COLUNA
Sexo com Nexo
Sexo com Nexo por Mônica Moura, sexologia clínica e Educação sexual.
Sexo com Nexo

Meu território desconhece os limites da idade

A sexualidade pode ser descoberta, redescoberta e desfrutada em todas as fases da vida, inclusive na maturidade.

Mônica Moura

Meu território desconhece os limites da idade. (Foto: Divulgação)

Quando você ouve “desejo, prazer e sexualidade”, é bem provável que associe à juventude, como se essa temática falasse sobre experiências com curto prazo de validade. Ledo engano. A sexualidade pode ser descoberta, redescoberta e desfrutada em todas as fases da vida, inclusive na maturidade. Sim, meu bem, a sua avó também é uma mulher transante.

Com o passar dos anos, o corpo e as emoções passam por mudanças que impactam a vivência sexual. E as nossas preferências mudam assim como o nosso corte de cabelo e o nosso jeito de vestir. Para as mulheres, a menopausa traz alterações hormonais que afetam o desejo e o conforto sexual. O ressecamento vaginal, por exemplo, é comum, mas pode ser contornado com exercícios perineais, lubrificantes e terapias hormonais. Já para os homens, a queda nos níveis de testosterona pode influenciar a ereção, mas há estratégias, comprimidos e terapias que ajudam a adaptar a vivência sexual. Como falei anteriormente, tudo muda. Mas a roda da vida não para.

Ao contrário do que muitos queiram (erroneamente) acreditar, o interesse pelo prazer não se apaga com o tempo. Não se apaga! Ele é redescoberto dia após dia, com mais liberdade e autoconfiança. Diminuindo as pressões sociais e aumentando a aceitação do próprio corpo, a maturidade vem como uma fase de exploração autêntica da sexualidade. Mas é preciso saber amadurecer. Tudo muda, e enquanto isso, a roda da vida não para.

É importante também lembrar que a intimidade não se limita ao ato sexual. O carinho, o toque, o olhar e o companheirismo são formas de conexão que fortalecem os vínculos afetivos e trazem conforto. Aconchego mais gostoso que um sofá quentinho, desconheço! Em vez de "performar" como na juventude, a experiência madura permite explorar o prazer de forma mais calma e profunda, onde o que conta é a qualidade da relação.

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No último dia 05 de novembro eu fiz 43 anos. Lembrei de quando as minhas tias tinham quarenta e poucos e eu as achava velhas, rs. Lembrei de comentários constrangedores sobre a manifestação da sexualidade delas. Sim, caro leitor, eu achava inadmissível minha tia quarentona sair para dançar e namorar. Na minha cabeça infantil, ela deveria “se aquietar” depois do divórcio - afinal, já tinha até filhos.

Espero que para mim - e para você que, com sorte, também chegará nesse momento - a maturidade seja um período de redescoberta, e que a sexualidade se torne uma expressão individual e fluida em nossas vidas. Mais do que nunca, falar sobre isso desmistifica o tema e combate preconceitos. A maturidade oferece uma oportunidade ímpar de viver a sexualidade com liberdade, explorando o prazer e a intimidade sem culpa e sem vergonha (no melhor sentido da expressão sem vergonha).

O desejo, o prazer e a sexualidade são territórios que não conhecem limites de idade. Lembre disso. 

Mônica Moura - Sexologia clínica e Educação sexual

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