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Ator com paralisia cerebral fala sobre representatividade e inclusão em “Dona de Mim”

Pedro Fernandes, que interpreta Peter em Dona de Mim, destaca a importância do Dia Nacional da Pessoa com Deficiência Física e reflete sobre sua trajetória.

Na Mira, com informações do Extra

Atualizada em 12/10/2025 às 13h47
Pedro Fernandes interpreta Peter em Dona de Mim.
Pedro Fernandes interpreta Peter em Dona de Mim. (Mandawa Estúdio/Divulgação)

BRASIL - Em “Dona de Mim”, o personagem Peter mostra que uma pessoa com deficiência pode ocupar qualquer espaço e realizar seus sonhos. Fora da ficção, o ator Pedro Fernandes, de 33 anos, faz o mesmo. Nascido em Petrópolis (RJ) e diagnosticado com paralisia cerebral com cognitivo preservado, ele mora sozinho há dois anos na Lapa, no Centro do Rio, e leva uma rotina cheia de independência.

Nos intervalos das gravações, Pedro costuma frequentar bares do bairro, ir à praia e também atua como palhaço no grupo Doutores da Alegria, que realiza visitas a hospitais públicos. No Dia Nacional da Pessoa com Deficiência Física, celebrado em 11 de outubro, o artista dá voz a milhões de brasileiros que enfrentam desafios parecidos.

“A deficiência é uma condição humana”

Para Pedro, a data é um momento de fortalecer a luta por visibilidade e igualdade.

“É uma data em que fortalecemos a nossa luta e lembramos a existência dos nossos corpos. As pessoas sempre tratam a deficiência como algo a ser superado, mas é uma condição humana. Podemos contar outras histórias que não sejam só sobre superação”, diz o ator.

Ele também deixa um recado aos colegas PCDs: “Não desistam da luta. Nossa batalha é diária e fundamental para uma sociedade mais igualitária e menos capacitista.”

Rotina e desafios de acessibilidade

Pedro relembra que sua paralisia cerebral foi consequência da falta de oxigênio no cérebro durante o parto, afetando a parte motora. Mesmo assim, leva uma vida independente.

“Consigo fazer tudo normalmente. Dá para ficar de pé com ajuda, ter outra possibilidade de movimento, com autonomia”, explica.

O ator reconhece que tem uma estrutura de apoio privilegiada, mas reforça que a falta de acessibilidade nas cidades ainda é uma das principais barreiras. “A maioria dos lugares não é pensada para nossos corpos. As ruas não são preparadas para cadeiras de rodas, e muitos ônibus não são adaptados: ou o equipamento está quebrado, ou o condutor não sabe usá-lo. Existe essa barreira, mas há formas de vencê-la, como a educação.”

Do teatro para a TV

O teatro foi o ponto de virada na vida de Pedro. “O teatro me deu autonomia sobre o meu corpo e um lugar no mundo”, afirma.

Em 2023, ele se apresentou na peça “Meu corpo está aqui”, assistida pela autora Rosane Svartman, que o convidou para integrar o elenco de Dona de Mim. “Meus pais sempre tiveram medo de não dar certo, mas me apoiaram. Quando eu estudava teatro no Rio e ainda morava em Petrópolis, meu pai ficava correndo na Lagoa até eu voltar”, lembra o ator.

Preconceito e representatividade

Pedro enfrenta o preconceito com leveza e consciência. “Tenho que brigar contra dois preconceitos, porque sou PCD e LGBT. Já ouvi de um professor que eu não servia para ser ator. Acho que ele nunca havia convivido com corpos com deficiência”, conta.

Para ele, interpretar Peter é um passo importante para a representatividade. “Durante muito tempo, pessoas sem deficiência representavam papéis de PCDs. Agora, abrimos um novo momento dentro da dramaturgia. Mostramos que podemos trabalhar, estudar, namorar.”

Ele nota que o público também está aprendendo a lidar melhor com a diversidade. “Antes, perguntavam ao meu acompanhante se podiam falar comigo. Hoje, as pessoas se dirigem diretamente a mim, me enxergam como ser humano.”

Pedro afirma que o tratamento no set é igual ao de qualquer outro ator. “A equipe é participativa e sensível. Sempre perguntam como vou me sentir em cena e deixam a gente criar junto. O texto é adaptado quando necessário, e isso acontece com qualquer ator, PCD ou não.”

Um novo olhar sobre Peter

Nos próximos capítulos, o personagem deve viver novas descobertas ao lado de Nina (Flora Camolese). “A minha torcida é para que ele se encontre por completo. Ele está furando a bolha da superproteção do pai e se permitindo experimentar as dificuldades e os prazeres da vida. Ele está certo, tem que se empoderar”, diz Pedro.

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