Treoca de Ideia

Genilson Guajajara: o poder da imagem como Resistência

Genilson compôs a mesa redonda do evento do Dia Mundial da Fotografia. Na entrevista com o jornalista, Genilson destaca o seu primeiro livro indígena em fase de elaboração

Pedro Sobrinho / Jornalista

Atualizada em 20/08/2024 às 09h46
Genilson Guajajara no Plugado na Mirante FM
Genilson Guajajara no Plugado na Mirante FM (Lanna Luz)

O NUPPI – Núcleo de Pesquisa e Produção de Imagem comemorou o Dia Mundial da Fotografia com um evento no dia 16 de agosto, no Centro Cultural Vale Maranhão. Com o tema “Maramazônia: Imaginários da Amazônia Maranhense”, o evento busca ampliar os olhares sobre a região, bem como estimular a percepção sensível e a reflexão em torno das imagens, como forma de aprofundar o conhecimento sobre as expressões artísticas e a vivência coletiva nos territórios da Amazônia Legal.

O evento propôs um programa formativo em torno da temática da fotografia a partir da realização de uma mesa redonda com artistas, fotógrafos e pesquisadores da área, além de uma oficina e uma sessão de fotoprojeções, selecionadas a partir da convocatória “Compartilhantes Amazônidas”.

O projeto tomou como modelo uma iniciativa já realizada desde 2008 pelo Coletivo NUPPI em eventos de comemoração ao Dia Mundial da Fotografia, desta vez organizado com o apoio do Centro Cultural Vale Maranhão a partir do Edital Ocupa CCVM – Amazônia em Foco 2024.

Fotografia em roda de conversa

Foi realizada mesa redonda de forma presencial, no CCVM, no dia 16 de agosto, com o tema “Maramazônia – Imaginários da Amazônia Maranhense”, reuniu fotógrafos, artistas visuais e pesquisadores com o objetivo de compartilhar experiências sobre produzir imagens em meio aos diferentes contextos da região. A mesa foi composta por Camila Fialho, Pablo Monteiro e Genilson Guajajara.

Genilson Guajajara, 29 anos, nasceu, vive e trabalha na Aldeia Piçarra Preta, uma das comunidades que compõe a Terra Indígena Rio Pindaré, localizada no município de Bom Jardim – MA, situada a cerca de 30 km da cidade de Santa Inês e a 260 km da capital São Luís. O território sofre com os conflitos e impactos causados pela BR 316, pela Estrada de Ferro Carajás e também com invasões. Foi na fotografia que Genilson encontrou uma forma de lutar e de manter viva a memória do seu povo.

Como fotógrafo indígena e comunicador popular, formado em cinema indígena pela VNA (Vídeos nas Aldeias), registra os momentos ritualísticos da sua comunidade, contribuindo para a proteção do território, da cultura e dos ensinamentos ancestrais. Faz parte do Coletivo Pinga-pinga e da Agência Zagaia, iniciativas de comunicação popular. Ele conta que o forte do seu registro fotográfico está na ancestralidade.

“A forma que, dentro dos rituais, acontece essa energia, o que a gente não pode ver. Nem tudo que é mistério pode ser revelado, só sentido […]. Existe essa sensação, essa energia, esse contato das pessoas com outro mundo, o mundo espiritual. Então, quando existe essa conexão com esse universo espiritual, aí fica bonito, é bonito da forma que a gente entra dentro desse universo e como o corpo sente isso”.

Suas fotografias têm ganhado repercussão dentro e fora do Brasil e já foram utilizadas em veículos da Europa, como o Euro News e expostas em uma galeria em Londres. Genilson também foi indicado ao Prêmio Pipa 2021, um dos mais relevantes prêmios brasileiros de artes visuais. Ele explica que não busca repercussão enquanto fotógrafo, mas que a fotografia é uma forma de ampliar a voz das comunidades: “ a voz a comunidade já tem, a gente só precisa de alguém que possa levar essas falas para outros ambientes, então a fotografia é a forma que eu encontrei de fazer isso”. 

Em entrevista ao jornalista PEDRO SOBRINHO, Genilson conta um pouco sobre sua fotografia, a memória do povo Guajajara, o poder da imagem como ferramenta de resistência, além de destacar o seu livro de fotografia indígena em fase de elaboração.

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