłximos 5 anos.

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