''Eternos'': com 1ª heroína surda e 1º herói gay, Marvel traz mais diversidade a seu universo
Filme da ganhadora do Oscar Chloé Zhao mostra um lado mais divertido da diretora, diz Kumail Nanjiani. Para Lauren Ridloff, novos personagens devem ser encarados com naturalidade.
Ao anunciar Chloé Zhao como diretora de "Eternos", a Marvel já sinalizava que tinha planos um pouco diferentes para o filme com alguns de seus heróis menos conhecidos.
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Afinal, ela ainda nem tinha ganhado seu Oscar, o que a torna a primeira vencedora de uma estatueta da Academia a comandar uma produção do estúdio, mas já era conhecida por pequenos projetos independentes com não-atores e olhares profundos sobre relações humanas – como "Domando o destino" (2017) e "Nomadland" (2020).
Quando a 26ª aventura do universo cinematográfico da Marvel (MCU, na sigla em inglês) estrear nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (4), o público vai encontrar um lado mais descontraído da cineasta.
"Ela é obviamente muito esperta, muito filosófica, e os outros filmes dela são muito realistas. O que você não percebe é que ela tem uma certa jovialidade, de uma maneira ótima", conta o ator Kumail Nanjiani ("Silicon Valley"), um dos dez heróis apresentados em "Eternos".
Junto de Lauren Ridloff ("The Walking Dead"), atriz com deficiência auditiva que dá vida à primeira heroína surda da Marvel nos cinemas, ele falou em entrevista ao g1 sobre as escolha da diretora e a diversidade do elenco. Assista ao vídeo acima.
"Ela tem muita energia. É muito divertida e engraçada. Foi legal ver, meio que pela primeira vez, ela trazer também essa parte de sua personalidade a um filme."
Deuses diversificados
Os "Eternos" do título são seres imortais enviados à Terra há milhares de anos por entidades quase divinas com uma missão simples.
Aqui, enquanto ajudam a humanidade a evoluir, devem proteger o planeta e seus habitantes de uma raça cósmica de predadores letais.
Saiba mais: Quem são os Eternos? Conheça história dos quadrinhos e dos personagens
Com dez heróis entre o time principal, que conta também com nomes de peso como Angelina Jolie ("Malévola") e Salma Hayek ("Frida"), o filme também tem a oportunidade de trazer um pouco diversidade ao MCU.
Além da velocista Makkari – um homem com audição nos quadrinhos – vivida por Ridloff, "Eternos" traz o primeiro herói gay da editora nos cinemas, interpretado por Bryan Tyree Henry ("Atlanta"), e troca gêneros e etnias de outros personagens.
"Espero que as pessoas realmente percebam como algo natural. Assim como há um herói LGBTQ, há uma heroína surda. É algo muito diverso", diz a atriz de 43 anos.
Apesar de começar a carreira apenas em 2017, a americana já conta com uma indicação ao prêmio Tony de melhor atuação, pela peça "Children of a lesser god", além da participação na série "The Walking Dead".
No filme indicado ao Oscar "O som do silêncio" (2020), ela usou sua experiência dando aulas em uma escola pública de Nova York para interpretar uma professora que ajuda o protagonista com a linguagem de sinais.
Ao dar vida a uma heroína que se comunica sem a voz com os companheiros, ela espera normalizar não apenas personagens do tipo, mas a acessibilidade para pessoas surdas.
"Realmente espero que as pessoas vejam que legendas são normais. Que são algo bom. Você pode adicioná-las aos filmes e podemos ter legendas para todos. Elas não são apenas para quem não pode ouvir."
Realismo fantástico
Mesmo habitado por criaturas espaciais, o roteiro escrito por Zhao com outros três estreantes no MCU tem foco declaradamente bem terrestre.
"É um filme sobre a beleza da Terra, certo? Então a Chloé tomou a decisão de gravar muito pouco com tela verde ou azul", diz Nanjiani.
O realismo da diretora também motivou o paquistanês de 43 anos a uma mudança radical. Em 2019, o ator conhecido pelo físico franzino que apresentou nas seis temporadas da comédia "Silicon Valley", surpreendeu o público ao mostrar seus novos músculos.
Tudo isso para interpretar Kingo, um Eterno vaidoso e apaixonado pela humanidade que se torna um dos maiores astros da indústria cinematográfica indiana, Bollywood.
"Estamos todos lá. Se parece que estamos à beira de um precipício, estamos à beira de um precipício."
A escolha por filmar grande parte da produção em locações reais, ao invés de estúdios fechados com ajuda de computação gráfica, resultou nas belas tomadas de paisagens que marcam o estilo da cineasta chinesa. Mas tudo tem seu preço.
"A gente ensaiava, ensaiava, ensaiava e então tínhamos 40 minutos para conseguir a cena."
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