
SÃO LUÍS - Um levantamento do Movimento em Defesa da Ilha, utilizando dados da rede de monitoramento mantida pela Secretaria de Indústria e Comércio, apontou que a poluição do ar em São Luís ultrapassou os limites seguros em mais de 900 vezes durante o ano de 2023 e tem relação com o crescimento de casos de doenças respiratórias na capital maranhense.
O Movimento em Defesa da Ilha informa ainda que, em 2024, os dados não tiveram registros por quase seis meses e, quando retornaram, os números apresentaram queda. A situação chamou a atenção dos pesquisadores, que fazem um alerta sobre a falta de fiscalização e transparência sobre a poluição em São Luís.
No entanto, em 2024, os dados ficaram sem registros por quase seis meses e, quando retornaram, os números apresentaram queda. A situação chamou a atenção dos pesquisadores, gerando alertas sobre a falta de transparência e fiscalização.
Em entrevista à TV Mirante, o advogado e ativista ambiental Guilherme Zagallo informou que o monitoramento público sobre a poluição em São Luís faz parte da licença concedida para as empresas que atuam na região do Distrito Industrial e deveria estar funcionando a todo o momento.
"Se o monitoramento não está funcionando seria o caso, inclusive, de suspender a licença até que exista uma rede pública de monitoramento de qualidade. As declarações da SEMA são extremamente preocupantes", destaca Guilherme.
Por outro lado, algumas comunidades da zona rural de São Luís estão percebendo o impacto do aumento da poluição do ar em seus meios de subsistência a cada dia. O pescador Alberto lopes aponta que a contaminação na comunidade do Tain é constante na área e varia conforme a época do ano. No local, 200 famílias vivem da pesca e do extrativismo, mas esse modo de vida é ameaçado pela presença das indústrias de alumínio e asfalto.
"O resíduo da fábrica, o que já foi jogado na floresta, e agora a chuva lava e traz para o rio do mesmo jeito. E, no período seco, ele vem pelo ar mesmo, o que afeta ainda mais a respiração. Há 40 anos, há 30 anos, a gente respirava um ar mais puro e saudável. A água, o ar, as frutas eram todas mais saudáveis. Agora, já vemos o resultado das indústrias ao redor das comunidades. As fruteiras ainda dão frutos, mas não são mais como antes, com a mesma qualidade", diz o produtor rural Zé Reinaldo Moraes.
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Poluição e doenças respiratórias
Pesquisas da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) apontam que a poluição do ar pode ser a causa do aumento de doenças respiratórias em São Luís, principalmente nas comunidades localizadas próximas ao Distrito Industrial.
"O resultado das pesquisas indicou uma área mais central da cidade e uma área próxima à região Itaqui-Bacanga, próxima ao Distrito Industrial. Portanto, as pessoas nessas áreas podem estar adoecendo devido a doenças respiratórias. Identificamos também duas grandes fontes de poluição: os veículos automotores e as indústrias", afirma Márita Ribeiro, doutora em Geografia Humana da UFMA.
Pesquisadores e ativistas apontam que é necessário rever a política econômica do Maranhão, com maior fiscalização e transparência na divulgação de dados sobre a poluição.
"É preciso repensar o modelo de desenvolvimento econômico que temos hoje na cidade de São Luís e no Maranhão de forma geral. Isso está diretamente relacionado a repensar a matriz energética do Estado e de São Luís, em direção a uma matriz energética mais limpa", destaca o geógrafo Luiz Eduardo Neves.
Em nota, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) afirma que tem intensificado a fiscalização de empreendimentos industriais, combatido atividades não licenciadas e criado normativas para melhorar a qualidade ambiental em todo o Maranhão.
Saiba Mais
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- Poluição do ar é responsável pela morte de 7 milhões de pessoas por ano
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