COLUNA
Marcos Silva
Marcos Silva é assistente social, historiador, geógrafo e sociólogo. É mestre em Desenvolvimento Socioespacial e Regional PPDSR pela UEMA.
Marcos Silva

Por um Brasil com justiça social, desenvolvimento econômico e proteção ambiental.

O Brasil enfrenta um desafio decisivo: construir um modelo de desenvolvimento que integre crescimento econômico, justiça social e proteção ambiental.

Marcos Silva

O Brasil enfrenta um desafio decisivo: construir um modelo de desenvolvimento que integre crescimento econômico, justiça social e proteção ambiental. O atual debate sobre o licenciamento ambiental no Congresso, como demonstrado na matéria “Bagunça ambiental” do Estadão em 20/07/2025, revela o risco de desmontes legais em nome de uma suposta agilidade econômica. É necessário reafirmar que não há contradição entre progresso e sustentabilidade — desde que se conceba um país para o povo, e não para os interesses de poucos.

O licenciamento ambiental é um dos principais instrumentos de controle e prevenção de danos aos nossos recursos naturais. Enfraquecê-lo, como alguns setores políticos e econômicos pretendem, abre as portas para o retrocesso. Não se trata de negar a importância da desburocratização, mas de garantir que ela não signifique uma flexibilização irresponsável. O Brasil possui uma das maiores reservas de água doce do planeta. Proteger nossos rios, aquíferos e bacias hidrográficas é proteger a vida, a saúde pública e a própria viabilidade econômica do país.

Um verdadeiro projeto de nação precisa ir além da exploração predatória dos recursos naturais. É fundamental construir uma economia que inclua todos no acesso à renda e na justa contribuição tributária. Não é aceitável que os mais pobres continuem pagando proporcionalmente mais impostos, enquanto grandes fortunas, latifúndios improdutivos e setores poluentes deixem de ser cobrados pela responsabilidade fiscal e ambiental. Justiça social e justiça tributária devem caminhar lado a lado com a preservação ambiental.

A proteção do meio ambiente, especialmente dos recursos hídricos, não é um obstáculo ao desenvolvimento — é a sua base. Municípios que possuem saneamento básico, gestão racional das águas e políticas de educação ambiental apresentam melhores indicadores de saúde, produtividade e qualidade de vida. Investir na transição ecológica da economia, na geração de empregos verdes e no fortalecimento de cadeias produtivas sustentáveis é investir no futuro do país.

É urgente, portanto, que tenhamos uma governança ambiental democrática, com participação popular, transparência nas decisões e rigor técnico. O Brasil que precisamos é aquele que assume seus compromissos com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), combate à desigualdade, fortalece a agricultura familiar, protege as florestas e investe em ciência e inovação ambiental. Chega de retrocessos disfarçados de “modernização” — o que precisamos é de um Estado forte, justo e ambientalmente responsável.

Defender o meio ambiente é defender o Brasil. E esse Brasil só será possível se deixarmos de ver o crescimento econômico como um fim em si mesmo e passamos a enxergá-lo como um meio para alcançar uma sociedade mais justa, solidária e sustentável. Essa é a única “ordem e progresso” que interessa à maioria do povo brasileiro.


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