MARANHÃO - O Maranhão será o ponto de partida da circulação do projeto Agô Pulsar Afro-Amazônico, que une dança contemporânea, memória e resistência para narrar histórias de corpos negros e indígenas da Amazônia. A programação acontece de 10 a 15 de agosto de 2025, com apresentações gratuitas em praças e escolas de São Luís e Itapecuru-Mirim.
Coordenado pelo artista amazonense Cairo Vasconcelos e realizado pela Menina Miúda Produções Artísticas, o projeto conta com patrocínio da Vale e realização do Ministério da Cultura e do Governo Federal, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet). No palco, o espetáculo Agô transforma espaços públicos em territórios de resistência, provocando reflexões sobre racismo, desigualdade e pertencimento.
“Vamos iniciar pelo Maranhão para levar arte a quem, muitas vezes, não tem acesso a espetáculos de dança. Queremos dialogar com as periferias, tocar o coração das pessoas e fortalecer nossa identidade amazônica. Essa é uma obra que fala de dor e resistência, mas também de esperança e renascimento”, afirma o coordenador.
As apresentações contarão com audiodescrição para garantir acessibilidade a pessoas com deficiência visual. Além do espetáculo, estão previstas oficinas e vivências com estudantes.
Agô Pulsar Afro-Amazônico
Mais do que um espetáculo, o Agô Pulsar Afro-Amazônico é um projeto de arte e educação que une performance, memória e território. A proposta é ocupar espaços públicos periféricos com arte comprometida com o tempo presente e com as urgências sociais, transformando escolas, praças e comunidades urbanas em palcos de reflexão.
A motivação vem de dados alarmantes sobre a violência na região Norte. O Atlas da Violência 2024 aponta taxas altíssimas de homicídios entre jovens negros: no Amazonas, 94,3% das vítimas; no Pará, 91%. O Maranhão, embora com índices mais baixos, também apresenta desigualdades estruturais evidentes. O projeto nasce como uma forma de protesto e resistência artística frente às injustiças sociais e raciais.
Menina Miúda Produções Artísticas
Fundada em 2019, a Menina Miúda Produções Artísticas atua como um polo criativo que enxerga as artes cênicas como ferramenta de transformação social. Reconhecida pela articulação entre arte e educação, a produtora já realizou obras como Dois Irmãos (2023), Amélia (2024) e Menina Miúda (2025).
O Agô Pulsar Afro-Amazônico marca uma fase madura da produtora, ao colocar corpos negros e indígenas no centro da cena e promover conexões entre territórios da região Norte.
Concepção Artística
A proposta cênica de Agô combina dança contemporânea com influências afro e indígenas, figurinos inspirados no ancestral, sonoridades amazônicas e artefatos que remetem à floresta, aos Orixás e aos saberes tradicionais. O espetáculo, com 45 minutos de duração, é dividido em nove cenas que abordam temas como opressão, resistência, memória, violência e esperança.
Para o coreógrafo do projeto, Wilson Junior, cada elemento de Agô propõe mensagens presentes nas narrativas e expressões coreográficas, envolvendo características do folclore, cotidiano e tradições amazônicas.
“O Agô é uma expressão que articula o corpo como território sagrado, em que a dança se configura como um ritual permanente de resistência, no constante diálogo com a natureza, com os encantados, com os Orixás, com os ritos, com os saberes milenares”, revela o artista.
Programação - São Luís
- 12 de agosto: 19h30 - Apresentação pública na Praça das Mercês (R. Nazareth, 82 - Centro) - Aberto ao público
- 13 de agosto: 10h30 - Apresentação para os alunos e professores do Centro Educa Mais Maria José Aragão (R. 205 Unidade 205, 205 - Cidade Operária)
- 13 de agosto: 11h30 - Oficina de dança para os alunos do Centro Educa Mais Maria
José Aragão (R. 205 Unidade 205, 205 - Cidade Operária)
Sinopse
O espetáculo cruza caminhos de corpos que enfrentam, carregam e preservam as memórias dos povos quilombolas e indígenas da Amazônia. Com movimentos firmes, vozes silenciosas e gestos que contam o que os livros calam, a dança encena o tempo e o território. Na rua, na praça, na escola, o chão se torna palco e testemunha. Agô pulsa entre o ontem e o agora e deixa no ar o que ainda precisa ser dito.
Duração: 45 minutos
Classificação indicativa: 14 anos
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