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De Olho na Economia
É economista com experiência nacional e internacional em análises macroeconômicas e microeconômicas. Possui habilidade em análises setoriais, gestão do capital humano, orçamentos e finanças.
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Mais uma, greve de ônibus em São Luís

As sugestões apresentadas neste artigo são apenas um ponto de partida para um debate mais amplo sobre o futuro do transporte público na região metropolitana de São Luís.

Wagner Matos / Economista

Atualizada em 21/02/2025 às 23h53
A possibilidade de realizar uma nova licitação para o sistema de transporte público é uma oportunidade de aprimorar o modelo e torná-lo mais eficiente. (Foto: Divulgação)

As greves de ônibus em São Luís, como a atual, revelam os complicados desafios do transporte público na capital maranhense. Esse problema vai além de disputas salariais entre rodoviários e empresas, afetando diretamente cerca de 700 mil pessoas que dependem desse meio de transporte diariamente, além de causar impactos econômicos na população, no setor produtivo e na arrecadação pública.

Um dos pontos cruciais a serem considerados é o sistema de gratuidades, amparado por leis municipais como a Lei nº 4.328/2004, alterada pela Lei nº 6.643/2019, e a Lei nº 7.649/2024. Idosos, pessoas com deficiência, crianças menores de 7 anos, policiais, bombeiros, agentes de trânsito e carteiros são alguns dos beneficiados pela isenção tarifária. Além termos a meia passagem para os estudantes. Se, por um lado, a gratuidade garante o acesso ao transporte para aqueles que mais precisam, por outro, é fundamental que se tenha dados precisos sobre o impacto financeiro dessas gratuidades no sistema coletivo urbano. O repasse anual do último ano de 2024 da prefeitura de São Luís foi de R$ 89 milhões, uma compensação financeira para as empresas para o funcionamento do sistema coletivo urbano, que opera em péssimas condições. Porém, acredito que é necessária uma revisão na gratuidade, tipo uma meia passagem para alguma das classes trabalhadora mencionada anteriormente, onde a revisão poderá proporcionar um alívio ao orçamento público municipal.

Ainda no âmbito dos custos, é preciso lembrar que muitos insumos utilizados no transporte público, como diesel, óleos, pneus e peças de reposição, são atrelados ao dólar, o que os torna mais caros e imprevisíveis. Além disso, as empresas de ônibus precisam arcar com custos de bilhetagem, comunicação, monitoramento, seguros, folha de pagamento dos funcionários e, principalmente, as altas taxas de juros dos financiamentos de veículos.

A prefeitura de São Luís tem investido na melhoria da malha viária da cidade, com a aplicação de asfalto de qualidade e intervenções em ruas e avenidas para diminuir o trânsito. Essas ações, sem dúvida, contribuem para a fluidez do tráfego de veículos, redução de manutenções na frota e alívio do estresse dos passageiros e motoristas. No entanto, ainda há muito a ser feito em manutenção e recuperação de vias nas áreas da região metropolitana da capital maranhense, que abrangem os municípios de Raposa, Paço do Lumiar, São José de Ribamar e São Luís. 

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A possibilidade de realizar uma nova licitação para o sistema de transporte público é uma oportunidade de aprimorar o modelo e torná-lo mais eficiente. É essencial que a nova licitação contemple a participação de todas as empresas em todas as linhas, evitando que algumas fiquem apenas com as rotas mais lucrativas, enquanto outras operam em áreas menos favorecidas. A inclusão de vans cadastradas para atender áreas críticas da região metropolitana também é uma medida importante a ser considerada.

A construção e manutenção dos terminais de ônibus devem ser de responsabilidade do poder público municipal. Além de garantir a infraestrutura adequada para os usuários, a prefeitura também precisa promover a integração entre os diferentes meios de transporte, como ônibus, vans e até mesmo o transporte de aplicativos.

As sugestões apresentadas neste artigo são apenas um ponto de partida para um debate mais amplo sobre o futuro do transporte público na região metropolitana de São Luís. É fundamental que a sociedade civil, as empresas de ônibus, os rodoviários, o poder público e os especialistas se unam para encontrar soluções que atendam às necessidades da população e garantam um sistema de transporte público eficiente, seguro, acessível e sustentável. Acreditamos que, com diálogo e boa vontade, é possível construir um futuro em que o transporte público seja motivo de orgulho para os ludovicenses, e não de transtornos e frustrações.

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