Rompeu o silêncio

Brandão afirma que Rubens Júnior tentou negociar tramitação de processo no STF

Brandão afirmou que o deputado federal Rubens Júnior o pressionou por troca de apoio político à andamento de ações que tramitam no STF.

Ronaldo Rocha / Ipolítica

Atualizada em 22/10/2025 às 19h26
Brandão divulgou nota sobre crise política no estado (Reprodução)

SÃO LUÍS - O governador do Maranhão, Carlos Brandão (PSB), se manifestou por meio de nota na tarde desta quarta-feira (22) a respeito da crise política provocada no estado com a divulgação de áudios envolvendo aliados do ex-governador e hoje ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino.

Os áudios foram apresentados na tribuna da Assembleia Legislativa pelo deputado Yglésio Moyses (PRTB). O material expõe lideranças do grupo que foi construído pelo ex-governador com pressões sobre o Palácio dos Leões. 

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No documento divulgado à imprensa, Brandão afirma que sofria pressões já antes mesmo do conteúdo dos áudios ser divulgado. 

“Tudo que agora veio a público já era sabido, porque eles próprios, numa exibição de intimidade com outras forças, falavam abertamente. A quem quisesse ouvir e, eventualmente, até gravar”, enfatizou.

Brandão também afirmou que o governo anterior queria permanecer no comando da gestão, mas ele - como atual chefe do Executivo -, impôs limites, o que desagradou os ex-aliados.

O governador do Maranhão enfatiza que houve reação “insana e agressiva” por parte dos ex-aliados e os acusou de “chantagens e barganhas nada republicanas”.

Brandão diz que Rubens Júnior propôs troca de apoio eleitoral por movimentação de processos no STF

Ele também afirmou que os ex-aliados tentaram trocar apoio à candidatura em Colinas - no pleito municipal -, em troca da liberação das vagas do Tribunal de Contas do Estado do Maranhão (TCE-MA) que estão retidas por decisão do STF e sob a relatoria de Dino.

“Tudo que agora veio a público já era sabido, porque eles próprios, numa exibição de intimidade com outras forças, falavam abertamente. A quem quisesse ouvir e, eventualmente, até gravar. O deputado Rubens Júnior me trouxe o recado, uma oferta. Eu apoiaria candidatura de interesse do deputado Márcio Jerry em Colinas, e as vagas retidas do TCE seriam liberadas. O próprio Rubens Júnior confirmou na tribuna da Câmara Federal”, disse.

E completou: “Eu não gravei, meu governo não gravou. Eles se fizeram gravar. Agora temem os efeitos dessa exposição vexatória a que se submeteram, expondo nomes de outros níveis de poder”.

Abaixo, a íntegra da nota

Em política, tem que se ter coerência. Sou parceiro do presidente Lula sob qualquer circunstância, mas aqui no Maranhão plantou-se uma divisão.

O governo que se encerrou em 2022 quis permanecer no comando da gestão para a qual fui eleito. Fui parceiro, mas impus limites.

A reação foi insana, agressiva, utilizando-se até de chantagens e barganhas nada republicanas.

Tudo que agora veio a público já era sabido, porque eles próprios, numa exibição de intimidade com outras forças, falavam abertamente. A quem quisesse ouvir e, eventualmente, até gravar.

O deputado Rubens Júnior me trouxe o recado, uma oferta. Eu apoiaria candidatura de interesse do deputado Márcio Jerry em Colinas, e as vagas retidas do TCE seriam liberadas. O próprio Rubens Júnior confirmou na tribuna da Câmara Federal.

Eu não gravei, meu governo não gravou. Eles se fizeram gravar. Agora temem os efeitos dessa exposição vexatória a que se submeteram, expondo nomes de outros níveis de poder.

Carlos Brandão, governador do Maranhão

Outro lado

O Imirante entrou em contato com os deputados federais Rubens Júnior e Márcio Jerry. Ambos citados pelo governador Carlos Brandão. 

Rubens Júnior

Por meio de nota, Rubens Júnior reafirmou o pronunciamento dado na terça-feira na Câmara Federal. Ele negou que tenha ofertado acordo com o governador e rechaçou chantagens. Abaixo a íntegra da nota de Rubens.

"Reafirmo tudo o que disse ontem na tribuna da Câmara dos Deputados.  

A verdade está no meu pronunciamento e não em áudios gravados ilegal e clandestinamente, usados de forma descontextualizada para atender interesses políticos.

Nunca houve oferta de acordo ou chantagem envolvendo qualquer processo judicial.

Este assunto já está sob investigação da Polícia Federal a meu pedido. Não tenho medo da verdade e quero a apuração".

Márcio Jerry

Procurado, Márcio Jerry encaminhou nota.

Veja nota na íntegra: 

Em política tem que ser ter coerência. E é também uma característica essencial da boa política respeitar a palavra dada e o compromisso assumido.

Em 2022 o então vice-governador Carlos Brandão recebeu das mãos honradas e limpas do então governador Flávio Dino o comando do Maranhão no compromisso de dar continuidade ao ciclo de mudanças iniciado em 2015.

Mas Brandão desrespeitou a palavra dada, descumpriu compromissos e resolveu instituir um governo familiar e patrimonialista, num grave retrocesso. Mais grave: entregou o governo na prática ao comando de seu irmão Marcus Brandão. E o pior: retrocesso na segurança pública, precarização dos serviços de saúde, abandono das rodovias estaduais, abandono do Escola Digna, entre outros graves problemas na gestão.

O governo encerrado em 2022 jamais quis permanecer no comando da gestão. O que se quis, através do exercício político democrático, foi que o governo avançasse o ciclo virtuoso iniciado sob liderança de Flávio Dino.

Como integrantes do núcleo político que elegeu Brandão governador, fizemos um esforço permanente em dialogar para manter coerência com o processo político e administrativo vitorioso em 2014. Os diálogos, contudo, foram escasseando na exata medida em que o governador Brandão se distanciava dos princípios de gestão republicana e acentuava o caráter familiar e despudoradamente patrimonialista.

A política democrática foi substituída pelo uso da máquina pública para cooptar, chantagear, coagir e assim montar um projeto de poder familiar. Uma politicagem "insana, agressiva, utilizando-se até de chantagens e barganhas nada republicanas".

Esse processo infelizmente degradou a tal ponto que o próprio governador Carlos Brandão foi puxado pelo irmão Marcus ao território sujo da baixíssima politicalha participando de um esquema de gravações clandestinas próprias de gangsterismo político.

Faltou coerência a Brandão. Mas faltou também decência. Sairá do governo para o panteão de maior traidor da história politica do Maranhão.

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