Lô Borges vai e deixa o conjunto da obra cristalizada
O cantor e compositor mineiro morreu nesse domingo (2/11), em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais. Lô Borges é um dos criadores do movimento Clube da Esquina, ao lado de Milton Nascimento, Beto Guedes, Wagner Tiso, Márcio Borges, Toninho Horta.
Clube da Esquina, do qual Lô Borges faz parte, é um dos pilares da construção de uma obra muito sofisticada que marcou a música mundial. Faz parte da minha formação como jornalista, programador musical na Mirante FM, todos os códigos existentes na musicalidade deste movimento, que ouço desde a adolescência e que me inspira até hoje. E que tinha em Lô Borges a harmonia singular cristalizada no disco homônimo, Clube da Esquina, lançado em março de 1972, divisor de águas na história da música brasileira. Um álbum duplo (dos primeiros a sair no país) de sonoridade sofisticada e caráter sinfônico, no qual se mesclam influências que vão de uma brasilidade plural, de um cosmopolitismo sonoro que faz um passeio pelas raízes mineiras aos Beatles.
Chamado a comparar “Clube da Esquina” a outros discos emblemáticos que saíram naquele ano (como “Acabou Chorare”, dos Novos Baianos), (Transa, de Caetano Veloso), o jornalista e antropólogo Paulo Thiago de Mello, autor de um livro sobre o Clube da Esquina, afirma que Milton Nascimento e seus amigos, entre os quais, Lô Borges levaram “o interior para a beira do mar". “A revolução deles foi musical”.
Ah, não só eu, mas o Brasil, os amantes dessa música brejeira, bucólica e melancólica mineira, do Clube da Esquina, sentimos o impacto com a notícia da morte de Lô Borges. Ele partiu para o andar de cima, aos 73 anos, em momento de intensa criatividade. Além de cumprir a agenda de shows, o artista vinha gravando desde 2019 um álbum autoral por ano com músicas inéditas, sempre com um parceiro diferente. O último, Céu de giz, foi lançado em 22 de agosto com dez músicas assinadas em parceria com Zeca Baleiro, que também sentiu e comentou sobre a perda de um artista de quem foi fã e que o destino o fez parceiro musical.
Sexto de onze irmãos da musical família Borges (clã que gerou o excepcional letrista Marcio Borges, parceiro dos irmãos Lô, Telo e de Milton Nascimento em standards do repertório do Clube da Esquina), Lô soube combinar acordes em sequência que geravam belas harmonias.
"Lô Borges foi - e sempre será - uma das pessoas mais importantes da vida e obra de Milton Nascimento. Foram décadas e mais décadas de uma amizade e cumplicidade lindas, que resultaram em um dos álbuns mais reconhecidos da música no mundo: o Clube da Esquina.
Enfim, Lô Borges deixa um legado definitivo. É o cara que eu e o Brasil tivemos o privilégio de compartilhar sua nobre história, suas músicas, poesias, harmonias e inspiração.
A morte precoce de Lô foi uma triste notícia., mas sua chama segue acesa.
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