PolĂȘmica

Ministra defende cotas raciais no vestibular

AgĂȘncia Brasil

Atualizada em 27/03/2022 Ă s 14h01

BRASÍLIA - - O debate sobre cotas raciais nas universidades foi retomado nos Ășltimos dias. Criado hĂĄ quatro anos, o sistema de cotas para negros (pretos e pardos) da Universidade de BrasĂ­lia (UnB) sofreu diversas crĂ­ticas por ter excluĂ­do do processo de seleção um estudante autodeclarado negro cujo irmĂŁo gĂȘmeo foi aceito pela universidade como cotista. A anĂĄlise fotogrĂĄfica dos estudantes Ă© apontada como responsĂĄvel pela diferença no resultado. ApĂłs anĂĄlise de recurso, a UnB autorizou a inclusĂŁo do estudante inicialmente considerado inapto no processo de seleção por cotas para negros.

CrĂ­ticos da reserva de vagas afirmam que os critĂ©rios estĂŁo equivocados por utilizar a cor ou a raça como fator de exclusĂŁo educacional e, nĂŁo, as condiçÔes sociais e econĂŽmicas. A ministra da Secretaria de Promoção de PolĂ­ticas de Igualdade Racial (Seppir), Matilde Ribeiro, defende que as experiĂȘncias com cotas raciais em curso no paĂ­s, ao considerarem as necessidades de criação de vagas para negros e Ă­ndios, ampliam as oportunidades para os pobres. Pelos cĂĄlculos do governo federal, dois terços dos pobres e miserĂĄveis do paĂ­s sĂŁo afrodescendentes.

“NĂłs bem sabemos a educação Ă© uma fonte para a melhoria da qualidade de vida. NĂŁo Ă© a Ășnica, mas Ă© uma fonte, uma ponte muito importante. EntĂŁo termos mais jovens, homens e mulheres, indĂ­genas, negros, pobres nas universidades Ă© sinal de que a polĂ­tica pĂșblica brasileira estĂĄ se dinamizando e se democratizando cada vez mais”, diz a ministra.

Em entrevista divulgada ontem (6) Ă  noite pela Secretaria de Comunicação Social da PresidĂȘncia da RepĂșblica, ela afirma ser "muito difĂ­cil separar a pobreza da discriminação racial". "Quanto mais se olha para a periferia, para as favelas, percebe-se que a maioria das pessoas Ă© negra. Por outro lado, os negros, mesmo os que nĂŁo estĂŁo em condiçÔes empobrecidas, sĂŁo discriminados por serem negros."

Na avaliação de Matilde Ribeiro, setores conservadores, com "reaçÔes muito contundentes", acusam o governo de desenvolver açÔes afirmativas como a polĂ­tica de cotas em detrimento de uma polĂ­tica de carĂĄter universalista. "Os resultados [das cotas] atĂ© agora sĂŁo bastante animadores. Os alunos que entraram no ensino superior tĂȘm tido desempenho igual ou superior aos demais. Percebe-se que quando Ă© dada uma oportunidade a quem nunca teve, a pessoa agarra essa oportunidade como sendo Ă­mpar na sua vida e se esforça ao mĂĄximo para aproveitĂĄ-la."

De acordo com a Secretaria de Educação Superior do MinistĂ©rio da Educação (MEC), diferentes sistemas de cotas universitĂĄrias sĂŁo aplicados atualmente por 34 instituiçÔes de ensino superior, sendo 15 federais e 19 estaduais. No ano passado, havia no paĂ­s cerca de 25 mil alunos cotistas nas universidades pĂșblicas. O aumento no nĂșmero de matrĂ­culas, os sistemas de cotas e o Programa Universidade para Todos (ProUni) sĂŁo apontados como responsĂĄveis pelo crescimento no nĂșmero de universitĂĄrios pretos e pardos.

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de DomicĂ­lios (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e EstatĂ­stica (IBGE), entre 1995 e 2005, o percentual de universitĂĄrios que se declararam pretos ou pardos subiu de 18% para 30%. O crescimento ocorreu principalmente a partir de 2001, quando o percentual de alunos pretos e pardos ainda era de 22%.

Pelos cålculos do governo, até 2005, a participação de pretos e pardos deve crescer a um ritmo médio de dois pontos percentuais ao ano. Nesse ritmo, em 2015, os dois grupos estarão incluídos na universidade em uma proporção considerada compatível à presença deles na população. Atualmente, 49% dos brasileiros se autodeclaram como pretos e pardos (PNAD/2005).

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