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Pedro Sobrinho
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Disco

Com composição de Mestre Humberto Maracanã, a carioca Dora Motta lança o EP "Casa"

Um dos destaques do EP é a faixa “Quando Eu Voltar Serei Dois”, do maranhense Mestre Humberto Maracanã, figura central do Boi de Maracanã, uma das mais importantes manifestações da cultura popular maranhense.

Pedro Sobrinho / Jornalista

Atualizada em 25/09/2025 às 23h33

Abra a porta, tire os sapatos e sinta o aconchego no primeiro EP da carioca Dora Motta: "Casa", que chega às plataformas de música no dia 1º de outubro. Produzido por Dudu Rezende, "Casa" é um mosaico de brasilidades, em que o forró, o boi, o coco, o samba e a MPB se encontram em arranjos cheios de afeto. Um dos destaques do EP é a faixa “Quando Eu Voltar Serei Dois”, do maranhense Mestre Humberto Maracanã, figura central do Boi de Maracanã, uma das mais importantes manifestações da cultura popular maranhense.

O primeiro EP da carioca Dora Motta:
O primeiro EP da carioca Dora Motta: "Casa", que chega às plataformas de música a no dia 1º de outubro. Foto: Divulgação

O pandeirão de Cacau Amaral, mestre maranhense de Boi e Tambor de Crioula, e a percussão delicada de Pablo Carvalho, percussionista que há anos compartilha caminhos musicais com Dora, conduzem essa faixa minimalista, que faz refletir sobre as presenças que permanecem, mesmo quando se transformam.

Capa do EP “Casa” - Foto de Marcella Saraceni e design de Iramaya Rocha
Capa do EP “Casa” - Foto de Marcella Saraceni e design de Iramaya Rocha

O trabalho ainda reúne composições de Rafael Lorga, Moyseis Marques, Luiz Antonio Simas e do paraibano Chico Limeira, com participações de músicos como Kiko Horta (sanfona), Matheus Camará (violão de sete cordas), Negadeza e Pablo Carvalho (percussões) e Cacau Amaral (pandeirão), e foi viabilizado graças ao apoio de 320 colaboradores por meio de um financiamento coletivo. Em sua sonoridade, “Casa” privilegia instrumentos acústicos e timbres que remetem à música de raiz, criando uma paisagem sonora intimista e festiva.

"Casa" nasceu como um projeto de acolhimento, mas ao longo de sua gestação se tornou também um território de elaboração do luto e de celebração da memória, especialmente a do pai de Dora, que faleceu durante o processo de produção do EP, trazendo um novo significado para o projeto da artista:

“Sempre fui muito caseira, muito ligada à minha família. Nosso pequeno núcleo, formado por mim, meu pai, minha mãe e meu irmão, sempre foi de muita parceria e proximidade. O tema da casa já me convocava há tempos. Durante a produção, esse lugar de aconchego se entrelaçou com outras camadas: a da memória e, inevitavelmente, a da morte. Quem acompanha alguém nesse processo sabe que a saudade chega antes mesmo da partida”, conta.

Esse vínculo aparece também na capa do EP: Dora é retratada tocando o bambutino, instrumento inventado pelo pai, apelidado de Tino. Todas as músicas do álbum trazem sua sonoridade nos arranjos, costurando a presença dele em cada faixa.

A concepção visual do projeto é outro capítulo especial: a capa nasceu do diálogo entre diferentes artistas mulheres. Inspirada em uma tatuagem criada por Isabel Svoboda, Ágatha La Piedra desenvolveu a casa de papel machê que aparece na imagem. O clique é da fotógrafa Marcella Saraceni, com design gráfico assinado por Iramaya Rocha. A partir dessa mesma referência, a artista Juliana Moreno vem criando pequenas casas de cerâmica que dialogam com o disco.

Mesmo com esse pano de fundo, Dora não quis que o EP fosse marcado apenas pela dor.

“Não queria cair numa carga dramática. Voltei com ainda mais vontade de cantar essa memória, de botar essa saudade pra dançar. E gosto muito dessa expressão: uma saudade que dança. Porque meu pai foi um brincante. Cantar essas músicas agora é uma forma de continuar dançando com ele”, diz a artista, que tem como referências musicais Geraldo Azevedo, Fagner, Pietá, Dominguinhos, Maria Bethânia, Glória Bonfim e Roque Ferreira.


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