SÃO LUÍS - “Eu aprendi a ler sozinha aos 8 anos. Quando eu voltava da escolinha comunitária, encontrei na calçada um livro da coleção Vagalume. Eu mudava o final das historinhas, criava personagens e isso me levou a sonhar em escrever um livro de verdade para as pessoas lerem”. Essa é a história da Ahtange Ferreira, hoje escritora, professora de educação infantil e monitora da Unidade SESI Indústria do Conhecimento, no município de Paço do Lumiar, no Maranhão.
Ahtange conta que encontrou na leitura a solução para sair de uma vida de sofrimentos. “A leitura me salvou de uma existência medíocre, de uma vida cinzenta. Me salvou quando, por meio da leitura, eu descobri que vivia um relacionamento abusivo no casamento e me mostrou como sair dele”, compartilha a professora, que revela essa história com detalhes no seu livro “Marcas”.
Em sua trajetória, Ahtange já publicou sete livros que abordam temas relacionados à violência doméstica, gravidez na adolescência, dependência emocional, suicídio, linguagem de sinais e finaliza “O sequestro das vogais”, o primeiro volume da série infantil “Aventuras de Bonny a piratinha ruiva”, que aguarda recurso para impressão.
A monitora da Unidade SESI Indústria do Conhecimento incentiva o público que frequenta a biblioteca com o seu exemplo de superação por meio da leitura. “Sempre falo que o meu primeiro desafio, e o maior de todos, foi acreditar que eu poderia ir além. Que eu poderia mudar minha realidade, dado o contexto no qual eu estava inserida. Que eu poderia reescrever minha história e com isso tocar outras vidas. Venho de uma infância paupérrima e fui criada com o mínimo que uma criança precisa”.
ACESSO À LEITURA – A leitura é uma das práticas mais indispensáveis para a obtenção de conhecimento e enriquecimento da linguagem. As pessoas que possuem o hábito de ler se destacam, pois o exercício propicia o desenvolvimento da criatividade, de soluções, das relações humanas e de habilidades e competências.
De acordo com dados do 3º Painel do Varejo de Livros no Brasil em 2022, apresentados pelo Nielsen Bookscan e pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), considerando-se os três primeiros meses de 2022, foram vendidos 14,56 milhões de livros, com receita de R$ 661,30 milhões. Comparando os meses de janeiro a março de 2021, as vendas somaram 12,59 milhões de exemplares, com faturamento de R$ 567,63 milhões.
A 4ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo Instituto Pró-Livro, o brasileiro tem uma média anual de 4,96 livro por habitante. No entanto, apenas 2,43 desses livros (menos de 3, em média) foram lidos do início ao fim, o que compromete ainda o índice de leitura no Brasil.
Apesar do resultado da pesquisa ser positivo, a sociedade brasileira ainda possui dificuldade em adotar a leitura no dia a dia. A coordenadora da pesquisa Retratos da Leitura, do Instituto Pró-Livro, Zoara Failla, acredita que o brasileiro ainda lê pouco e a tendência é que as próximas pesquisas do Instituto apurem queda nos índices de leitura.
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É nesse cenário que se insere a iniciativa do Serviço Social da Indústria (SESI), que se concentra em promover o acesso à informação e ao conhecimento, estimulando práticas de leitura e de pesquisa para jovens e adultos por meio da implantação da Indústria do Conhecimento – um centro multimeios com biblioteca equipada com internet e espaço para estudos disponibilizados à comunidade. A Indústria do Conhecimento apoia os projetos e programas educacionais oferecidos pela indústria onde está instalada, além de promover atividades culturais.
São 25 unidades distribuídas pelos municípios maranhenses oferecendo condições para leitura, estudo e acesso a tecnologias à população. Para compor as unidades, o SESI conta com monitores, como a escritora Ahtange, capacitados pela Coordenadoria de Educação do SESI.
“A Indústria do Conhecimento SESI-MA busca valorizar e difundir ações exitosas de fomento à leitura e ao conhecimento no Estado. Preparamos uma equipe de monitores culturais presentes em nossas unidades pelo Maranhão; esses profissionais são responsáveis por plantar essa sementinha literária e instigar as pessoas para o hábito da leitura, e fazem esse trabalho com muita dedicação. Nós realizamos a difusão e acesso ao livro com ações de fomento à leitura muito comprometidas em colaborar com a formação de crianças, jovens e o público em geral”, destacou o superintendente regional do SESI-MA, Diogo Lima.
A Indústria do Conhecimento é implantada em localidades de baixo IDH, e fica à disposição dos trabalhadores, de seus dependentes e da comunidade em geral. Seus ambientes são projetados para facilitar a acessibilidade física e oferecem boas condições para leitura e estudo, acesso a tecnologias e horário de funcionamento adequado para a população em geral.
LER É MÁGICO - Se Ahtange aprendeu a ler por conta própria aos 8 anos e ainda assim se tornou escritora, imagina se as crianças fossem estimuladas a criar suas próprias histórias, a lançar seus livros e a descobrir seus múltiplos talentos no ambiente escolar. Pois é assim que a Escola SESI Bacabal atua com o projeto Estante Mágica. Em sua terceira edição, a iniciativa reuniu 221 escritores com uma produção literária abundante, criativa e de encher qualquer pessoa de orgulho.
Ler é mágico. E é nesse ambiente de magia que os estudantes constroem com palavras, criatividade e imaginação uma ponte para o futuro. Ana Vitória, 10, escreveu ‘Uma fada perdida” inspirada na natureza. Isabela Bianca, 11, redigiu “A Cidade do Lixo”, uma reflexão sobre a geração de resíduos. E Ana Júlia, 7, narrou o “Sonho de uma pessoa que queria ir para o Parque Aquático”. Ana Vitória quer ser advogada, Isabela sonha em ser cantora e Ana Júlia é categórica em dizer que será doutora. Se esses desejos vão se confirmar, não se sabe. A certeza que se tem é que a leitura expande mentes, informa, empodera as pessoas, que podem se tornar o que desejarem ser.
No próximo ano, além dos estudantes do Fundamental I (1º ao 5º ano), o Projeto Estante Mágica será aberto à participação dos alunos do Infantil II. Ruth Ribeiro Oliveira do Nascimento, bibliotecária e coordenadora do Estante Mágica na Escola SESI Bacabal, contou que os estudantes criam seus próprios textos e ilustrações. Cada produção é transformada em um e-book, com direito a noite de autógrafos e tudo. Toda história também é publicada em forma de game, online. “O projeto envolve os alunos e as famílias, é alinhado à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), trabalha as competências socioemocionais e dá ao aluno a possibilidade de se tornar protagonista de sua própria história”, resumiu Ruth.
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