Conflito entre poderes

Indicação ao STF gera atrito entre Senado e governo Lula

Atraso no envio de indicação ao STF gera atrito entre Alcolumbre e governo Lula; Gleisi Hoffmann reage e nega crise institucional.

Ipolítica, com informações do g1

Atualizada em 01/12/2025 às 09h03
Davi Alcolumbre divulgou nota neste domingo (30) criticando o governo (Lula Marques / Agência Brasil)

BRASÍLIA, DF A indicação ao STF do advogado-geral da União, Jorge Messias, provocou um novo atrito entre o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional. O presidente do Senado e do Congresso, Davi Alcolumbre, criticou neste domingo (30) o governo federal pelo atraso no envio da mensagem oficial com a nomeação ao Senado.

A indicação de Jorge Messias ao Supremo Tribunal Federal (STF) foi anunciada pelo presidente da República no último dia 20 e publicada no Diário Oficial da União no dia seguinte. No entanto, até o fechamento desta edição, a documentação necessária para dar início ao processo de sabatina e votação ainda não havia sido encaminhada formalmente ao Senado.

Em nota divulgada à imprensa, Alcolumbre afirmou causar “perplexidade” o fato de a mensagem do governo não ter sido enviada e criticou “setores” do Executivo, sem citar nomes.

“A condução desse processo deve respeitar prerrogativas institucionais. Da mesma forma que é atribuição constitucional do presidente da República fazer a indicação, cabe ao Senado analisá-la, aprová-la ou rejeitá-la”, destacou.

Indicação ao STF e defesa da separação de poderes

No comunicado, Alcolumbre reforçou a importância da separação entre os Poderes e afirmou que não se pode permitir tentativas de um Poder desmoralizar outro.

“Não podemos permitir que um Poder tente desmoralizar o outro para fins de autopromoção”, disse.

O senador acrescentou que a decisão do Senado sobre a indicação ao STF será tomada de forma “livre, soberana e consciente” e que nada interferirá no posicionamento institucional da Casa.

Sabatina já tem data marcada

Mesmo sem o envio oficial da indicação, o Senado trabalha com datas previamente estabelecidas para a tramitação do nome de Jorge Messias, caso a mensagem seja protocolada nos próximos dias.

A sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) está marcada para o dia 10. O presidente da comissão, Otto Alencar (PSD-BA), informou que a leitura da mensagem presidencial deve ocorrer nesta quarta-feira (3), quando será concedida vista coletiva aos senadores.

O relator da indicação será o senador Weverton (PDT-MA). Caso a CCJ aprove o nome, a votação em plenário pode ocorrer ainda no mesmo dia.

Segundo Alcolumbre, o cronograma adotado está dentro dos padrões históricos.

“O prazo guarda coerência com a quase totalidade das indicações anteriores e permite que a definição ocorra ainda em 2025, evitando a protelação que, em outros momentos, foi tão criticada”, afirmou.

Governo reage e nega crise institucional

Após a nota de Alcolumbre, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, rebateu as críticas e negou qualquer tentativa de desgaste na relação com o Senado.

Segundo ela, o governo “jamais” tratou a relação com o presidente do Senado de forma “fisiológica” e repudiou qualquer insinuação nesse sentido.

“Repele-se com veemência qualquer tentativa de caracterizar a relação institucional como algo menor que o respeito mútuo entre os Poderes”, declarou.

Gleisi afirmou ainda que todas as outras indicações feitas pelo presidente Lula a cargos que dependem de aprovação do Senado seguiram critérios de transparência e lealdade institucional.

“Os processos transcorreram com diálogo, seriedade e respeito às prerrogativas constitucionais”, completou.

Cenário político e bastidores

Nos bastidores, parlamentares avaliam que o episódio expõe tensões na relação entre Planalto e Congresso em meio à recomposição de forças no início do ano legislativo. A vaga no STF é considerada estratégica e tem impacto direto no equilíbrio político da Corte.

A expectativa é que, com o envio da mensagem presidencial, o impasse seja rapidamente superado para evitar desgaste institucional e atrasos na definição da nova composição do Supremo.

Enquanto isso, líderes do Senado defendem que a tramitação ocorra com rigor técnico, afastando disputas políticas da análise do nome indicado.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais X, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.