BRASIL - Junho chega e, com ele, o cheiro de milho cozido, o som das matracas e o calor das fogueiras que se espalham pelo Brasil inteiro. Entre bandeirolas coloridas e músicas que atravessam gerações, celebra-se não só a alegria dessa tradição, mas também as histórias que deram origem às festas juninas.
Antes mesmo de se tornarem sinônimo de quadrilha e canjica, essas celebrações já existiam. No hemisfério norte, povos pagãos festejavam a chegada do verão com rituais que exaltavam a colheita, a fertilidade da terra e o renascimento da vida. A Igreja Católica, com o tempo, foi incorporando esses costumes e ressignificando a data: as fogueiras continuaram acesas, mas passaram a homenagear santos. Foi assim que nasceu o calendário que celebramos até hoje, e que os portugueses trouxeram na bagagem quando chegaram ao Brasil.
Aqui, a tradição ganhou sotaque, cor, sabor e ritmo brasileiros. E mesmo com todas as transformações, os três santos de junho continuam sendo figuras centrais: Santo Antônio, São João e São Pedro. Cada um com sua história, seus milagres e seus símbolos que ainda vivem nas festas.
Santo Antônio - 13 de junho
O famoso santo casamenteiro é lembrado por muito mais que simpatias com alianças ou imagens viradas de cabeça para baixo. Nascido em Lisboa, com o nome de Fernando de Bulhões, deixou a corte para seguir a vida religiosa na Ordem dos Franciscanos. Dizem que ajudava mulheres pobres a conseguirem dotes para se casarem, e por isso virou o protetor dos corações apaixonados. Morreu em 13 de junho de 1231, e foi canonizado logo no ano seguinte.
São João - 24 de junho
O mais festejado nas festas juninas, São João é sinônimo de fogueira, música e tradição. Primo de Jesus, filho de Isabel e Zacarias, ele é celebrado justamente no dia de seu nascimento. A história conta que foi com uma fogueira que Isabel anunciou a chegada do menino a Maria, e essa chama segue acesa até hoje em cada arraial do país. João também batizou Jesus e é considerado o padroeiro dos doentes e dos casados.
São Pedro - 29 de junho
Pedro foi o primeiro papa da Igreja Católica e teve o papado mais longo da história. Nascido com o nome de Simão, era pescador até ser escolhido por Jesus para liderar seus discípulos. Foi Cristo quem lhe deu o nome Pedro, a pedra sobre a qual seria construída a Igreja. No imaginário popular nordestino, é ele quem controla a chuva e guarda as chaves do céu. Por isso, é lembrado com carinho por pescadores, viúvos e por todos os que pedem boas colheitas.
Mais do que datas no calendário religioso, os santos juninos seguem vivos nas rezas das avós, nas músicas das quadrilhas, nos olhos brilhando ao redor da fogueira. E em cada festa, cada arraial e cada gesto de partilha, é como se a fé e a alegria dançassem juntas, de mãos dadas, como numa grande roda.
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