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COLUNA
Sexo com Nexo
Sexo com Nexo por Mônica Moura, sexologia clínica e Educação sexual.
Sexo com Nexo

Fogacho, frango congelado e armários organizados. Mas não é climatério!

Confira a coluna desta semana da sexóloga e educadora sexual Mônica Moura.

Mônica Moura/ Sexologia clínica e Educação sexual

Mônica Moura/ Sexologia clínica e Educação sexual
Mônica Moura/ Sexologia clínica e Educação sexual (Divulgação)

Eu atendi outro dia a Fabiana, 43 anos. Chegou no consultório com um desabafo carregado de irritação. “Doutora, eu juro que estou ficando doida! Não pode ser menopausa. Ainda menstruo certinho todo mês!”, falou, meio revoltada, enquanto abanava um leque daqueles de papel. Pois é. A cena já começou assim.

Fabiana me contou que está tendo umas "ondas de calor" tão intensas que já queimou mais calorias suando nesse contexto do que lá na academia. “Sério, doutora, outro dia, tava no supermercado, pegando um frango congelado, e de repente começou! Juro que fiquei tão quente que poderia descongelar aquele frango só me encostando nele! Achei estranho dessa vez porque antes só acontecia enquanto eu dormia".

Ela riu, mas logo emendou: “Mas nem vem com essa de climatério, tá?! A minha menstruação ainda tá aí, firme e forte! Aliás, ela faz questão de me visitar todo mês. E a danada vem com tanta intensidade que eu até acho que ela tá revoltada comigo!”. Tentei ser plena, mas eu não segurei o riso, porque, sinceramente, o jeito que ela descrevia o ciclo era engraçado.

E continuou: “Agora, vem essa insônia... Doutora, eu não durmo mais! Teve uma semana que passei a noite inteira reorganizando meu armário! E, sinceramente, nem tinha muita coisa fora do lugar. Acho que quando eu acabo de mexer nas roupas, levanto no dia seguinte e bagunço tudo só pra ter o que fazer na noite seguinte. Tô um zumbi!”

A conversa fluiu mais um pouco até ela desabafar a queixa sexual: “Doutora... o negócio lá embaixo não colabora mais! Siririco que nem uma britadeira na cama, e o gozo não vem! Aí o marido pergunta o que está acontecendo, e eu inventei uma dor nas costas... só que nem dor eu sinto, é preguiça mesmo de explicar!” - Fabiana fez a careta de quem sabe que tá fugindo do problema.

Eu insisti que ela voltasse na sua ginecologista, mas bem decidida, respondeu: “Climatério? EU? Imagina! Isso é coisa de mulher mais velha, né? Eu estou ótima! Deve ser só o estresse... de ter que descongelar frango com o corpo, de reorganizar armário de madrugada, essas coisas. Nada a ver com essa história de climatério.”

Depois de tudo, ainda saiu do consultório me prometendo que ia “tentar” marcar uma consulta com ela, mas no fundo eu sabia que Fabiana ainda estava numa fase de negação completa. A menstruação era a única coisa segura que a afastava do diagnóstico real - bom, pelo menos na cabeça dela.

Finalizei essa consulta com a certeza de que ela voltaria na próxima semana, mas já me preparei pra próxima desculpa criativa que ela vai usar para evitar enfrentar o fato de que o climatério chegou, mesmo que a menstruação insista em aparecer.


 


 

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