Descoberta

Novo sítio arqueológico com gravuras rupestres é identificado em São Domingos do Maranhão

Fiscalização do Iphan confirma existência de quatro áreas de arte rupestre na região; preservação é um desafio por conta do vandalismo.

Imirante.com

Segundo o arqueólogo da Superintendência do Iphan no Maranhão, Cleberson Carlos, a descoberta reforça a singularidade da região no contexto arqueológico do estado. (Foto: Cleberson Carlos)

SÃO DOMINGOS DO MARANHÃO - Entre os dias 11 e 15 de agosto de 2025, uma equipe do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) realizou uma ação de fiscalização na região de São Domingos do Maranhão, onde a literatura arqueológica já indicava, desde 1985, a presença de registros rupestres.

A expedição confirmou três sítios já descritos anteriormente (Abrigo Bacupari, Casa de Pedra e Cocal de Dentro), e identificou um novo local, denominado Casa de Pedra do Gleison, que apresenta gravuras entalhadas em rocha.

Segundo o arqueólogo da Superintendência do Iphan no Maranhão, Cleberson Carlos, a descoberta reforça a singularidade da região no contexto arqueológico do estado.

“Os sítios arqueológicos possuem uma importância ímpar para a pré-história do Maranhão, pois até o momento são os únicos identificados com pinturas rupestres. O Abrigo Bacupari é o que apresenta os registros mais preservados. Já os sítios Casa de Pedra e Cocal de Dentro apresentam apenas resquícios mínimos das pinturas. Durante a fiscalização também encontramos um novo sítio, a Casa de Pedra do Gleison, com gravuras, onde possivelmente também houve pinturas no passado. Os quatro sítios têm em comum o fato de estarem inseridos em formações de rocha arenítica”, explica Cleberson Carlos.

As pinturas rupestres são feitas com pigmentos aplicados sobre a rocha, enquanto as gravuras são imagens incisas ou entalhadas diretamente na superfície. Todas as manifestações identificadas estão inseridas em formações de rocha arenítica.

Ameaça da ação humana

Apesar da relevância histórica, os quatro sítios apresentam sinais de vandalismo.

“Infelizmente, todos os sítios arqueológicos da região apresentam marcas de intervenção humana, o que compromete a integridade das entradas e das próprias manifestações rupestres. É fundamental que qualquer descoberta seja comunicada imediatamente ao Iphan, para que o órgão possa zelar pelo local”, alertou o arqueólogo.

A Constituição Federal de 1988 e a Lei nº 3.924/1961 asseguram a proteção do patrimônio arqueológico brasileiro, reconhecido como bem cultural da União. A preservação, no entanto, é responsabilidade compartilhada entre poder público e sociedade.

Apoio da comunidade

Durante as atividades, a equipe do Iphan contou com o apoio de Valdemiro, morador da comunidade de Tranqueira, proprietário da fazenda onde está localizado o sítio Casa de Pedra. Ele tem se dedicado à conservação da área, afastando possíveis vândalos e promovendo ações de educação patrimonial em parceria com escolas locais. Sua atuação é considerada fundamental para a valorização do patrimônio cultural da região.

O Iphan informou que continuará acompanhando os sítios e adotando medidas de preservação para garantir a proteção dos registros.

O que fazer ao encontrar arte rupestre?

Anote a localização: registre no GPS ou, se não for possível, identifique referências da paisagem (estradas, árvores, montanhas).

Comunique às autoridades: informe a superintendência ou escritório técnico do Iphan mais próximo. Caso tenha fotos e coordenadas, repasse-as ao órgão.

Não mexa nas pinturas ou gravuras: evitar qualquer limpeza ou intervenção é essencial para não comprometer as análises.

Não realize escavações: apenas arqueólogos autorizados podem conduzir pesquisas no local.

Evite divulgação em redes sociais: a exposição prematura pode atrair curiosos e vândalos.

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