Silvia Poppovic: "Estou satisfeita com meu corpo porque ele é saudável"

Apresentadora fala sobre relação com o físico após bariátrica e trabalho: "Sobrevivo profissionalmente nas redes sociais, mas não fico deitada na cama fazendo foto de camisola"

Atualizada em 27/03/2022 às 10h56
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Silvia Poppovic, 66 anos de idade, falou sobre os desafios da maturidade ao conversa com a coach Ana Raia, especialista em desenvolvimento humano, durante uma live no Instagram. A apresentadora, que estreou na TV em 1975 como repórter do Jornal Hoje, na Globo, afirma que sua trajetória faz com que esteja sempre atenta a tomadas de decisões. "A mais recente foi a de não morrer profissionalmente", diz.

Com passagens ainda pela Record, Band, SBT, Cultura e Gazeta, Silvia tem uma trajetória de mais de 40 anos à frente das câmeras e com experiências diversas -- entre 1980 e 1982, chegou a ser apresentadora do Globo Rural. No entanto, a pandemia atingiu seu programa na Band, que acabou cortado da emissora. "Quando chegou a pandemia, eu e muitos profissionais da TV aberta fomos afastados. Acostumada que sou por anos com a infraestrutura da televisão, cabomen, figurinistas, maquiadores, câmeras, tive que apresentar do sofá de casa com um telefoninho na minha frente. Isso acabou não indo para frente e o programa acabou. Não deu certo."

NOVA FASE
"Sou comunicadora e queria continuar me comunicando. É um chamado de dentro. Eu me vi precisando saber o que eu ia ser? Blogueira, influencer -- odeio esse nome. Há 40 anos eu me comunico e como vou ficar nisso? Descobri que o mundo digital tem muitas possibilidades e decidi mergulhar de cabeça. Decidi falar de assuntos que gosto. Comecei a abrir armário, mostrar a louça, como é possível arrumar uma mesa… Trouxe um repertório que é meu. Sobrevivo profissionalmente nas redes sociais, mas não fico deitada na cama fazendo foto de camisola. Tive uma necessidade grande de me redescobrir."

VIDA APÓS OS 50
"Quando a gente vive uma sensação de frustração, pode vir uma melancolia. A melancolia pode nos paralisar. Há aquele discurso social de que uma mulher 50+ não dá mais. Dizem que ela é invisível, que não é mais atraente, que não pode mais assumir determinadas funções, nem usar determinadas roupas, nem que tem mais a mesma garra ou energia. Tudo isso são estereótipos e você pode acabar se aprisionando. A melancolia, muitas vezes, te paralisa para você entender aquilo que você realmente quer da vida. Tenho tido muita insônia. E aproveito esse período para fazer consultas internas, reflito sobre escolhas que fiz."

TEIMOSIA X COMPROMETIMENTO
“A teimosia é a palavra popular para o comprometimento. Na minha insônia, fico pensando no que quero para minha vida. Ainda não sei direito, mas sei de um aspecto: quero envelhecer com qualidade de vida. Tenho comprometimento comigo mesma. Não quero ficar me repetindo. Quero envelhecer com graça, quero ter tesão pelo novo, aprender. Não acho que tenha que dar conselho para os outros. Estou com 66 anos. Nunca escondi minha idade, mas sei que quanto mais você faz para você, mais plena você se sente e maior é a sua realização.”

FRACASSOS CONSTROEM
“Experimentar o novo inclui risco. É preciso ter humor porque você vai fazer uma, ou umas, burrada. Vai falar demais, falar de menos... E daí? Você tem que entender que está no palco da sua vida. É importante não se levar tão a sério. Os amigos, muitas vezes, são os primeiros a te sabotar: ‘Sério que você vai fazer isso?’. Nem sempre consegui tudo o que queria, fracassei. Não dá para ganhar todas as brigas em que você entra. Em cada fase da vida, você pode estar mais bem-sucedida em determinada área.”

OBESIDADE
“Durante muito tempo, a questão da obesidade não me incomodava. Tinha o colo bonito, então, mostrava o colo. Era a gordinha sexy. Depois, engordei mais e já não era mais tão sexy assim... São fases da vida. Mas nunca permiti que isso me sabotasse ou fosse um empecilho para mim. Sou muito vaidosa. Para fazer uma live, que é minha vida social hoje em dia, eu me arrumo, passo perfume (risos). Valorizo cada momento da vida. A gente não pode banalizar a vida. Gostava de esquiar na neve. Porém, uma vez caí e não conseguia mais levantar. Interpretei como um aviso da vida. Vi meu limite, fiquei com medo.”

BARIÁTRICA
“Quando quis emagrecer, fiz a bariátrica. Estou muito satisfeita com meu corpo porque ele é saudável. É ágil e tem saúde. Hoje, consigo cruzar a perna. Acho que demorei muito para fazer a bariátrica e hoje estou muito feliz. Não sinto mais dores no corpo. Não pense que fazer bariátrica é um passeio. Tem problemas também. Acho que demorei demais para ter coragem. Quando a bariátrica começou, ela era muito arriscada. Hoje, já é mais dominada pela ciência. Demorei a ter esse insight para a minha saúde.”

EM PAZ COM O FÍSICO
“Redescobri um prazer na relação com meu corpo. Entro em lojas, experimento roupas e elas cabem. Às vezes, as peças ficam largas e eu nem percebo. As vendedoras fama que sou P e eu respondo: 'Eu, P?'. Até o número de sapato diminuiu. Parecem bobeiras, mas são prazeres inenarráveis. Hoje em dia, fecho o tênis, amarro e dou lacinho. Quando você é gorducho, fica mais apertado e difícil. Acima de tudo, é um ganho para a saúde. Agora, faço os exames de sangue e está tudo impecável.”

TERAPIA
“Sempre tive boas psicanalistas e acreditei bastante no poder da análise. Também sempre entrevistei muita gente que falava sobre a importância de como viver melhor. Hoje se fala mais sobre o etarismo. É uma luta que todos têm que entrar, os jovens inclusive. Muitas você acaba se reprimindo. A repressão é muito ruim. É importante ter um olhar generoso com você. Meu pai fará 93 anos e está muito bem.”

MATERNIDADE
“Fui mães aos 45 anos. Queria muito viver isso. Quando decidi isso, fui atrás. Estava em um ótimo momento profissional e, de repente, percebi que minha vida não era só o trabalho. Queria ter uma família. Busquei o melhor médico, fiz o tratamento e engravidei. Foi uma decisão consciente.”

SUPERAÇÃO
“Mesmo vivendo momentos dificílimos, tenho um espírito de sobrevivência dentro de mim. Durante muitos anos, fui infeliz no amor e aguentei isso durante muito tempo. Se você não sofrer e não entrar em contato com a dor, também faz afetar o seu amadurecimento.”

AMADURECIMENTO
“Quando eu era mais jovem, entrava em todas as brigas. Hoje, escolho as brigas em que quero entrar. Assim, preservo minha energia. Sinto que sou mais sábia nesse sentido. Inclusive, com o marido. Não vou brigar por tudo. A passagem do tempo faz você escolher melhor as brigas que você entra. É importante reavaliar os objetivos. Levei muito a sério a pandemia. Sei a gravidade disso. Tem muita gente brincando com o fogo.”

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