Leitura

Ex-delegado publica ficção sobre os bastidores da Polícia Civil

Anos de atuação em instituições de São Paulo inspiraram romance do juiz André Norcia sobre as lacunas do sistema policial no país.

Evandro Júnior / Na Mira

Capa do livro
Capa do livro (Foto: Divulgação)

A Constituição Brasileira prevê tratamento igualitário a todas as pessoas no que se refere aos direitos e deveres como cidadão. Mas o Delegado Rodrigo, que dá título ao romance de André Norcia, sabe que a realidade não é bem assim. Em uma delegacia de São Paulo, o protagonista desta trama de ficção é um delegado honesto que enfrenta desafios e dilemas éticos em meio à corrupção e à desigualdade no trato da segurança pública.

Fãs de Tropa de Elite vão notar semelhanças do clássico com a leitura: assim como o filme acompanha a história do Capitão Nascimento na Polícia Militar, este livro narra a trajetória de Rodrigo, desde os anos de estudo para passar no concurso até a posse como delegado na Polícia Civil. Ao longo desse percurso, o personagem passa por situações que escancaram as camadas invisíveis de poder dentro da instituição, em que ações e decisões são influenciadas por interesses pessoais e políticos — como os apadrinhamentos de pessoas privilegiadas da sociedade, em contraposição às classes sociais vulneráveis.

Por isso costumo dizer que é menos grave um delegado assaltar um banco do que ganhar dinheiro para deixar de prender alguém. O roubo é identificável, é um crime praticado por qualquer pessoa. Já a venda de poder, não. É grave, problemática, atinge o próprio Estado, que não pode se defender de seus agentes. [...] A sociedade que se alimenta da corrupção é a maior vítima dela. (Delegado Rodrigo, p. 136)

Apesar do caráter ficcional, o enredo é inspirado em eventos que André Norcia soube e presenciou quando trabalhava em delegacias do interior e da capital paulista. Por 12 anos, o autor também foi delegado e precisou driblar rivalidades internas e outras mazelas na rotina da corporação. Ele retrata tudo isso neste suspense nacional, que tem uma linguagem simples e acessível a todos os públicos.

Com uma pitada de mistério combinada à verdade nua e crua por trás do viés ideológico que governa as instituições, o escritor convida a refletir sobre os limites entre o bem e o mal, o certo e o errado. Mais do que isso, quebra estereótipos ao revelar tanto as falhas quanto as virtudes da Polícia Civil, humanizando a profissão. Por meio da jornada do herói, ele reforça que ainda existem muitos Delegados Rodrigos por aí. Ou seja, profissionais dispostos a desafiar atos corruptos para manter a justiça em primeiro lugar.

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