Sexo não é prova de amor
Coluna Sexo com Nexo.
Diana nasceu romântica. Enxerga o relacionamento dos pais como um modelo que além de apreciar, idolatra (suas palavras). Nunca viu seus pais brigando (o que não significa que eles nunca brigaram) e aprendeu em seu seio familiar que o matrimônio é para sempre - a exemplo dos seus avós, que permaneceram juntos até o fim das suas vidas.
Filha única, com 26 anos, Diana tem na bagagem duas pós-graduações na área jurídica, é sócia majoritária em um escritório de advocacia e carrega consigo (também) a expectativa de casar virgem. Seu namorado, Guilherme, tem a mesma idade que ela. Juntos desde a faculdade, já elaboraram diversas possibilidades de prazer juntos - e nenhuma delas envolve a penetração.
Ele não tem exatamente o mesmo olhar romântico da Diana, mas sempre respeitou a sua decisão sobre a manutenção da “virgindade”.
No começo do ano eles melhoraram a carteira de clientes no escritório. Em agosto ficaram noivos. Em setembro o problema se instalou.
Após a festa de noivado, Guilherme disse pra Diana que queria “avançar” na intimidade deles. Disse que a amava e que esse era o caminho mais natural do casal. Diana negou. Se manteve firme na decisão e pediu que aguardasse apenas mais um ano, até o casamento, na noite de núpcias.
Guilherme então pôs em cheque a veracidade do amor dela. Em outras palavras, pediu sexo como “uma prova de amor”.
Você não me ama? Não confia em mim? - questiona Guilherme indignado.
Claro que te amo, Guilherme! Mas não foi esse o nosso combinado! - protesta Diana.
Quando me procuraram, a relação já estava bastante instável. Vários micro-conflitos que aparentemente revelavam uma insatisfação de anos. Quem estava certo? Quem tinha razão? Na minha percepção, os dois. Cada um dentro da sua perspectiva.
A decisão da Diana em esperar pela noite de núpcias é válida. É coerente com o que ela planejou. É direito dela seguir com a sua idealização - e ele sempre soube disso!
A sede do Guilherme por sexo também era válida. Ele sentia vontade e tinha todo o direito de desejar. Quando ele diz pra ela que a espera estava sendo difícil, e que já lhe causava angústia - era natural que ele tentasse uma negociação.
Ele precisava entender e respeitar o lado dela.
Ela precisava entender e respeitar o lado dele.
Encontrar um meio-termo para o casal continuar juntos parecia missão impossível. Mas pedir sexo como prova de amor, NÃO PODE! Fazer chantagem emocional, NÃO PODE! Tentar vencer pelo cansaço, não é a abordagem mais apropriada. E os dois precisavam saber disso.
Depois de alguns encontros e vários exercícios, esgotamos as possibilidades de conciliação. Se ninguém está disposto a ceder, o lugar comum aos dois deixa de existir. A relação se esvai.
E assim aconteceu. Eles se separaram.
Essa semana Diana veio ao consultório com uma grande novidade: conheceu Arlindo, seu novo namorado, em uma viagem que fez com os pais. Naquele navio, em um ambiente bastante familiar, Diana iniciou a vida sexual. Simples. Sem medo. Sem culpa. Sem nenhuma vergonha por ter mudado de ideia.
- Estou vivendo um momento muito bom, Dra Monica! - disse Diana sorridente - O sexo aconteceu porque eu quis. E, principalmente, aconteceu sem eu me sentir pressionada por ninguém.
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