BRASĂLIA - - O debate sobre cotas raciais nas universidades foi retomado nos Ășltimos dias. Criado hĂĄ quatro anos, o sistema de cotas para negros (pretos e pardos) da Universidade de BrasĂlia (UnB) sofreu diversas crĂticas por ter excluĂdo do processo de seleção um estudante autodeclarado negro cujo irmĂŁo gĂȘmeo foi aceito pela universidade como cotista. A anĂĄlise fotogrĂĄfica dos estudantes Ă© apontada como responsĂĄvel pela diferença no resultado. ApĂłs anĂĄlise de recurso, a UnB autorizou a inclusĂŁo do estudante inicialmente considerado inapto no processo de seleção por cotas para negros.
CrĂticos da reserva de vagas afirmam que os critĂ©rios estĂŁo equivocados por utilizar a cor ou a raça como fator de exclusĂŁo educacional e, nĂŁo, as condiçÔes sociais e econĂŽmicas. A ministra da Secretaria de Promoção de PolĂticas de Igualdade Racial (Seppir), Matilde Ribeiro, defende que as experiĂȘncias com cotas raciais em curso no paĂs, ao considerarem as necessidades de criação de vagas para negros e Ăndios, ampliam as oportunidades para os pobres. Pelos cĂĄlculos do governo federal, dois terços dos pobres e miserĂĄveis do paĂs sĂŁo afrodescendentes.
âNĂłs bem sabemos a educação Ă© uma fonte para a melhoria da qualidade de vida. NĂŁo Ă© a Ășnica, mas Ă© uma fonte, uma ponte muito importante. EntĂŁo termos mais jovens, homens e mulheres, indĂgenas, negros, pobres nas universidades Ă© sinal de que a polĂtica pĂșblica brasileira estĂĄ se dinamizando e se democratizando cada vez maisâ, diz a ministra.
Em entrevista divulgada ontem (6) Ă noite pela Secretaria de Comunicação Social da PresidĂȘncia da RepĂșblica, ela afirma ser "muito difĂcil separar a pobreza da discriminação racial". "Quanto mais se olha para a periferia, para as favelas, percebe-se que a maioria das pessoas Ă© negra. Por outro lado, os negros, mesmo os que nĂŁo estĂŁo em condiçÔes empobrecidas, sĂŁo discriminados por serem negros."
Na avaliação de Matilde Ribeiro, setores conservadores, com "reaçÔes muito contundentes", acusam o governo de desenvolver açÔes afirmativas como a polĂtica de cotas em detrimento de uma polĂtica de carĂĄter universalista. "Os resultados [das cotas] atĂ© agora sĂŁo bastante animadores. Os alunos que entraram no ensino superior tĂȘm tido desempenho igual ou superior aos demais. Percebe-se que quando Ă© dada uma oportunidade a quem nunca teve, a pessoa agarra essa oportunidade como sendo Ămpar na sua vida e se esforça ao mĂĄximo para aproveitĂĄ-la."
De acordo com a Secretaria de Educação Superior do MinistĂ©rio da Educação (MEC), diferentes sistemas de cotas universitĂĄrias sĂŁo aplicados atualmente por 34 instituiçÔes de ensino superior, sendo 15 federais e 19 estaduais. No ano passado, havia no paĂs cerca de 25 mil alunos cotistas nas universidades pĂșblicas. O aumento no nĂșmero de matrĂculas, os sistemas de cotas e o Programa Universidade para Todos (ProUni) sĂŁo apontados como responsĂĄveis pelo crescimento no nĂșmero de universitĂĄrios pretos e pardos.
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de DomicĂlios (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e EstatĂstica (IBGE), entre 1995 e 2005, o percentual de universitĂĄrios que se declararam pretos ou pardos subiu de 18% para 30%. O crescimento ocorreu principalmente a partir de 2001, quando o percentual de alunos pretos e pardos ainda era de 22%.
Pelos cĂĄlculos do governo, atĂ© 2005, a participação de pretos e pardos deve crescer a um ritmo mĂ©dio de dois pontos percentuais ao ano. Nesse ritmo, em 2015, os dois grupos estarĂŁo incluĂdos na universidade em uma proporção considerada compatĂvel Ă presença deles na população. Atualmente, 49% dos brasileiros se autodeclaram como pretos e pardos (PNAD/2005).
Leia outras notĂcias em Imirante.com. Siga, tambĂ©m, o Imirante nas redes sociais X, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa pĂĄgina no Facebook e Youtube. Envie informaçÔes Ă Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.