Imprensa espanhola inocenta Massa em disputa

Atualizada em 27/03/2022 às 14h02

BARCELONA - Fernando Alonso é o maior ídolo do esporte espanhol na atualidade. Nem mesmo o notável e jovem tenista Rafael Nadal se compara à sua popularidade depois de dois títulos mundiais na Fórmula 1. Mas a imprensa espanhola não concordou com a opinião do piloto da McLaren sobre o seu choque com Felipe Massa na largada do GP da Espanha, domingo, que foi decisivo para o brasileiro da Ferrari vencer a prova.

Alonso acusou Massa pelo choque entre eles na primeira curva da corrida. Depois disso, o espanhol saiu da pista, perdeu posições e acabou em terceiro lugar. Já o brasileiro levou vantagem no duelo e, mantendo a liderança, teve tranqüilidade para vencer o GP da Espanha.

"Alonso arriscou demais" é a manchete desta segunda-feira do jornal El Pais, um dos principais da Espanha. E essa foi a avaliação geral do restante da imprensa espanhola.

A exceção foi o jornal esportivo As, em artigo apaixonado assinado pelo jornalista Carlos Miquel, que atribuiu o terceiro lugar de Alonso a uma "atitude antidesportiva" de Massa. Mas as demais publicações não endossam a reação do piloto espanhol ao criticar o brasileiro.

"Uma manobra de alto risco" é o título do texto sobre a corrida do El Pais, assinado pelo ex-coordenador técnico das equipes Ferrari e McLaren, Juan Villadelprat, referindo-se à opção de Alonso de tentar ultrapassar por fora na curva 1. "Massa não fez nada de errado, apenas não levantou o pé do acelerador como já havia feito este ano."

O jornal esportivo Marca ouviu o espanhol Joaquín Verdegay, comissário esportivo da FIA no GP da Espanha, responsável por punir os pilotos durante a prova. Ele citou o anexo L do capítulo 4 do livro da entidade, que trata do comportamento dos pilotos na pista. "Não diz nada sobre um piloto deixar-se ser ultrapassado", explicou Verdegay. "Não houve infração de ninguém mas foi no limite da legalidade."

Alonso desejava que o incidente com Massa fosse ao menos investigado pelos comissários de prova. Mas não foi, por ser classificado como "situação de corrida."

Curiosamente, o próprio diretor e sócio da McLaren, Ron Dennis, viu da mesma forma, apenas como uma "situação de corrida", o que fez Alonso sentir-se isolado dentro da sua equipe. Para completar, o espanhol viu o seu companheiro, o brilhante inglês Lewis Hamilton, terminar o GP da Espanha na sua frente, em segundo lugar, assumindo a liderança do Mundial.

Nesta segunda-feira, uma declaração do diretor-esportivo da Mercedes, sócia majoritária da McLaren, Norbert Haug, sobre a reação de Massa manter sua trajetória, sem importar-se com o ataque de Alonso, acabou disponível na Internet. "Foi uma manobra limpa e corajosa. Esse é o preço que se paga por largar na segunda colocação no grid", disse o dirigente.

Alonso decidiu largar com pouca gasolina para estabelecer a pole position e contornar a primeira curva em primeiro lugar, possivelmente facilitando seu objetivo de vencer a qualquer custo a prova diante de sua torcida - foram 140.700 pessoas no GP da Espanha.

Por estar mais leve, Alonso tinha quase certeza de ser o primeiro colocado no grid, mas Massa o superou por 30 milésimos de segundo no treino de sábado, fator que se mostrou decisivo para a segunda vitória do brasileiro da Ferrari e o ajudou entrar de vez na luta pelo título.

"Saiu faísca" foi a manchete de outro jornal espanhol, Sport. O diário, assim como todas as publicações do país, estampou um cineminha das imagens da largada, quase quadro a quadro, para explicar a manobra que colaborou decisivamente para a derrota de Alonso.

No Sport, o texto sobre a corrida é isento, limita-se a descrever o incidente, sem assumir postura favorável a nenhum dos dois pilotos. A edição traz uma foto extraordinária, em que Alonso e Massa se cumprimentam, depois de deixarem seus carros, sem, no entanto, um olhar para a cara do outro.

Já o jornal El Mundo Deportivo não fica em cima do muro. "O prêmio (vencer diante de tantos torcedores) valia os riscos para Alonso. Massa defendeu sua posição por dentro e Alonso levou a pior. Um lance, sem dúvida, de corrida", diz o texto do diário, que teve a manchete "Alonso relegado ao terceiro lugar."

A partir desta terça-feira, pilotos e equipes já retomam os trabalhos. Estarão todos no Circuito de Paul Ricard, próximo a Marselha, no sul da França, para quatro dias de testes. O objetivo será, principalmente, a preparação para o GP de Mônaco, a próxima etapa do Mundial de Fórmula 1, marcado para o dia 27 de maio.

Informações da Agência Estado

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