COLUNA
Ronaldo Rocha
Ronaldo Rocha é jornalista de política do Grupo Mirante.
Crítica

Crise no Rio escancara demora do Congresso em tratar segurança pública

Deputados discutem possibilidade de antecipar apreciação da PEC da Segurança Pública, enviada para a Câmara Federal desde o mês de abril.

Ipolítica

Atualizada em 31/10/2025 às 16h00
Plenário da Câmara Federal em Brasília (Depositphotos / Site da Câmara)

SÃO LUÍS - Pressionado pela grave crise na segurança pública e a forte repercussão da megaoperação policial no Rio de Janeiro que resultou em pelo menos 121 mortes, o Congresso Nacional avalia agora a possibilidade de acelerar a discussão a respeito da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 18/25, conhecida como PEC da Segurança Pública, que tramita na Câmara Federal desde o mês de abril.

A peça está sob a análise da Comissão Especial criada na Casa, e somente após apreciação, é que irá ao Plenário. Esse será o último passo antes de a matéria seguir para o Senado Federal, onde deverá passar por comissões e também pelo Plenário. 

Somente depois da pressão popular e da cobertura internacional do caso, é que o Congresso tenta reagir, tardiamente, à crise na segurança.

E essa morosidade é um problema que se arrasta há anos.

PEC da Segurança Pública propõe reestruturar modelo no Brasil

A PEC da Segurança Pública foi Elaborada pelo governo federal e propõe uma reestruturação do modelo de segurança pública no Brasil, com o objetivo de promover maior integração e coordenação entre os diferentes níveis de governo e órgãos do setor.

Leia também: Deputados acreditam em aprovação da PEC da Segurança após crise no RJ

A iniciativa se apoia em três pilares: tornar o Sistema Único de Segurança Pública (Susp) uma estrutura constitucional — atualmente instituída apenas por lei ordinária (Lei nº 13.675/18); ampliar as atribuições de órgãos como a Polícia Federal (PF); e reforçar o papel da União no planejamento e na coordenação das ações de segurança pública.

Apesar da importância inequívoca da peça, não houve agilidade na tramitação.

Agilidade, aliás, que há para a aprovação de impostos que pesam no bolso do cidadão.

O problema é que temas como segurança, educação e saúde não recebem o tratamento adequado que se espera da classe política que representa a sociedade, no Congresso Nacional. 

Emendas parlamentares sem o menor critério de transparência e aumento robusto no fundo eleitoral e no fundo partidário, por exemplo, concentraram esforços maiores nos últimos anos de deputados e senadores. 

E basta lembrar dos episódios recentes. 

A impressão que passa é de que toda mobilização de congressistas neste momento somente ocorre por causa da situação de caos e do clima de guerra que se instalou no Rio de Janeiro.

Facções criminosas dominam territórios em todo o país

Há anos, facções criminosas passaram a dominar territórios em todo o país, inclusive aqui, no Maranhão. 

São articuladas, estruturadas e impõem medo e terror nos locais onde se instalam. Deixam comerciantes reféns, determinam quem pode ou não entrar em comunidades e favelas e travam batalhas sangrentas com a polícia. 

E parece que nada acontece em Brasília. 

A preocupação maior é com a viabilidade eleitoral e com a hegemonia de bandeira partidária e ideológica. 

Deputados e senadores devem respostas à sociedade. O Congresso está em dívida com o cidadão.

E tudo isso por causa da inércia, da omissão e da falta de um posicionamento capaz de reverter esse trágico quadro no Brasil.


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