Ciência

Desenvolvimento é causa de conflitos ambientais no MA, diz pesquisa

O estudo foi desenvolvido em seis municípios do Maranhão.

Divulgação / Fapema

Atualizada em 27/03/2022 às 11h43
(Reprodução)

MARANHÃO – a década de 1980, no Maranhão, foi marcado pelos conflitos por terra, resultando em altos índices de assassinatos e perseguições no campo, expulsões de camponeses de suas terras e impedimentos de acesso a recursos naturais tradicionalmente utilizados.

Diante disso e das profundas alterações pelas quais vêm passando nos últimos anos as paisagens e os modos de vidas dos grupos sociais em vários municípios do Estado, o professor de Sociologia e Antropologia, Horácio Antunes Júnior, desenvolveu uma pesquisa com o objetivo de identificar e analisar conflitos ambientais, no Maranhão, decorrentes de projetos de desenvolvimento instalados desde a década de 1970.

Segundo o pesquisador, o confronto entre empreendedores e grupos locais tradicionalmente estabelecidos é causado em função das atividades produtivas ou de grandes obras de infraestrutura que demandam novos territórios ou quando as atividades produtivas já estabelecidas implicam em destruição ou proibição de uso de recursos naturais necessários para a reprodução social de determinados grupos sociais.

“A agressão ou destruição da natureza implica também no comprometimento da qualidade de vida tanto de trabalhadores industriais quanto de moradores das periferias das cidades e dos campos. Lutar por melhores condições de trabalho ou pela defesa de um território não é somente uma causa específica, mas um interesse geral das sociedades humanas, que é a conservação planetária”, explica Horácio Antunes.

De acordo com o pesquisador, iniciativas decorrentes de planejamentos governamentais e/ou da iniciativa privada, como a instalação de um grande conjunto de empreendimentos agropecuários, industriais, madeireiros, de transporte e de exploração marítima, têm provocado profundos impactos socioambientais, alterando biomas e modos de vida de populações locais.

A pesquisa afirma que esse cenário desenvolvimentista no Maranhão tem provocado a expulsão de milhares de agricultores de suas terras e o desmantelamento da produção familiar rural.

“Um dos efeitos nefastos para a população local é o fato de o Maranhão ter se tornado, nos últimos anos, um dos Estados brasileiros com maior quantidade de migrantes, pois a dificuldade, quando não impossibilidade, de produzir na própria terra tem levado principalmente homens jovens a buscar a sorte em outros locais, sujeitando-se a toda tipo de exploração. Cabe também ao Maranhão o título de Estado com maior exportador de pessoas para o trabalho escravo”, afirma Horácio Antunes.

Conforme concluiu a pesquisa, que analisou indicadores sociais, após quarenta anos de projetos de desenvolvimento, o Maranhão permanece sendo um dos Estados mais pobres do Brasil, com os piores indicadores de concentração de terras, riquezas e poder político. O estudo foi desenvolvido nos municípios de São Luís, Bacabeira, Rosário, Açailândia, Buriticupu e Alcântara.

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