'Direita' maranhense não existe
Por mais que mais e mais maranhenses comecem a mostrar sua preferência pela direita conservadora, o fato é que não existe direita conservadora na política. Isso é um alerta, não uma crítica.
Após o desmoronamento do teatro mambembe do "toma lá, dá cá" entre PT e PSDB - descrito de maneira brilhante por Olavo de Carvalho como Teatro das Tesouras - após as eleições de 2014, o conservadorismo voltou a se manifestar na política partidária do Brasil. Por décadas, o que se convencionava chamar de “direita” política não existia nas esferas do poder. Entre 1990 e 2014, no mundo organizado da política, a direita era lenda urbana. Mas veja bem: no povo, o pensamento conservador nunca murchou. Pelo contrário, já em 2005, no famigerado referendo sobre o desarmamento, milhões de brasileiros deram uma rasteira na hegemonia esquerdista, dizendo um sonoro “não” ao desarme. Todos os partidos, todas as emissoras de televisão, jornais, artistas, jornalistas, militantes, professores universitários, funcionários públicos… Todos os agentes da esquerda estavam derrotados. Estava provado: não havia políticos de direita, mas havia um povo conservador.
Pois bem, e o Maranhão? Aquela pergunta que volta e meia brota do nada: Existe direita organizada no Maranhão?” Quem se arriscaria a apontar um líder, um partido, um mísero agrupamento coerente com o ideário conservador? José Sarney, Lahesio Bonfim, Josimar de Maranhãozinho? Ah, vá! Quem conhece as teorias e as práticas sabe a resposta óbvia. Mas aí não teria graça, certo? Então, para não terminar com um singelo “Não, não existe direita conservadora na política maranhense. Fim.”, vamos aprofundar o debate!
Detalhe importante: todo professor de história que tratou José Sarney como direitista em sala de aula é picareta. Vamos lá!
Primeiramente, o que significa ser de direita, afinal? Vamos considerar a definição do filósofo norte-americano Thomas Sowell: direita/conservadorismo representa um conjunto de ideias que valoriza o mercado livre, a responsabilidade individual, a propriedade privada, governos limitados, mínima intervenção estatal, além de tradições e instituições que promovem a ordem social, principalmente a família. E que acredita, claro, que a liberdade econômica é o motor da prosperidade.
Tudo entendido? Maravilha! Agora, a parte divertida: não existe direita na política organizada do Maranhão. Calma, não estou dizendo que não existam indivíduos conservadores, ou até práticas conservadoras soltas por aí. Existem demais! Mas estou falando de política organizada. Partidos, lideranças comprometidas com esse ideário e movimentos que defendam essa visão de mundo. Nada. Vácuo total.
“E aquela galera do verde e amarelo na Litorânea?", alguém pode perguntar. Bem, aquilo ali era coordenação de torcida organizada por Jair Bolsonaro, não um grupo de líderes conservadores maranhenses articulando um projeto político. Já Bolsonaro, gostem ou não, teve o mérito de ressuscitar a direita nacional. E, convenhamos, o que não faltou foi oportunista pegando carona na popularidade do homem – Frota, Dallagnol, Moro e outras figurinhas – mais interessados no marketing da coisa do que em construir uma coisa genuína. O Maranhão também teve os seus.
Em nossa terra, a classe política inteira é estatista, toda ela. Acredita piamente que o povo não sabe cuidar da própria vida e precisa ser tutelado pelo Estado. Empresário? Ah, é explorador, claro! Base de Alcântara? Tem que ser aldeia! Fora foguetes! Conter gastos? Nunca! Diminuir cargos? Deus nos livre!
Assistencialismo é o pão nosso de cada dia para todos os nossos políticos. De fato, para eles, a sociedade é incapaz de se autodeterminar e não tem habilidade para solucionar problemas simples.
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Uns mais, outros menos. A certeza da certeza é que não há liderança política que se apresenta como sendo de direita alheia ao que a esquerda oferece como solução para o Maranhão. A realidade é dura… Mas, não deixa de ser real.
Nesse apocalipse progressista, “direita conservadora” não passa de um tom diferente no arco-íris da hegemonia socialista. Se você duvida, lembre o fato incômodo: a cidade de São Luís, em 2024, aprovou um referendo esquisitíssimo sobre gratuidade de passagens para estudantes universitários, maquiado de “passe-livre” geral. Resultado: nenhum “direitista” se mexeu contra essa ideia, ninguém levou nada à Justiça. Quem é de direita abomina essa farra paga com o dinheiro dos outros. E o que tivemos? Silêncio sepulcral.
Mesmo com provas incontestes de que 100% dos ludovicenses foram às urnas sem saber nada sobre o assunto. Sem saber, até mesmo, o número de cada proposta, até agora a direita conservadora (vereadores, deputados e lideranças) assiste tudo calada. Foge do trabalho de verdade como militante do PCdoB foge da carteira de trabalho.
Mais uma prova? Meses após o referendo, houve um aumento de impostos. De novo, nenhum movimento articulado, nenhuma ação contundente ou nenhum recurso jurídico. Só reclamaram no Instagram. Para inglês ver. Isso é direita? Isso é o que mesmo?
Por aqui, ser político de direita é ser cosplay de Jair Bolsonaro. Vai lá, fala mal do PT, dá três pulinhos e repete “Deus, pátria e família” três vezes. Saravá! Uns usam o rótulo para tentar ganhar a eleição, outros acham que basta odiar a esquerda. Sério mesmo? Não existe militância, ação ou projeto. Só papo vazio e “like” nas redes.
A verdade é amarga: não existe direita organizada na política do Maranhão. O que há é um punhado de fingidores, amadores e oportunistas. Outros são apenas românticos instrumentalizados que acreditam na coisa e têm potencial, mas péssimas baixas não permitem vôos altos.
Enquanto não surgir um movimento sério, comprometido com a aplicação dos princípios da direita nas políticas públicas do estado, valente e disposto a encarar esse matagal socialista que é o maranhão, seguimos no mundo da fantasia.
É só onanismo político, minha gente. E ponto final.
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