Referência obrigatória para o ensino no país, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é celebrada como símbolo de avanço educacional. Mas e se, ao tentar padronizar o ensino, ela acabasse apagando as diferenças e silenciando vozes? É essa provocação que a pesquisadora e doutora em Educação Alice Casimiro Lopes apresenta no livro ‘Por um currículo sem fundamentos’, lançamento da Cortez Editora.
Reconhecida por sua atuação na área de políticas educacionais, a autora questiona o modelo que busca definir conteúdos “essenciais” e medir resultados como sinônimo de qualidade. Para ela, esse modelo de política centralizadora reduz a escola a um espaço de metas e evidências, ignorando as experiências singulares que nascem no cotidiano das salas de aula.
O livro reúne 15 anos de pesquisa e reflexão teórica, em que Alice costura referências de Jacques Derrida, Ernesto Laclau e Chantal Mouffe para defender uma política educacional realmente democrática — uma que reconheça a pluralidade e o inacabamento como parte vital do processo de aprender e ensinar.
Autora propõe pensar o ensino como campo de criação
Em vez de uma educação baseada em certezas e verdades fixas, a autora propõe pensar o ensino como campo de criação, conflito e diálogo. Ao longo das páginas, ela desconstrói a ideia de que há um “conteúdo essencial” capaz de garantir igualdade ou progresso.
Resultado de uma trajetória que dialoga com pesquisadores da América Latina, Europa e Estados Unidos, o título é também um convite à escuta. Em tempos de radicalização e discursos de controle, a escritora propõe que a escola volte a ser um espaço vivo, onde a diferença é força criativa e não obstáculo.
Mais do que uma obra teórica, Por um currículo sem fundamentos é um manifesto pelo pensamento crítico e pela coragem de reconstruir o que a sociedade entende por educação. Alice Casimiro Lopes propõe não o fim dos fundamentos, mas a coragem de reconstruí-los.
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