No dia 4 de outubro está de volta ao "Vale a Pena Ver de Novo" a novela que trouxe a riqueza da cultura árabe para os telespectadores brasileiros. "O Clone", escrita por Gloria Perez, foi exibida há 20 anos, mas muitos personagens ainda estão vivos na memória do público, como Mohamed e Latiffa. O ator Antonio Calloni, que viveu o comerciante, relembra o sucesso do casal e conta como foi contracenar com Letícia Sabatella:
"Foi muito feliz a parceria com a Letícia, que fez um trabalho brilhante. Nossa, ela compreendeu esse personagem de uma maneira absoluta. Tinha poesia, amorosidade, cuidado, carinho... Foi um trabalho excepcional da Letícia e, depois, encontrei com ela em outros trabalhos também. Antes de 'O Clone', a gente já tinha feito 'O Dono do Mundo'. Ela é uma pessoa de um talento gigante. Espero um dia retomar essa parceria. Quem sabe?".
A dobradinha entre os dois talentos deu tão certo que Calloni acredita que o casal ainda tem muita força para contar outras histórias:
"Uma ideia para a Gloria (Perez): colocar o Mohamed e a Latiffa em outra história dela, mais velhos. A Letícia não, porque a Letícia não envelhece, mas eu posso fazer o Mohamed mais velho em outra história da Gloria. É uma boa ideia, eu acho! (risos)".
Mas a relação desses dois não foi um mar de rosas desde o começo. Afinal, seguindo a cultura, eles não se conheceram por contra própria e também não escolheram se casar. Tudo foi arranjado pelos membros de suas famílias. Mas com o tempo, Mohamed e Latiffa viraram um casalzão daqueles!
"A coisa mais linda que teve na história de Mohamed foi que ele e Latiffa se casaram por obrigação e descobriram um sentimento genuíno. O amor deles é emocionante e muito real. Eles constituíram uma família e, dentro dessa família, sempre existiu muito amor. Isso foi muito bonito."
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Até que não é má ideia, não é mesmo? Fica a dica!
Para viver o simpático marido da Latiffa, Calloni passou por um rico processo de construção para chegar no tom do personagem. Para isso, ele mergulhou no universo do marroquino, com direito a muito estudo e dedicação:
"Eu estudei muito o Islã com o Sheik Abdul, que era do Sudão. Ele me deu muitas aulas, em casa e nos Estúdios Globo. Foi um aprendizado muito rico, tenho um respeito imenso pela religião. A preparação foi bastante intensa. Tanto que, até hoje, eu sei a primeira surata do Alcorão de cor em árabe. Já recitei a primeira surata no 'Conversa com Bial'."
Antes de dar vida ao Mohamed, Antonio Calloni fez outro personagem bem marcante: o Bartolo, da novela "Terra Nostra". "Ele foi um grande estouro, também por causa da própria temática da novela, que falava da imigração italiana. Inclusive, da imigração do meu bisavô", conta o ator. Não é a toa que ele atribui aos dois papéis, como Bartolo e como Mohamed, os grandes divisores de água da sua carreira:
"Começou ali (em Terra Nostra), uma virada, digamos assim, na minha carreira, e o Mohamed veio consolidar isso. Um personagem que tinha muito humor. Tinha uma força muito grande e um amor gigantesco, que ele foi construindo ao longo da história pela Latiffa e pela família dele. Eu já tinha feito outros trabalhos muito legais na Globo desde 1986 com a minha estreia em 'Anos Dourados', mas esses dois, 'Terra Nostra', em 2000, e 'O Clone', em 2001, foram trabalhos muito marcantes e o Mohamed veio coroar essa nova fase na carreira."
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