Máscaras da sedução
(e o desafio de ser quem realmente é)
Ela era uma habilidosa artista, e cabia perfeitamente nos moldes de qualquer homem que estivesse ao seu lado. Colecionava relacionamentos de sucesso, era idealizada pelos outros, e sempre muito valorizada pelo parceiro. O porém é que ela nunca se sentiu vitoriosa. É que os seus gostos, paixões e sonhos eram sempre sufocados pelo peso das expectativas alheias.
As máscaras da Valéria eram muitas, e cada uma tinha um reflexo distorcido do que ela achava que as pessoas queriam.
Cada novo namorado trazia um desafio, como uma tela em branco esperando para ser preenchida com os traços que ele mais valoriza. Aprendeu o poder da sedução e do sexo através de toques e suspiros calculados. A sua arte de conquistar corações foi muito bem estudada. Valéria era uma camaleoa na cama, e se adaptava a cada ambiente, a cada expectativa, se perdendo no labirinto das vontades alheias.
Mas, por trás de cada máscara, ela escondia um imenso vazio, uma sombra sem contornos definidos. Há muito tempo Valéria não se lembrava do que a fazia sorrir genuinamente, do que a fazia sentir viva além dos elogios que recebia sob os lençóis. Ela abriu mão da sua autenticidade por medo de não ser amada.
Ela não percebia que, ao tentar ser tudo para todos, ela se tornava "um monte de nada" para si mesma.
Cada encontro era uma fuga da própria essência, uma evitação da verdadeira Valéria - original e também vulnerável. Valéria mergulhou fundo na arte de encantar, mas esqueceu como é ser encantada por si mesma.
Conversando no consultório, ela se pergunta quem é de fato, o que a faz feliz, o que a completa no relacionamento e no sexo. Prazer não sente. Nunca sentiu - embora a opinião do Alberto, seu namorado, seja diferente. A solidão era quem verdadeiramente envolvia Valéria - com aqueles braços frios da realidade após o gozo dele.
Valéria vem percebendo que o poder de seduzir não é o mesmo que o poder de amar e ser amada. A jornada para redescobrir sua própria essência é longa e árdua. Ela precisa desfazer muitas máscaras, aprender a dizer não, a expressar suas próprias vontades, a valorizar o que espera receber, além daquilo que pode oferecer na cama.
E assim, aos poucos, ela vai construir a sua própria identidade, e finalmente ser uma mulher que não precisa usar máscaras, porque é capaz de ser amada pelo que é. Valéria vai aprender que a verdadeira sedução está na autenticidade, na coragem de ser quem somos, na capacidade de amar e ser amada com honestidade e entrega.
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