Romenas ganham ouro e prata, respectivamente, na ginástica solo

Atualizada em 27/03/2022 às 15h00

SÃO PAULO - Acabou com dois pousos desequilibrados o sonho do pódio de Daiane dos Santos. O "Brasileirinho", música que embalou sua apresentação na final do solo olímpico, desandou, e a ginasta gaúcha saiu bufando da área de competição.

Antes de saber sua pontuação, virou para seu técnico, o ucraniano Oleg Ostapenko, e disse: "Acabou". Visivelmente chateada, deu de ombros. A Oleg sobrou consolar sua pupila.

O ouro e a prata foram para a Romênia, com Catalina Ponor e Nicoleta Sofronie, respectivamente. Sofronie, inclusive, era reserva e só entrou na disputa por uma contusão. O bronze ficou com Patrícia Moreno, da Espanha, outra potência emergente da ginástica.

A pontuação da brasileira, de 9,375, foi muito baixa e não a classificaria para a final da prova. Ela perdeu 0,1 por ter pisado fora da área de salto. E ficou no quinto lugar.

Foi-se o sonho de ser a primeira negra a ganhar um ouro na ginástica. E de ser o primeiro pódio na modalidade para o Brasil.

"Tive uma falha grande. É uma coisa que acontece. E aconteceu, não adianta ficar chorando", disse após a prova.

Apontada como favoritíssima como o velejador Robert Scheidt, que levou o ouro neste domingo, ela sofreu com a pressão. Ao contrário do iatista, que ganhou na regularidade, Daiane perdeu o pódio pela exigência de fazer uma apresentação impecável, sem chance de repetir.

"Estava nervosa. Foi mais por mim mesma, não pela pressão dos outros. Tem de ter um controle emocional grande", admitiu a ginasta.

A torcida no ginásio ateniense chegou a vaiar três pontuações, da chinesa Fei Cheng, da norte-americana Mohini Bhardwaj e a canadense Kate Richardson. Mas não após a pontuação de Daiane, que concordou sua nota. "Você percebe quando erra. Eu me daria a mesma pontuação", disse.

De qualquer forma, com a quinta posição, Daiane teve a melhor posição do Brasil na ginástica -em Sydney-2000, o país festejou o inédito 20º lugar de Daniele Hypólito no individual geral.

Contudo, ficou muito aquém em Atenas, afinal, ela entrou para a história como a primeira ginasta brasileira medalha de ouro em um Mundial, há um ano. Além disso teve quatro ouros em etapas da Copa do Mundo neste ano.

Depois de ganhar medalhas no Pan-Americano de 1999 e receber os primeiros holofotes, não se classificou para Sydney-2000. Passou quatro anos praticamente incógnita, no ostracismo que os brasileiros dedicam aos olímpicos na entressafra.

O "Michael Jordan da ginástica", nas palavras do técnico da Romênia tricampeã olímpica, Octavian Belu, ainda escreveu seu nome na história da ginástica ao executar com perfeição dois saltos de altíssima dificuldade, nunca realizados no feminino. O duplo-twist carpado já se chama "Dos Santos". O duplo-twist esticado, ainda mais difícil, aguarda o referendo da Federação Internacional para receber denominação similar.

Nesta segunda, porém, eles não funcionaram, e ela ficou fora do pódio. Na saída, um grupo de torcedores brasileiros ainda gritou "Valeu, Daiane". Ela olhou, agradeceu, mas não escondeu o sorriso, amarelo e envergonhado.

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