O caso das crianças que sobreviveram sozinhas por 40 dias na Amazônia colombiana após a queda de um avião em junho de 2023 ganhou repercussão internacional e suscitou questionamentos ao jornalista investigativo Mat Youkee, que reside na Colômbia há 15 anos.
Agora, ele responde dúvidas como “Quem eram essas pessoas?”, “Por que estavam a bordo do avião?” e “Como conseguiram sobreviver?” no livro ‘40 dias na floresta’, que chega ao Brasil pela Matrix Editora.
Ao detalhar os pontos centrais desse drama real, o autor possibilita a compreensão sobre como os quatro irmãos - Lesly, Soleiny, Tien, com 13, 9 e 4 anos, respectivamente, e Cristin, de apenas 11 meses – resistiram aos desafios da selva empregando conhecimentos indígenas ancestrais.
A obra já teve os direitos autorais assegurados para o cinema e será adaptada pelo estúdio do diretor Ridley Scott, conhecido por produções como Alien, Gladiador, Blade Runner e Napoleão.
Youkee explica que, na tentativa de salvar a família, reencontrar o companheiro e impedir que a filha mais velha fosse levada a força pela guerrilha armada, a mãe dos pequenos, Magdalena Mucutuy, tomou a difícil decisão de deixar a floresta, seu lar desde que nascera. No entanto, os planos não se concretizaram. O acidente com a aeronave que sobrevoava uma das florestas mais densas e inexploradas do mundo causou a morte da mulher da etnia Uitoto, do piloto e de outro passageiro, defensor dos direitos dos povos indígenas. As crianças foram as únicas sobreviventes do desastre.
Com apenas 13 anos, Lesly tomou para si a responsabilidade de manter os irmãos mais novos vivos. Durante dois dias, eles permaneceram em um abrigo improvisado, próximo aos destroços da aeronave, na expectativa de serem resgatados, mas ao despertar no terceiro dia, a menina entendeu que animais perigosos logo encontrariam os corpos sem vida. Ao recordar os ensinamentos da família sobre a mata, rumou com os outros três em busca do rio, onde além de água poderiam encontrar alguma comunidade.
Após essa mudança de cenário, a pesca se tornou uma possibilidade de conseguir alimento. Porém, sem varas ou barbasco – planta que paralisa os peixes – a irmã mais velha teve de improvisar um arpão. Mesmo com essa ferramenta, a família percebeu que não conseguiria encontrar ajuda ali e que não poderia mais ficar esperando no mesmo lugar. Eles decidem então voltar para a mata à procura de uma trilha e abrigo, além de frutas e sementes não-venenosas que serviram de sustento até serem encontrados.
No livro, Mat Youkee se aprofunda não apenas nos registros que envolvem a busca e resgate dos pequenos indígenas desaparecidos. Traz à tona também o que aconteceu após o salvamento, especialmente o dilema da perda do vínculo familiar com os parentes ainda vivos. Isso porque os irmãos foram encaminhados para um abrigo infantil administrado pelo governo colombiano, já que o companheiro de Magdalena e pai de Tien e Cristin foi acusado de abusar da enteada, Lesly.
Ao estilo jornalismo literário de Truman Capote, Gay Talese e Hunter S. Thompson, o autor constrói uma narrativa detalhada e instigante. Além de evidenciar o poder da sabedoria ancestral e a conexão dos povos originários com a natureza, retrata o contexto histórico e político da Colômbia e mergulha nas raízes de um dos episódios recentes mais emblemáticos do país.
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