Atendimento negado

Família denuncia negligência médica e hospitalar após morte de bebê de quatro meses em São Luís

José Fernando não foi tratado a tempo em uma UTI; hospital alega que prestou toda a assistência necessária.

Imirante, com informações da TV Mirante

José Fernando, de apenas quatro meses, morreu na última quarta-feira (12). (Reprodução / TV Mirante)

SÃO LUÍS - A família de um bebê de quatro meses, identificado como José Fernando, que morreu no Hospital Guarás, em São Luís, na última quarta-feira (12), entrou na Justiça contra a unidade de saúde, a equipe médica do local e o plano de saúde Hapvida, após a criança morrer sem ser tratada a tempo em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), como havia sido recomendado pelos médicos. De acordo com a declaração de óbito, José Fernando morreu de insuficiência cardíaca, hemorragia e pneumonia bacteriana.

De acordo com a família, José Fernando foi atendido quatro vezes na pediatria do Hospital Guarás, com problemas de saúde. Um médico assinou o pedido de internação em leito de UTI pela emergência, mas o hospital não autorizou o atendimento.

Com a recusa do Hospital Guarás, a família de José Fernando recorreu à Justiça e ajuizou uma ação contra o Hapvida Assistência Médica Limitada, para que o plano autorizasse a internação e os procedimentos recomendados pelo médico. A juíza auxiliar da comarca de São Luís, Iris Danielle de Araújo Santos, aceitou o pedido e deu um prazo de 24 horas para que o bebê fosse internado, porém, o plano de saúde alegou carência contratual e negou a transferência para a UTI.

Com a demora na internação, José Fernando não resistiu aos problemas de saúde e morreu. A família do bebê afirma que o hospital foi desumano e negligente. "Foi uma negligência total, descaso total e foi desumano o tratamento. Desumano de olhar uma criança daquela idade sofrendo o tempo inteiro, sem parar, buscando o oxigênio, tentando respirar e até chegar na morte. E eles olhando sem sentimento nenhum", lamentou Fernando Bezerra, avô de José.

A família de José Fernando relata ainda que se dispôs a bancar os custos da internação na UTI após o plano não acatar a ordem judicial, mas o responsável do hospital, de acordo com Fernando Bezerra, agiu com negligência no momento de resolver a questão. "Quando eles não respeitaram a ordem judicial liminar de internar na UTI, eu cheguei lá na madrugada e falei com o responsável do hospital e perguntei quanto seria para poder internar meu neto imediatamente na UTI, e ele ficou indo pro escritório pra falar com o jurídico e não voltou mais. Nos deixou lá até a hora da morte da criança", disse o avô de José Fernando.

A avó de José Fernando, Francisca Lúcia, que é técnica de enfermagem, diz que os procedimentos do hospital não foram feitos de maneira adequada e que a unidade de saúde abriu a UTI tarde demais.

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"Quando ele (o médico) voltou da UTI, o que ele me disse, ele chegou dizendo pra mim: ‘vó, sim, eu fiz todos os procedimentos’. Eu disse: ‘fez não doutor, o senhor não fez, eu sei que meu neto já saiu daqui morto", lamentou Francisca Lúcia.

Rafael Pessoa, advogado da família de José Fernando, moveu uma ação civil contra o hospital e o plano de saúde, além de uma ação criminal contra a equipe médica, acusada de conduta criminosa. "Queremos que os responsáveis pela morte da criança sejam realmente punidos, que seja instaurado um inquérito policial a fim de investigar a prática do crime de homicídio doloso, na modalidade de dolo eventual. E os responsáveis que causaram a morte do bebê sejam punidos rigorosamente", declarou o advogado.

Em nota enviada à TV Mirante, o plano de saúde Hapvida afirma que o Hospital Guarás prestou toda a assistência necessária a José Fernando, com a realização de exames e administração de medicamento.

Leia a nota da Hapvida na íntegra:

A companhia lamenta profundamente o falecimento da criança. Desde que deu entrada na unidade, o paciente recebeu toda a assistência necessária, com exames e administração de medicamentos indicados para seu quadro de saúde, além do atendimento ter sido prestado em sala equipada com aparelhos de terapia intensiva. Mesmo com todos os esforços da equipe, infelizmente, o paciente não resistiu ao quadro clínico de dificuldade respiratória. A empresa reforça o seu pesar e está à disposição da família para ajudá-los a lidar com essa perda irreparável.

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