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COLUNA
Sexo com Nexo
Sexo com Nexo por Mônica Moura, sexologia clínica e Educação sexual.
Sexo com Nexo

O baile das contas divididas

Confira a coluna desta semana da sexóloga e educadora sexual Monica Moura.

Mônica Moura/Sexologia clínica e Educação sexual

Atualizada em 30/10/2023 às 10h00
Mônica Moura/Sexologia clínica e Educação sexual.
Mônica Moura/Sexologia clínica e Educação sexual. (Divulgação)

João conheceu Ana no trabalho - uma mulher forte, de opiniões bem formadas e que deixava claro desde o início ser uma fervorosa defensora dos direitos das mulheres. Isso deixava ele encantado, pois sempre admirou mulheres independentes e sem medo de lutar por seus ideais.

Após alguns encontros casuais, João convidou Ana formalmente para jantar. Escolheu um restaurante aconchegante, com uma atmosfera acolhedora, na esperança de que o ambiente facilitasse uma conversa descontraída e agradável.

O encontro começou bem. João e Ana compartilhavam risadas e histórias engraçadas. Tudo fluindo naturalmente até o momento crucial: a chegada da conta.

O garçom entregou a conta para o João, e o valor não era exorbitante. Era, na verdade, bastante razoável, levando em consideração os lugares que eles já frequentavam. 

Sem pensar muito, ele sugeriu dividir a conta, algo comum para quem acreditava que o equilíbrio financeiro era importante em um relacionamento. Além do mais, eles não estavam compartilhando apenas uma refeição, mas sim uma experiência, um momento agradável juntos.

Os olhos de Ana se arregalaram, e a boca se abriu em surpresa. Ela olhou para João com uma mistura de incredulidade, ódio e indignação, mas tentou disfarçar. 

No dia seguinte, no trabalho, Ana ficou estranha. A conversa, antes leve e animada, agora era substituída por um silêncio sepulcral - um desconforto palpável.

João descobriu por um colega o que justificava aquele comportamento de Ana. “Nunca, em toda a minha vida, precisei pagar parte da conta em um encontro. Isso é um absurdo!", ela disse. As palavras de Ana cortaram como uma faca afiada. João se sentiu desmerecido, como se sua tentativa de equidade financeira fosse um erro terrível. Ele começou a se perguntar se havia cometido algum crime imperdoável.

“Me sinto ofendido. Minha companhia não vale alguns reais?", ele pensou. 

E carregado de frustração, ele abriu mão daquela paixonite. Ele a idealizava como uma mulher forte e independente, mas agora se via diante de alguém que parecia ter uma visão um tanto distorcida sobre igualdade.

João aprendeu uma lição: precisa encontrar alguém cujas ideias e valores estejam verdadeiramente alinhados aos seus. Afinal, o que ele tem pra oferecer vale muito mais que meia conta de um jantar.

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