BRASÍLIA - O universo cósmico e as diversas possibilidades que ele apresenta aos amantes da Astronomia foram traduzidas em atividades interativas e imersivas concentradas na 7ª edição do Night Lab, promovido nessa quinta-feira (5) pelo Serviço Social da Indústria (Sesi), no Sesi Lab, localizado no coração do país: Brasília.
A programação apresentou aos participantes e convidados diferentes perspectivas sobre as tentativas do homem em entender o universo. Com galerias, exposições e apresentações culturais, o público foi convidado a experimentar uma imersão em reflexões desde as cosmologias decoloniais até sobre o que se espera para o futuro da humanidade.
Como parte importante da sétima edição do Nigth Lab, o astrofísico finalista do Prêmio Jabuti em 2020 Alan Alves Brito presentou mais de 100 jovens e adultos interessados em trocas sobre a Astronomia com uma conversa poética a respeito do tema que transformou a atmosfera do “túnel” do Sesi Lab em uma grande atmosfera de partilha de conhecimento.
“Ocupar esse espaço é sobre responsabilidade. A gente não pode se abater, a gente precisa se aquilombar. A gente já está em coletivo, entendendo qual é o nosso lugar, a importância de ocupar esse lugar, esse espaço e esse tempo no agora. Então, eu me sinto muito responsável e agradeço a nossa ancestralidade por ter me permitido chegar até aqui. Eu sinto que eu estou cumprindo esse compromisso com as pessoas que vieram antes de mim”, disse Alan Alves ao Na Mira, ao falar sobre a oportunidade de participar do evento.
Nordeste em evidência
O sangue nordestino inovador e científico que ferve no corpo do astrofísico baiano permitiu, ainda, que outros assuntos relacionados a visão que se tem de mundo a partir da ciência e da educação também fossem debatidos e pensados ao longo de todo o evento.
“Nós temos muito que fazer algo nesse sentido. Acho que o Brasil é um país racista, e o racismo é institucional, é epistêmico. São duas facetas importantes do racismo, de um jeito mais profundo, que é urgente no Brasil. A gente não pode naturalizar que, se mais da metade da população brasileira, que é negra, esteja fora, por exemplo, do sistema de conhecimento do Brasil. Nas universidades, nós temos apenas uma sub-representação de pessoas negras. Nós não temos pessoas indígenas”, afirmou o astrofísico.
De acordo com Alan Alves, é preciso um olhar de consciência histórica nas ocupações de lugares de poder para que o país avance em tantas questões e, entre elas, a educação. “Acho que nós temos aí todo o extermínio da população trans, travesti, temos altas taxas de feminicídio… então, são tantos desafios que perpassam as interlocuções entre esses três sistemas: o sistema colonial, o sistema patriarcal e o sistema capitalista. A gente está dando continuidade a um processo que vem lá de trás a partir dessas lutas dos movimentos sociais, negros, indígenas, feministas, LGBTQIA+”, pontuou o professor e astrofísico baiano Alan Alves.
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Arte como resposta em movimento
Além disso, a arte em música também fez parte da programação do Night Lab, com o compositor, poeta e escritor pernambucano Lirinha, que apresentou seu terceiro álbum solo intitulado Mêike Rás Fân. Não por coincidência, o álbum retrata uma fictícia rádio cósmica a partir de oito faixas inéditas produzidas pelo artista.
“Foi uma conexão surpreendente. Quando recebi o convite, eu achei de uma coincidência imensa, por meu trabalho artístico e essa noite no Sesi Lab estarem voltados ao mesmo pensamento, tentando construir essas conexões com a ciência, a arte e a possibilidade em outros mundos como maneiras de reposta à nossa existência aqui na terra”, disse Lirinha.
Ineditismo no Brasil
O objetivo central que move a idealização de cada nova edição do Night Lab é conseguir aproximar as pessoas com mais de 18 anos ao mundo da ciência, da tecnologia e da arte, tornando versátil e dinâmica a visita ao museu interativo do Sesi Lab.
“O Sesi Lab, desde a sua concepção, foi pensado para ser um projeto para todas as idades e públicos diversos. Então, desde o início, as nossas exposições, programações culturais e ações educativas foram pensadas para a gente se conectar com uma diversidade grande de públicos. Então, essa dimensão da interatividade e dessa abordagem ‘mão na massa’ é uma abordagem que atrai todas as idades porque envolve um aprendizado a partir da experiência de cada um”, compartilhou a gerente de programação cultural do Sesi, Agnes Mileris.
Ao oferecer abordagens diferenciadas sobre cada um dos segmentos oferecidos, o Sesi Lab consegue cativar não só o público infantojuvenil nas visitas guiadas ao museu durante o dia, mas também os adultos que curtem aprender mais sobre a tecnologia por meio da arte e, de quebra, curtir um evento noturno e diferenciado na própria instalação do museu.
“Temos o Night Lab, que é nossa programação para os adultos, mas também temos as oficinas que realizamos aos finais de semana direcionadas ao público de famílias, para nossas programações de férias, temos as visitas educativas, que tem foco no público escolar… então essa proposta conceitual que traz essa abordagem de interdisciplinaridade entre diversas áreas de conhecimento que se desdobram entre as nossas iniciativas”, pontua Agnes Mileris.
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