Música

Reggae na ilha do amor: história, tradições e o cenário atual

Conheça a história do ritmo que marcou a alma do ludovicense.

Beatriz Costa/ Imirante.com

Atualizada em 09/09/2024 às 12h58

SÃO LUÍS - São Luís, mais conhecida como a Jamaica brasileira, celebra 412 anos neste domingo (8), e é palco de um dos ritmos marcantes originários da Jamaica, o reggae. São Luís não só abraçou o ritmo como também o reconheceu como parte da cultura da cidade, destacando como um dos lugares que acolheu o reggae como ritmo popular fora do país de origem. Em setembro do ano passado, a cidade recebeu, oficialmente, o título de Capital Nacional do Reggae, destacando como mais uma conquista no cenário cultural.

Com origem no final da década de 1960 na Jamaica, o reggae só ganhou popularidade em São Luís a partir dos anos 1980. Nessa época, o gênero enfrentava resistência e preconceitos sociais e raciais, especialmente entre as altas classes, devido ao movimento que relutava contra as normas estabelecidas pela sociedade. Embora não exista um documento que comprove como o reggae chegou em São Luís, o questionamento já gerou diversos questionamentos.

Segundo a jornalista Karla Freire, especialista em jornalismo cultural, ela explica que há várias hipóteses sobre a chegada do reggae em São Luís, sendo a mais aceita a de que o ritmo teria chegado através de vinis trazidos por navios que vinham das ilhas à fora.

”A teoria mais certa é de que o reggae chegou aqui no Maranhão através dos vinis que eram trazidos por navios que vinham de outras ilhas. Os marinheiros chegavam aqui e trocavam esses vinis em troca de serviços ou alimentos. E foi através também via terrestre, pois iam muito DJ’s daqui (São Luís) para o Pará e compravam esses vinis nas feiras e então traziam pra cá, e a partir disso chegaram nas mãos dos DJ’s que faziam a festa e as pessoas acabaram que gostaram”, disse Karla.

Práticas tradicionais

O reggae é conhecido por sua rica cultura histórica e práticas originárias da Jamaica, mas o ritmo carrega consigo uma tradição conhecida que costuma ocorrer em celebrações e festas. Uma dessas tradições, é o movimento das ‘disputa dos paredões’, que vai além de uma simples competição com um grande significado por trás.

Segundo o DJ Waldiney, da rádio Mirante FM, ele afirma que essas disputas entre as chamadas ‘radiolas’ acontecem de fato nas festas, como forma de demonstrar qual paredão é o mais exclusivo, qual possui o melhor som ou qual tem os hits mais exclusivos do reggae.

“Existe esse movimento de disputa de exclusividade qual que toca melhor ou qual que mais tem músicas exclusivas, não ocorre só em São Luís, mas no interior do estado, esse é um movimento histórico”, disse DJ Waldiney.

DJ Waldiney na rádio Mirante FM. (Foto: Divulgação)
DJ Waldiney na rádio Mirante FM. (Foto: Divulgação)

Ele ainda ressaltou que além desse movimento, um dos maiores colecionadores de vinil estão na capital e que essa prática levou o reggae a ser popularizado. “Inclusive os maiores colecionadores de vinil estão aqui em São Luís, e tudo isso fortaleceu o reggae, esses diversos conjuntos de fatores que levaram o reconhecimento ao reggae”, disse o DJ.

Bar do Nelson: 30 anos de referência no cenário do reggae

O Bar do Nelson, localizado na Litorânea, é um dos exemplos de casa de evento que acolheram o ritmo e que mantêm viva a tradição, transmitindo sua verdadeira essência e mensagem de geração a geração até os dias de hoje. Segundo Waldiney, a casa é uma mostra de resistência com mais de 30 anos de referência no cenário do reggae.

“O Bar do Nelson, por exemplo é uma casa que tem praticamente 30 anos como referência, eu falo de uma área que é meio elitizada, mas a gente tem tipo o recanto bar que também completa 30 anos, uma resistência que tem no bairro do anil, então a gente tem casas que até hoje se mantém com essa cultura”, comentou o DJ.

Público atual

A origem do reggae tem sido há cerca de anos atrás, mas o ritmo continua renovando o público a cada ano. Segundo Waldiney, o consumo pelo reggae tem crescido nos últimos tempos, especialmente entre os mais jovens.

“Como radialista eu tenho ouvintes mirins e como DJ o reggae tá renovando cada vez mais, o interessante é que a busca por informação sobre esse reggae que tocou lá atrás é muita grande, claro que você tem pessoas mais velhas, mas muita já deixaram de ir às festas pela idade ou por outro motivo, então existe uma renovação, o próprio Bar do Nelson é um exemplo de renovação de público de São Luís”, relatou o DJ.

Ao longo de toda trajetória, o reggae tem mostrado uma notável capacidade de prosperar. Esse gênero não só resiste às mudanças, mas também continua se expandindo e renovando, conforme as novas gerações abraçam e consomem o ritmo.

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